segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Da cor de pedra


Vi na alma de Madiba, o mesmo que na pedra de João.
Essa coisa concreta e impenetrável de guiar o espirito
e tomar-nos o viver. Poderia mover-me de inércia,
mas foi sem espanto que me vi escorregar para o seu interior.
Aprendi a importância de guardar a infância e saber do direito a usar
a palavra – Imprevisível - seria acordar em Robben Island,
possivelmente assente na ideia de meus pés na tua prisão.
Orla invicta de algarismo quarenta e seis...

Na noite em que me perdi a contar-te,
capturei a matriz do tempo possível e enojei-me dessa cápsula.
Vali-me de celebração, acordei corpo sem desordem e vi:
Que um dia afastaram o teu concentrado, latentizando a humanidade.
Quantas vezes choveu na terra desde seis e quatro?
Agito a vida, para nunca mais sair desta pedra
“Aprender a frequenta-la” como tu João;
Lapidar os vestígios de erosão e saber, por isso,
do mundo inteiro encarcerado.

Preta pedra prior, os tempos entendem o teu inicio
Ergues-nos da tua janela e vejo retirar-se dela o teu poema invicto,
leia-se: um homem negro e sua sombra branca, não tão longe dos tempos
em que os outros continuavam no mundo que tu enfrentavas,
ou como quando disseste: «vou prisioneiro, mas deixo-vos cá meu espirito,
minha alma viva, mesmo que ocultem vossa consciência sobre o meu lugar».
Também não evito o sobrevoar do poema sobre a cartilha óbvia:
Platão “incompletou-se” sobre os homens

Não há só os vivos, os mortos e os que andam no mar.
Há também os que guardam a terra e nada os desvanece,
os que guardam a pele do sul e nada os interrompe.
Por isso digo: esta pedra nunca morre!
E sei dela, agora, agregada à minha natureza
tipo seriguilha - dissuasiva de qualquer inverno.
Que dinâmica coreográfica é esta em que me vês dançar-te?
Talvez a lei de Ubuntu me ajude a perceber que descendes,
sangue que espreita por de trás de um horizonte colectivo.

Meu presidente, meu camarada!
quando avisto outros homens desta pedra,
vejo almas secas como matrioscas. Revela-se sempre, das formas,
a mais pequena. Mesmo sabendo dos quase meus anos de vida,
pudesse eu e depositaria teu embrião no mundo, porque já sabemos todos:
Se vê na alma de Madiba, o mesmo que na pedra de João.
A que tem na sua composição, o mineral que entoa humanidade.
Quero ficar criança no seu interior. Esta é a casa dos heróis!

Rodrigo Camelo, 12 de Fevereiro 2010

3 comentários:

flávia disse...

Tá sumido, amigo.

VELOSO disse...

Parabens pelo blog acima da média meu amigo!

Anónimo disse...

Il semble que vous soyez un expert dans ce domaine, vos remarques sont tres interessantes, merci.

- Daniel