sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Voas, numa cidade qualquer...

Anjo triangular, que guias!
O Aparelho em que voas,
Num vento forte, que assobias,
Vem disfarçado de armas boas.

Batalha nessa guitarra,
Sábio, o risco de te ganhar,
No fantástico som de farra
Nesse rio-voz, de teu lar.

A tua inocência é viúva
Perdeu o elo da Fanga.
Vós, a eterna miúda
Com beijos escondidos na manga.

Na outra margem, te avisto
De onde os ruídos são manifesto
As causas de tudo isto
De um ser gente – imodesto.

De segunda, a qualquer madrugada,
Espero por ti sem saudade
Porque a ânsia é sempre cruzada,
Como a rima em vão – puberdade.

Aconteceu-me em Sevilha,
Pisar desse céu mergulhado,
Onde assinaste a cartilha,
Um perpétuo fio trilhado.

Conheço-te, enfim, Buenos Aires,
Lugar do teu começo.
Avisto-te, de três andaimes
E compro-te, livre de apreço.

Meu povo de humor quente,
Vens para sempre educado
E eu por mais que tente
Não tenho em mim um soldado

Que lute por ti de dia
E cuspa teu sangue, mais à noite.
Que tem nessa Barcelona, a via
De um ser anjo que a afoite.

Por: Tiago Pereira da Silva

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

SherYl Crow - Dyer Maker

Uma versão da música dos Zeppelin...Quando ela ainda tinha piada.

domingo, 25 de novembro de 2007

We are the world

Vale a pena recordar.. não a música,lol... mas a voz do Boss e sobretudo, de Stevie Wonder, num dos melhores exemplos, do que ele fazia com a voz. Arreepianteee.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Teu Riso!

Riso Teu…

Arrombas as faces,
Quando nem sabes
Que fazes, meu coração
Sussurrar:
“Não deverias, nunca, parar
De sorrir!”

Porque é de todos, o mais
Espontâneo.
Porque é de todos,
O que faz do mais - pouco…
Quando te considero.

Preciso dizer-te
A verdade.
…De te dizer, aliás,
Que sorris a
Minha vontade.

Desenhas teu rosto,
De um lugar que percorri,
De lábios que feri
Com um vulgar desgosto…

Sou cruel até para mim.
Não vejo desse ser,
Esse mesmo fim,
De Um iluminado ver.

Quero embriagar esse riso
Pela manhã eterna da vida.
Quero sempre dessa bebida,
Para subir mais um piso.

Já foste cantada…
Teu riso foi até escrito,
Antes de nascer,
Por todos os poetas descritos.

Que não ousaram,
Como eu, cantar-te…
Que não puderam…
Como eu, amar-te.

És somente para mim!
És loucura de ti
Eu, escravo do teu jardim,
Dessa flor presa por ti.


Rodrigo Camelo

Chico Buarque - Morena de Angola - Carioca

sábado, 17 de novembro de 2007

Grandes Águas (1542)


(…) Não é fácil explicar, pelo menos para mim, a sensação de se estar num lugar, que estou em crer, é único no mundo. Ainda para mais, quando o que vamos escrever é, apenas e só, a recordação de um sentimento presente, mas por preencher. Como explicar? - Talvez se imaginarem um recipiente vazio, possam ter uma ideia do que aqui, de forma tão pouco cuidada tento transmitir. Os contornos desse recipiente, foram marcados pela presença no local e pela sensação única de nascer algo de novo em nós, (já dizia Damásio que a emoção nos conduz ao sentimento e não o contrário). Assim, olho para esse sentimento como o recipiente que perdeu toda a carga emotiva, que carece urgentemente de ser revisitada de quando em vez, para se encher um pouquinho, só. Mas a verdade, é que só no exacto momento do deslumbramento físico, metafísico e emocional, é que encontrei o tal recipiente do sentimento e tão bem guardado dentro mim - cheio. Sobre isso, o tal lugar único para mim, falar-vos-ei mais tarde.(…)

1542

Estava prestes a saltar!
E tu,
A fazer o mesmo…

Reuniste todos os pássaros,
Duas, sete ou cinco - quedas
E enfeitiçaste-me,
Em mil léguas.

Eu sou Nuñez,
O Alvar que te vê,
Virgem e
Jura amar.

Adoptámos teus filhos
Em verde lar.
Nesse eterno breu,
De um rio mar.

Rio - meu,
Desci em tuas termas,
De um Paranaense
Azul sem bermas.

E Ennioiço…

A música circula,
Sempre pelo ar.
Vem dessa falha,
Que a geologia sobe isolar.

Ao rubro dos tambores
Guaranis suave,
Celebramos a união
Da eterna ave.

Pareces desconfiar
De meu sangue.
Que da miséria diária,
Fez de um vulgo, mangue.

Arquitecto da vida,
Que me deste a provar,
Da garganta de um
Diabo a degolar.

Grandes águas,
De um perturbar
Vens do ventre mãe,
Desse Iguazú - olhar.

Um Recipiente chega.
Cinco Contornos vezes,
Quatro líquidos e
Dois meses.

Duas mil partes,
De mim,
Caminham em ti,
Todas as noites.

As outras quatro,
Asseguram voltar.


Por: Tiago Pereira da Silva

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Carta a Francisco Buarque de Hollanda


Nesse caldeirão
De porção mágica,
Mergulhou – Chico,
Ainda menino.
Reinventou tudo!
Palavras emprestadas,
De seu Tio.

Porque desse poço
Bebeu ele, um dia…
Recebendo o poder
Da insígnia, Indefinidamente.
Aurélio, vê-te nele
Obélix,
Como um Druida Panoramix!

Vamos dar a todos
De beber um dia.
A ti meu povo,
O do último grau
Do abandono.
Que vives ao sul
E ao relento…

Porque esse hemisfério
Do norte, que
Para ti - te cospe,
E despreza o esterco,
Com que te lavas,
Sabe da denúncia
E intenção.

Dessas raízes submersas,
Que um pai te
Levou a cantar –
Esses seres alienados
Que choram com
A fímbria da morte
A preparar.

Precisamos todos
Que ele nos cante…
Precisamos todos
De um dia fixo
Para te tornar,
Meu povo,
Um amparo - Ideafix.

Rodrigo Camelo

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Give Peace A Chance - John Lennon

Para a minha amiga Clara!



PS - Só te peço desculpa por uma coisa...É que as novas tecnologias ainda não dão para tirar a Yoko do Vídeo.

The Beatles - I'm Down

Os Beatles em 1965 davam um passo gigantesco, ao tornarem-se a primeira banda do planeta a darem um concerto num estádio de futebol (americano) - 55 mil espectadores.
Percebe-se que as condições eram absolutamente inacreditáveis, quando comparadas com os dias de hoje.
Mas o que acho especial neste concerto e aqui em particular, é que Lennon e Harrison protagonizam um dos momentos mais cómicos de sempre num concerto. Na parte final já nenhum dos dois conseguia cantar de tanto rir... Lennon chega mesmo a tocar piano com os cotovelos. Inacreditável.

Bob Dylan - Tangled up in Blue

Early one mornin' the sun was shinin',
I was layin' in bed
Wond'rin' if she'd changed at all
If her hair was still red.
Her folks they said our lives together
Sure was gonna be rough
They never did like Mama's homemade dress
Papa's bankbook wasn't big enough.
And I was standin' on the side of the road
Rain fallin' on my shoes
Heading out for the East Coast
Lord knows I've paid some dues gettin' through,
Tangled up in blue.

She was married when we first met
Soon to be divorced
I helped her out of a jam, I guess,
But I used a little too much force.
We drove that car as far as we could
Abandoned it out West
Split up on a dark sad night
Both agreeing it was best.
She turned around to look at me
As I was walkin' away
I heard her say over my shoulder,
"We'll meet again someday on the avenue,"
Tangled up in blue.

I had a job in the great north woods
Working as a cook for a spell
But I never did like it all that much
And one day the ax just fell.
So I drifted down to New Orleans
Where I happened to be employed
Workin' for a while on a fishin' boat
Right outside of Delacroix.
But all the while I was alone
The past was close behind,
I seen a lot of women
But she never escaped my mind, and I just grew
Tangled up in blue.

She was workin' in a topless place
And I stopped in for a beer,
I just kept lookin' at the side of her face
In the spotlight so clear.
And later on as the crowd thinned out
I's just about to do the same,
She was standing there in back of my chair
Said to me, "Don't I know your name?"
I muttered somethin' underneath my breath,
She studied the lines on my face.
I must admit I felt a little uneasy
When she bent down to tie the laces of my shoe,
Tangled up in blue.

She lit a burner on the stove and offered me a pipe
"I thought you'd never say hello," she said
"You look like the silent type."
Then she opened up a book of poems
And handed it to me
Written by an Italian poet
From the thirteenth century.
And every one of them words rang true
And glowed like burnin' coal
Pourin' off of every page
Like it was written in my soul from me to you,
Tangled up in blue.

I lived with them on Montague Street
In a basement down the stairs,
There was music in the cafes at night
And revolution in the air.
Then he started into dealing with slaves
And something inside of him died.
She had to sell everything she owned
And froze up inside.
And when finally the bottom fell out
I became withdrawn,
The only thing I knew how to do
Was to keep on keepin' on like a bird that flew,
Tangled up in blue.

So now I'm goin' back again,
I got to get to her somehow.
All the people we used to know
They're an illusion to me now.
Some are mathematicians
Some are carpenter's wives.
Don't know how it all got started,
I don't know what they're doin' with their lives.
But me, I'm still on the road
Headin' for another joint
We always did feel the same,
We just saw it from a different point of view,
Tangled up in blue.



1974 Ram's Horn Music

Dê por onde dê, vou sempre dar a ele...

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Escolha da Semana: Seu Jorge - América do Norte

Nova música, deste extraordinário músico brasileiro.
Não sei exactamente, quando ela é rock, quando é samba ou Funky?
Seu Jorge, é para mim, o grande representante da sua geração no Brasil. Multifacetado musicalmente, acontece que este senhor tem também um timbre de voz invulgar. Belo Claro.
A mais completa tradução da música vinda do interior dos morros no séc. XXI.
Não por sua melodia, ou letra... mas pelo que representa no panorama da música actual. Soa certamente como pop-contemporaneo. Feita com o seu estilo característico de misturar um samba, em rock. A sua voz rouca, chega a ser comovente, no canto de uma letra simples, mas tremendamente eficaz.

Quem já a ouviu, certamente ainda recupera do choque.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Seu Jorge - Carolina

Hoje é dia de Seu Jorge, no Coliseu dos Recreios - Lisboa.
Um dos grandes artistas brasileiros contemporaneos... O negro do negro

domingo, 11 de novembro de 2007

Para acalmar o coração! II Parte

Por: Tiago Pereira da Silva

Ontem, pela primeira vez em anos, senti novamente, a incrível vontade de ser professor. Dar uma aula a crianças desfavorecidas, muitas delas com contornos e trajectórias de vida que jamais poderei vivenciar, ou entender, fazem-nos sentir, mais humanos outra vez. O desapego às necessidades materiais, muitas vezes confundido com imprescindível, levanta questões, necessariamente inconvenientes. Mas já lá vamos.

A corrosiva urgência de afectos, por parte destas crianças, levou-me a relembrar o Brasil e na comovente e extraordinária experiência de privar com crianças das favelas. Cujo o apoio, das chamadas Vilas Olímpicas (responsáveis pela inserção social através do desporto), é muitas vezes, a única oportunidade de vida, ou pelo menos de fugir ao mundo do tráfico.
As crianças que ontem me contaram, inadvertida e sabiamente, que ser solidário, não têm nada que ver com caridade, são uma das mais imediatas e importantes recordações, de uma ainda curta vida, no ensino.

Acalmar o coração de uma criança destas, faz-nos também sentir que, poderíamos todos viver num mundo muito melhor, menos centrado na individualidade, na competição desigual e por isso mesmo, que contribui - forçosamente para elevar ainda mais, as assimetrias sociais. “Perguntemo-nos apenas”: Precisamos mesmo do telemóvel, do MP3, do IPod, etc.” Ou não precisamos todos, urgentemente, de sermos mais felizes? Parece-me a mim, que as imprescindíveis-necessidades materiais, jamais nos levarão a esse fim, que afinal todos perseguimos. Essa é, talvez, a mais transversal procura, de todos os seres humanos.

Contribuir – 0,00000000001% – para tornar uma criança desfavorecida, mais feliz, não é caridade, nem solidariedade, é um dever cívico, uma obrigação moral. Não estamos a fazer nada de mais. Nem nos devemos orgulhar, como se estivéssemos a fazer algo de extraordinário, porque no fundo, não estamos. E é aí, a maior parte das vezes, que reside o problema, de quem ajuda. Parece que procura, um estatuto qualquer. Vou chamar-lhe: imunidade social. Como se depois disso, um individuo, tivesse direito e, portanto, isenção para todas as outras vergonhas produzidas. Por isso, desconfio sempre, de grandes celebridades em projectos de intervenção social, ajudando crianças, aqui e ali. É evidente, e, dir-me-ão vocês, que nem todos serão, farinha do mesmo saco. Certamente que não. Mas importa, colocar à reflexão:
- Não continuarão os que ajudam despretensiosamente, assustadoramente, o seu trabalho (muitas vezes inglório) no silencioso mundo do anonimato?

Música: "Vilarejo" - Marisa Monte

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

marisa monte - diariamente

José Sócrares e Cavaco Silva: Almas gémeas

Quisesse deus, que José Sócrates encontrasse em Cavaco Silva, a sua alma gémea. E encontrou mesmo.
Aqueles senhores estão de acordo em tudo! Até parecem da mesma família politica.
De facto os tempos não estão para brincadeiras e antes de prosseguir, queria interpelar o Sr. Primeiro-ministro de Portugal, com a seguinte questão:
- Sr. Primeiro-ministro, já viu o novo filme de Michael Moore – “Sicko”?
Se não viu, não lhe fazia mal nenhum ver. É que por exemplo na parte Francesa, digamos assim e para nos situarmos, confrontar-se-á com uma realidade, que por mais que lhe custe, é por demais evidente. A produtividade de um país, não necessita de sacrifícios, nem cortes nas “regalias”, aos suspeitos do costume. É até interessante perceber, que para José Sócrates a palavra regalia, ganha um novo significado. Os cortes nas férias, nos feriados, etc. Não podem ser e nunca serão, a justificação para os baixos índices de produtividade de uma nação. Se não veja o exemplo Francês, quando comparado com o Norte-americano.

O apoio do estado à maternidade. Os incentivos, do mesmo, a funcionários públicos com atestado médico. Tudo isto tem estado, também em Portugal, na ordem do dia.
De facto, e, temos que admitir, pela primeira vez em anos, temos um Primeiro-ministro com ideias concretas, com um perfil e uma estratégia de liderança firmes, bem como um rumo para Portugal. Agora, é exactamente aqui, que reside o problema. José Sócrates, não só é teimoso e obstinado, como perigo, oferecendo, este estilo autocrático de “democracia”, à procura de um rumo, diria eu, extremamente arriscado e em algumas matérias, irreversível. Este pensamento, pseudo-modernista, pró-europeísta de José Sócrates, para mim, confunde-se com uma velha máxima, de grande parte dos ditadores da América-latina: Ordem para o povo e progresso para a burguesia. É que ser ambicioso é uma coisa, ter ideias erradas, desconhecedoras da realidade profunda de um país, é outra, completamente diferente. Ás vezes a ouvir José Sócrates e Cavaco Silva, interrogo-me: “Mas estes senhores, são lideres políticos de que país?”

A imprensa, nas suas múltiplas vertentes, também tem feito a sua parte. Ora, o trabalho de um jornalista tem hoje, um peso, muito semelhante a de uma figura do estado, um politico, dirigente partidário, etc. As pessoas ligam a TV, ouvem as noticias (umas mais indisfarçavelmente manipuladas do que outras) e tomam-nas como - verdade. O sentido crítico das pessoas, está diluído a uma sociedade rápida e de consumo. Quanto mais rápida a pessoa for informada, melhor. O sistema montou um circo, que favorece a ideia, oculta, de que não é necessário muito trabalho intelectual ou questionamento da veracidade e isenção jornalística. Aliás, alguns órgãos de comunicação social, já nem se dão ao trabalho de disfarçar. Parecem uma versão diária, bem ao estilo de Marcelo Rebelo de Sousa, de fazer jornalismo. Fazê-lo idoneamente, dizem eles!

Cito a SIC, porque tem no seu director de informação, Ricardo Costa – o rosto, do não disfarce. No dia da realização, da Cimeira de Lisboa, Ricardo Costa, em directo no jornal da tarde, fazia ver ás pessoas lá em casa, a propósito da Manifestação da CGTP, marcada para a mesma hora da cimeira e que acabariam por estar, “apenas” 200 mil pessoas…Mas dizia ele, para os telespectadores lá em casa, que pensassem duas vezes antes de irem para a manifestação, porque nenhuma central sindical europeia se tinha aliado, ao protesto da CGTP. A resposta e mobilização das pessoas, nessa tarde fizeram-me crer outra vez, nas palavras celebrizadas na voz de Zeca: O Povo é, quem mais ordena!

Continua…

A balança das Cores


Clareia os olhos
Seu poeta duende!
Doente dos efeitos
Drásticos da escrita,
Com os olhos cheios
De cones e bastonetes.
Aliás,
Olhos de um cão
Que vê, branco e preto,
Que não enxerga tudo
Preto no branco.
Eu sou esse,
O poeta
Que não sabe escrever.
O amante
Que não aprendeu amar.

Fez-se homem.
Alguém que diz
O que não sente.
Atenção a todos!
Não sei quando volta
Esse diz que diz
Que não diz…
Espreita agora aí,
Abre a porta
Da imensa ravina.
Vai com fé
E não desatina.
Que não sobram
De teus olhos,
As células vivas
Da testemunha, cor.


Rodrigo Camelo