quinta-feira, 31 de maio de 2007

Before the music dies... I Parte

"Music can save people, but it can not in the comercial
way it´s being used. It´s just too much. It´s pollution."

Bob Dylan

"All a musician do is get closer to the sources of nature,
and so feel that he is in communion with the natural laws."

John Coltrane

Final da I Parte.

domingo, 27 de maio de 2007

Dave Matthews Band - Quem ?

Por: Tiago Pereira da Silva

Nós, os que tivemos presentes, mudámos todos, um bocadinho…

Nada

No palco, não havia nada, nem nenhum elemento da Dave Matthews Band que não espelhasse a mais que perfeita emoção da plateia. Nada que pudesse prever!
Mas a determinada altura da noite… nada que pudesse alterar o sentido daquele acontecimento. Não que o público não conhecesse, o vastíssimo leque de surpreendentes artimanhas musicais de Dave Matthews e seus pares, mas até este se mostrou atónito, com uma recepção tão eufórica, de um público que em nada desiludiu e em tudo superou os mais cépticos à partida. Confesso que fui um deles.

O extensíssimo vazio na parte norte das bancadas com a primeira entrada de Dave Matthews em palco, para apresentar Nightwatchman nome artístico do ex-guitarrista dos Rage Against the Machine, fazia antever uma recepção vergonhosa (em termos de numero) para aquela que é, muito provavelmente, uma das maiores bandas ao vivo da actualidade e considerando vários géneros musicais. Porque se existe uma banda que verdadeiramente poderá se designar: banda de palco, esse honroso título pertencer-lhes-á sem muita cerimónia. É que é de facto ali, o seu terreno privilegiado de criação.
Como os Beatles precisavam do estúdio, a Dave Matthews Band precisa do palco. E perdoem-me mais esta analogia. Ali, dão lugar ao seu mais que criativo legado de solos e improvisos “quase preparados”, em que cada músico parece desafiar os colegas, para além da enorme incitação ao auto-desafio. A alegria, atrevimento, cumplicidade transborda nos olhares sagrados, que vão-se revelando ao longo de mais de 3 horas de concerto, de uns para os outros, e, dos elementos da banda para o público. Aliás, a forma de estar em palco de Dave Matthews como Frontman é, acredito eu, sem precedentes. Ele não é igual a ninguém, e dos muitos heróis do rock que o inspiraram a ser músico, não vejo parecenças com nenhum deles… qualquer coisa de Cash, de Dylan, de Lennon no auto-humor instalado.. Mas, o que estou eu para aqui a dizer?
Dave Matthews é irresistível em palco, ninguém lhe é indiferente e a sua inteligência e simplicidade transborda e transbordou num apogeu a solo chamado “Sister” canção de homenagem a sua irmã assassinada em Joanesburgo – África do Sul.
Ouvi naquele concerto, algumas das melhores versões de algumas musicas da Dave Matthews Band. E isto é dizer muito. “Jimi Thing” nunca foi tão arrebatadoramente alegre.
A banda deliciou os fãs do primeiro ao último minuto do 2º encore. Como os grandes heróis do passado, tratou-se de um concerto extenso, mas não de mais, tipo “old fashion way”. E a raríssima presença de 2 encores da banda, durante as digressões da mesma pelos EUA transmite um pouco a ideia da emoção e impressão com que os elementos da Dave Matthews Band saíram do nosso país.

Ignorados à Partida...

Não vi um único cartaz a publicitar a banda nos meses que antecederam o concerto. Se quiser ser muito rigoroso e, não sendo um muito atento ouvinte de rádio, não me lembro de ouvir uma única música da Dave Matthews Band passar na rádio, excepção feita a “The Space Between” de que confesso também, não ser um especial fã. Não vi, nem ouvi no dia seguinte ao concerto, nas televisões, qualquer referência ao mesmo. Só li a crítica, diga-se em tom de partida - muito bem elaborada, da jornalista do público, que transcrevi na íntegra para os “fieis” seguidores deste blog.
Bom! e não é que não tenha tentado procurar. Se quiserem ter uma ideia de onde estou a querer chegar, vou estabelecer esta comparação inevitável: O destaque dado à imprensa à cantora Beyoncé que curiosamente tocou, também ela no Pavilhão Atlântico um dia antes da Dave Matthews Band. No dia a seguir ao concerto havia uma foto da cantora, em praticamente todos os diários do país fazendo naturalmente, referência ao “esmagador” sucesso do seu concerto (nada que este país não estivesse à espera). Bem, mas, ainda voltando ao antes do concerto de ou da Beyoncé, esta, foi inclusive, entrevistada em directo por dois canais de TV.

Dia 24 de Maio, sexta-feira, como é nosso hábito cá em casa comprámos a Visão. Revista com reconhecidos méritos jornalísticos, que parece que também tem um tal de Ricardo Araújo Pereira ;) autor semanal da crónica Boca do Inferno, que não deve ter achado muita piada ao que vou fazer referência. Visto a encontrar-se a apenas 9 folhas de distância da cantora. Uma das divisas da revista Visão é a parte referente à cultura, apropriadamente chamada de Visão Cultura. Acreditem, ou não, a parte musical, está inteiramente dedicada a Beyoncé, portanto cinco páginas. E sobre a Dave Matthews Band nem uma linha. Como é que se pode explicar esta diferença? Como é que se pode ignorar uma banda destas e a um tal ponto que, simplesmente, não “passa” na Rádio nem se vêem, quase nenhumas referências da imprensa escrita?
O Pavilhão Atlântico no dia 25 de Maio estava praticamente cheio e, estou seguro, Portugal terá tido poucos concertos assim. Também pode ser ignorado isso, porque a Dave Matthews Band parece aliada à mais que incrível aliança dos que a fizeram, chegar onde chegaram – o seu público. Este, não tem que ser fiel, tem que sobreviver. Este, não tem que procurar, tem que importar. Este, não tem que pedir para ouvi-los, porque a Dave Matthews Band tem, do que é mais belo na musica e faz-nos sonhar.

sábado, 26 de maio de 2007

Dave Matthews Band - Finalmente !

Ontem à noite no Pavilhão Atlântico
Finalmente, Dave Matthews Band
26.05.2007 - 14h30 Silvia Pereira, PÚBLICO


"Tenho pena que tenhamos demorado tanto tempo a vir cá. Muito obrigado por terem esperado!" Foi assim que Dave Matthews começou por agradecer a longa espera dos milhares de fãs que encheram ontem à noite o Pavilhão Atlântico. Num concerto com "finalmente!" escrito por todo o lado, líder e banda suaram para deixar o momento bem marcado na memória de todos, colmatando a ausência com mais de três horas de concerto – dois encores incluídos – sempre no topo da criatividade, força e génio que vêm colados ao seu nome. Se há esperas que valem a pena, esta foi uma delas.

O violino com wah-wah, de Boyd Tinsley, em "Everyday" foi o começo auspicioso de uma noite pejada de ritmo e de grandes emoções. "Que recepção!", comentou Matthews antes de "Dreaming", seguida do "Obrigado" que nunca é demais (com pronúncia melhorada ao longo do concerto, tantas foram as vezes que agradeceu). Comunicativo, bem disposto, modesto, com sentido de humor apurado. Foi este o Dave Matthews que Portugal encontrou pela primeira vez. Não era só ele que repetia "obrigado". Os fãs iam dizendo a mesma palavra baixinho. Ou agradeciam o momento com aquilo por que o público português é conhecido: uma entrega incondicional.

Em noite de estreia, a opção mais óbvia podia ter sido tocar o maior número de canções com a maior abrangência discográfica possível. Como o "óbvio" não faz parte do vocabulário da Dave Matthews Band, a escolha foi outra: pegar nos temas e construir pontes, a partir deles, para o excercício de uma inventividade sem par.

As várias "jams" que se introduziram por entre as canções poderiam ser, noutra banda, causa de bocejo. Na Dave Matthews Band, porém, esse jogo musical é um momento de revelação do quanto a banda é decisiva no resultado, do quanto os músicos estão entrosados após anos e anos de convívio, do quanto é importante saber manter o puro gozo de tocar. Isto, mais do que meramente agradável, é contagiante. É como se Dave Matthews e os seus abrissem as portas para um mundo só deles. Ou como se recebessem estes (novos) amigos na sua casa musical.

Naturalmente excelente

As músicas estendem-se "ad infinitum" sem se tornarem cansativas, porque vão desaguando constantemente em novas formas, outros ritmos, instrumentos diversos e, no limite, diferentes estados de espírito. Assim se construiu um concerto que alternou, como os álbuns, entre momentos de subtileza ("Gravedigger"), de paixão ("The idea of you"), de profunda sensibilidade ("Sister"), de puro gozo ("Stay") ou de pulmões abertos para toda a sala – o mundo – ouvir ("When the world ends").

Há muito pouco de "virtuosismo pelo virtuosismo", apesar de ser obrigatório tirar o chapéu a todo e cada um dos elementos da banda, com um destaque muito especial para as fantásticas manobras do baterista Carter Beauford (sem dúvida o pilar de sustentação deste palácio). Até Tom Morello – o mítico e mui inventivo guitarrista dos Rage Against The Machine, hoje nos Audioslave e em carreira a solo sob o nome The Nightwatchman (projecto que apresentou na primeira parte do concerto) – consegue manter-se discreto quando se junta à banda. É um virtuoso? É. Mas, aqui, é com naturalidade e partilhando o holofote que se deixa cair num invejável solo de guitarra.

Tudo é naturalmente excelente, sem uma única nota negativa ao longo de mais de três horas de música. Não é fácil dar concertos tão longos. Menos fácil ainda é fazê-lo sem cansar o público. Longe disso – a sala, repleta, queria ainda mais. Faltaria sempre uma música, dada a vastidão do espólio do grupo norte-americano. E convém que sobre alguma coisa para a prometida próxima vez. Antes de finalizar o primeiro encore – ainda viria um segundo para "Don't drink the water" e "Rapunzel"” – Dave Matthews mostrou ter sido também ele conquistado: "Tenho que vos dizer que vocês são o público mais vivo que jamais vimos". E deixou a promessa: "Vocês são inacreditáveis. Não vamos demorar tanto tempo a voltar".

quarta-feira, 23 de maio de 2007

When I walk, I walk so tall...
Not bent or doubled up
Like the other monkeys that I know...

Still I don't know if I have a soul
Or if Heaven's the place to go...
Or if Hell's where we burn...
Or if sinning's what we do...

Where do I know that I'm the smartest monkey...
That I know...

Dave Matthews in Proudest Monkey

terça-feira, 22 de maio de 2007

There will always be an emptiness!

Por: Tiago Pereira da Silva

I whisper a thing in your eyes only
I only see what the true wants me to see
I see what is to be me
And you make me wish not to be lonely

There is always a cure for emptiness
Because the solution not always as to be
To full what is to be furless
Cause you can chop the entire tree
That is making you out of free

Promise me not to tell
The entire sate of the things
Spread only your wings
When you’re able to see the bell

A luz que existe

A investigação é manual
Tem que ser sempre
O átomo não casa com automático
O pão não casa com o gradual
O lixo é bicho que existe
Um elemento profundamente aquático

O Globo gira em meu torno
Em meu trono
Em meu quarto
Ele é guia Pai
A luz que existe
Não, nunca sai
Da rota que surgiste
Estremece o calor
Ardente insiste em entrar
Como um colar de vapor
Como uma amante a se dar

Como aquela serpente
Com o seu impetuoso olhar
Que nos transforma a mente
Para nos desmascarar

Desmascarar do quê ?
Perguntas nua ao luar
Sentes te ausente
Predominantemente quente
Café que corre do teu transpirar
Faminta, deixas me provar
Do teu corpo suado

Fazes do teu – meu
Fazes do seco - molhado
O teu cheiro perfuma
A brisa do mar que se ergueu
Na nossa frente
Todo eu consumado
Consumido por ti
Pelo que nem é teu
Mas tornaste

Meu rosto esconde-se à espreita
Dos teus medos carrilados
Na areia fina da praia
Sou de vez programado
Para o teu mundo incerto
E todo aquele deserto
Que é não ser amado

Por: Tiago Pereira da Silva

Para mim!

Dobrei o cabo ás cego
Cego me vi em tudo
Alcançando um livro
Imaginem-se mudos?
E cegos?
Como quem quer enxergar
Um livro do João Cabral
Ou a poesia do Chico,
Que rasga a sabedoria de cada palavra,
Para desencadear outra e outra,

E o Guimarães Rosa?
O velho senhor da palavra,
Que no Pessoa tem um dos seus
Expoentes máximos
E em Mário a sua nova luz
A das possibilidades

O Vini também veio
Intrigado ó poetinha ?
Mandam-no sentar
Para não cair de bebedeira
Que em si mesmo conserva a poesia

Eu e água !
Exclama Caetano
Do alto das suas dúvidas
Vilarejos em mil questões
Por que da água vem a sua poesia
E da inteira Terra também

O Gil foi convidado
E o Jorge Benjor também
Que da África trouxeram os polos
A das misérias mas sobretudo
Do cantar, a mais primária

Por: Tiago Pereira da Silva, 5 de Novembro de 2006

Rubrica: Escolha do Dia - Warehouse

Warehouse - Lyrics
Artist (Band): Dave Matthews Band


So, I'm leaving...
This Warehouse frightens me.
Has me tied up in knots...
Can't rest for a Moment.

Soon, I'm going...
I'm slippin' slow away
Hoping to find something better...
Than I've got inside of here,
And the Warehouse slips away.

Hey reckless mind
Don't throw away your playful beginnings
You and I
Will fumble around in the touches and be sure to...

Leave all the lights on
So we can see the black cat changing colors
And who can walk under ladders
And swim as the tide
Turns you around and around

Hey we have found
Becoming one in a milion
Slip into the crowd
This question I found in the gap in the sidewalk

Keep all your sights on
Hey, the black cat changing colors
And who can walk under ladders
And swim as the tide choose to turn you

And here I sit
Life goes on, end of tunnel,TV set
Spot in the middle
Static fade, statistical bit
And soon I'll fade away, I'll fade away

But this I admit taste so good
Hard to believe an end to it
Smell touch feel
How could this rhythm ever quit
Bags packed on a plane
Hopefully to heaven, yeah

Shut up, I'm thinking
I had a clue now it's gone forever
Sitting over these bones
You can read in whatever you're needing to

Keep all your sights on
Yeah, man, the black cat changing colors
It's not the colors that matter
But that they'll all fade away

Life goes on, end of tunnel,
TV setSpot in the middle
Static fade, statistical bit
And soon I'll fade away, I'll fade away

This I admit
Seems so good
Hard to believe an end to it
Warehouse is bare
Nothing at all inside of it
The walls and halls have disappeared
They've disappeared, yeah...

My love I love to stay here
My love I love to stay here
My love I love to stay here
My love I love to stay here

In a corner was wondering
If a change could be better than this
And then I worry...
Maybe things won't be better than they have been
Here in the warehouse

At the Warehouse
At the WarehouseHow

I love to stay here
At the Warehouse
Every man and woman get alive

That's our blood down there
Seems poured from the hands of angels
But trickle into the ground
Leaves the Warehouse bare and empty

And my heart's numbered beat
Still echo in this empty room
And the fear wells in me
But nothing seems enough to defend
So I am going away
I am going away...
to the end.


Versão do Disco: Listener Supported e Live at Luther College (Acústico) - são brilhantes.

Existem pelo menos 7 versões ao vivo desta música para além da original versão de estúdio. O mais interessante é que em cada nova interpretação, esta banda fantástica, que tocará entre nós na sexta-feira dia 25 de maio, parece querer revelar uma parte semi oculta da música ou uma faceta, mesmo, não revelada. Esta é, para mim uma das músicas que melhor demonstra a sonoridade da banda. A sua "agressividade" incial contrastante com a mais que melódica parte final, em que o violino electrico e a preciosa batida de (Carter Beauford - drums) remetem-nos para uma música do Caríbe. Dave Matthews claramente inspirado no tema Loui Loui original de Rchard Berry de 1955.
Por: Tiago Pereira da Silva

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Telma Monteiro: Uma força da natureza!

Por: Tiago Pereira da Silva
Prólogo Inicial:
Eu Odeio o País que Temos...

Não deixo de achar interessante colocar apenas pela primeira vez, neste blog uma noticia referente à modalidade que mais amo – o Judo. E apesar de invocar a mais extraordinária atleta que vi competir em Portugal, acabo por fazê-lo pelas piores razões. Já vão perceber porquê!

A minha admiração pelo que Telma tem feito pela modalidade em Portugal e o desporto português, falando num carácter mais geral é, estou em crer sem precedentes e sem equiparações. Muito se tem falado naquelas que unanimemente vão sendo consideradas as atletas do momento em Portugal. Sem contudo,existir o reconhecimento que de facto seria merecido. Refiro-me claro, a Vanessa Fernandes do Triatlo e a Telma Monteiro do judo. Apesar de considerar Vanessa Fernandes uma atleta de outro “planeta” e com as devidas suspeitas para fazer uma afirmação desta ousadia, e, sem tão pouco querer comparar os dois expoentes máximos do desporto feminino português na actualidade, nem querer entrar num género de dicotomia (Vanessa vs Telma) eu penso que o caso de Telma é ainda mais extraordinário. De facto o Judo não tem, infelizmente, a atenção dos media dado por exemplo às provas de atletismo ou disciplinas homologas, mas sugiro que considerem o seguinte: Uma prova como o triatlo é claramente mais objectiva do que um desporto com as especificidades e particularidades do judo, que é considerado dos desportos mais técnicos quanto à sua classificação. No triatlo uma atleta com as condições excepcionais em termos de capacidade aeróbia como o caso de Vanessa Fernandes, não determinam o resultado final de uma prova, mas eu diria que influenciam claramente as possibilidades de uma atleta ser nº 1 do mundo. E só para citar o próprio exemplo da Vanessa, que aquando da realização da Taça do mundo em Lisboa confessou que a prova de natação lhe tinha corrido particularmente mal mas que em todo o caso, tinha conseguido uma recuperação fabulosa na prova de atletismo. No judo isso não é possível. Qualquer erro cometido numa fase mais inicial da prova e o(a) atleta poderá já não chegar ao ouro. A carga de imprevisibilidade associada à dependência das acções de um adversário, conferem-lhe o tal carácter de especificidade que não existe, na maior parte das outras modalidades. Não precisamos ir mais longe, se no passado sábado, durante a prova da Taça do Mundo de Judo (Lisboa), a Telma lhe tivessem corrido mal as “coisas” num primeiro combate já não haveria qualquer possibilidade de conquistar o ouro. No futebol sofre-se um golo e poder-se-à recuperar, como na maior parte dos desportos colectivos, no Judo se caímos em Ippon já não há nada a fazer. O exemplo de Telma é por isso extraordinário. Segunda vez que uso extraordinário.

Esta minha longuíssima introdução, quase que me fazem esquecer a verdadeira razão deste post. Porque a mais bela das lições que poderemos retirar do desporto não tem certamente que ver com o seu impacto mediático ou vedetismo passageiro, mas aquele que visa a auto-superação, aquele que sem uma causa aparente tem vontade de vencer para ser melhor do que ontem e não para ser melhor que o outro, mesmo que o seja inadvertidamente. Telma parece que cada combate que vence, fá-lo porque não o pode evitar e não por querer alcançar a fama. Telma é, depois de sagra-se be-campeã europeia, exactamente a mesma pessoa que era… simples, humilde e com uma vontade enorme de se superar, impondo e exigindo de si, a cada dia que passa, a cada meta atingida, um novo desafio. Isto é um perfil de excelência desportiva, o verdadeiro exemplo que deveríamos retirar sempre de um atleta de elite.
Não me parece que Telma dependa da fama para alcançar sucesso desportivo. Mas esta minha convicção, fazem-me, contudo, escrever e denunciar o ridículo da imprensa desportiva em Portugal. Porque sei que o destaque dos média é essencial para determinar alguns patrocínios de atletas de modalidades que de amadoras só tem mesmo o nome. Não que ninguém soubesse, ou saiba. Como é possível reinar a estupidificação futebolística em toda a imprensa ligada ao desporto.
Qual se não o meu espanto, quando ao abrir o jornal O Record de domingo passado, para ver o destaque atribuído à medalha de ouro conquistada por Telma no dia anterior, verifico conformado, uma página “habitual” de referencia com fotos e tudo, na parte dedicada às outras modalidades - como eles denominam. Até aqui nada de novo. Procurei observar a 1ª página, aquela que muitas vezes fazem com que o público compre o jornal. E o rectângulozinho minúsculo sem foto, no canto inferior direito perturbou a minha disposição para o resto do dia. Pensei eu, já agora vou verificar também a última página, aquela que normalmente atribui a medalha de ouro, prata e bronze da semana. Eis que surge esta revelação que me deixou com vontade de gritar ao mundo: Como é que é possível ? Como se ao fazer a pergunta já não estivesse conformado com a resposta.
Então e sem entrar em grandes detalhes de transcrição, proponho que registem. Medalha de ouro – Fernando Meira por ter sido campeão pelo Estugarda na Alemanha.
Medalha de Prata – José Mourinho por ter conquistado a Taça de Inglaterra.
Medalha de Bronze – Dividida entre Vanessa e Telma por terem ganho o ouro em duas etapas das respectivas Taças do Mundo.
Se não fosse tão grave seria até engraçado. De facto e parafraseando o Garcia Pereira este Portugal é, em muitos aspectos uma republica das bananas. Como é possível dar tão pouco destaque, mesmo sabendo que vivemos, num portugalofutebol.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Peter Sellers e a Pantera Cor de Rosa

Não há muitos dias... quando dei uma "espreitadela" no interessantíssimo Blog de minha amiga Flávia deparei-me, incrédulo, com um post sobre Peter Sellers e a sua mais famosa personagem Inspector Clouseau. Digo incrédulo, porque há muito tempo que não lia nada sobre a saga da Pantera Cor de Rosa, e Flavinha despertou, inadvertidamente, o meu desejo por redescobrir a obra gigantesca de um monstro da comédia chamado Peter Sellers. Blake Edwards importantissmo cineasta norte americano que dirigiu, produziu e escreveu esta história que, do meu ponto de vista, aquela que transformou o rumo da comédia da sétima arte. Quando vemos os "nossos" fabulosos Gatos Fedorentos referirem-se aos Monty Phyton como a sua grande referência, é preciso não esquecer que estes beberam o sumo consideravelmente começado pelo seu conterrâneo e antecessor Peter Sellers.
Deixo então, aqui, a minha sugestão de uma sequência hilariante de tão absurda de um dos filmes da saga, The Pink Panther Strikes Again o quarto filme da série de 1976, são sete minutos e cinquenta e sete segundos de génio humorístico. Ali percebe-se o que é representar humor, e o grande actor que foi Peter Sellers. Vi estas imagens pela primeira vez aos 12 anos, ficaram para sempre guardadas no meu imaginário e criaram a minha primeira sensibilidade humorística... a mais fácil, a mais directa, mas nem por isso a menos conseguida.


Youtube: The interrogation Inspector Clouseau

quarta-feira, 9 de maio de 2007

SEAN PENN

Clint Eastwood disse dele um dia: "Todas as gerações nasce um actor capaz de dar tudo a um personagem, nesta geração o seu nome é: Sean Penn", Marlon Brando declarou à imprensa: "Sean é o maior actor vivo".

Não quero sequer proclamar um adjectivo sobre este actor que venho acompanhando ao longo dos anos, apenas posso sugerir alguns títulos onde me parece que o encantamento surgiu naturalmente... pronto, perdi... não fui capaz mesmo.
Dead Man Walking (1996)
Nomeação ao Óscar de melhor actor
She´s So Lovely (1997)
Prix d´interprétation masculine Cannes 97
Sweet and Lowdown (1999)
Nomeação ao Óscar de melhor actor
I am Sam (2001)
Nomeação ao Óscar de melhor actor
Mystic River (2003)
Óscar de melhor actor
21 grams (2003)
Prémio de melhor actor no Festival Internacional de San Sebastian
The Assassination of Richard Nixon (2004)
Golden Satellite Award - Best Actor in a Motion Picture, Drama
(…) Consagrado como actor, Penn passou a expressar cada vez mais suas opiniões políticas, tão fortes quanto a sua personalidade. Depois de dirigir um segmento do filme 11 de Setembro que, é claro, falava sobre o atentado terrorista aos Estados Unidos, Sean pagou uma pequena fortuna para publicar uma carta aberta ao presidente George W. Bush em um dos maiores jornais norte-americanos, o Washington Post. Nessa carta, escrita em 2002, Sean pedia que o presidente aumentasse o debate sobre a necessidade da guerra contra o Iraque. As palavras de Sean fizeram com que fosse convidado a visitar o país que logo viria a ser bombardeado. O actor aceitou o convite e, durante três dias, visitou hospitais, museus e conheceu autoridades. Segundo ele, o objectivo da visita era conhecer melhor o país e fazer um apelo pessoal para que não houvessem vítimas desnecessárias, tanto americanas como iraquianas.
Muitos (e muitos mesmo!) criticaram a atitude de Sean, que chegou a ter seu nome desligado de uma produção cinematográfica por ter se envolvido na questão. No entanto, seu talento falou mais alto e 2003 chegou como um de seus anos mais gloriosos. Sean estrelou dois dos mais aclamados filmes do ano, 21 Gramas e Mystic River. Neste último, dirigido por Clint Eastwood, Sean estava tão bem como um pai que precisa lidar com a dor de ter uma filha assassinada, que não teve como a Academia ignorar seu trabalho. Todas as questões externas ficaram de lado, e em 2004 Sean ganhou - finalmente - o Oscar de Melhor Actor, compareceu pela primeira vez à festa (por respeito a Clint, dizem), e foi aplaudido de pé pela plateia.(…)


In: Sean Penn Biography

sexta-feira, 4 de maio de 2007

O Poeta Despretencioso


So As Mães São Felizes
Cazuza
Composição: Frejat/Cazuza

Você nunca varou
A Duvivier às 5
Nem levou um susto
Saindo do Val Improviso
Era quase meio-dia
No lado escuro da vida

Nunca viu Lou Reed
"Walking on the wild side"
Nem Melodia transvirado
Rezando pelo Estácio
Nunca viu Allen Ginsberg
Pagando michê na Alaska
Nem Rimbaud pelas tantas
Negociando escravas brancas

Você nunca ouviu falar em maldição
Nunca viu um milagre
Nunca chorou sozinha num banheiro sujo
Nem nunca quis ver a face de Deus

Já frequentei grandes festas
Nos endereços mais quentes
Tomei champanhe e cicuta
Com comentários inteligentes
Mais tristes que os de uma puta
No Barbarella às 15 pras 7

Reparou como os velhos
Vão perdendo a esperança
Com seus bichinhos de estimação e plantas?
Já viveram tudo
E sabem que a vida é bela

Reparou na inocência
Cruel das criancinhas
Com seus comentários desconcertantes?
Adivinham tudo
E sabem que a vida é bela
Você nunca sonhou
Ser currada por animais
Nem transou com cadáveres?
Nunca traiu teu melhor amigo
Nem quis comer a tua mãe?
Só as mães são felizes...

Rubrica: O que ando a ler

Cazuza: Só as Mães São Felizes - LUCINHA ARAUJO & REGINA ECHEVERRIA
Sob a forma de depoimento, Lucinha Araujo narra a vida e os conflitos de seu filho Cazuza; sucesso de vendas, livro ganhou adaptação para o cinema em Junho de 2004.
O livro. Em um depoimento dado a Regina Echeverria, num tom quase de confidência, Lucinha Araujo relata todos os fatos marcantes de sua vida com seu único filho, o inesquecível cantor e compositor Cazuza, morto em 1990, em consequência da Aids. Só as Mães são Felizes, além de revelar detalhes surpreendentes sobre a trajectória de Cazuza e sua relação familiar, apresenta uma série de imagens raras do artista. A obra foi transformada em filme. Dirigido por Sandra Werneck e produzido pela Globo Filmes, ele narra a trajectória do ídolo a partir de seu relacionamento com a mãe.
A história do livro. O encontro entre Regina Echeverria e Lucinha Araujo resultou em 20 horas de gravações. Regina colocou não só ouvidos, cabeça e mãos a serviço de Lucinha, mas também seu coração, deixando-se arrebatar pela precisa memória amorosa da mãe de Cazuza. Narrado em primeira pessoa, Lucinha revela: "Passei minha vida a limpo com esse livro. Com ele, acho que posso dar um exemplo para as pessoas".
O que se diz. Segundo Ezequiel Neves, jornalista e crítico musical, "da primeira vez que li as provas de Só as Mães são Felizes, senti que as confissões de Lucinha Araujo, essa guerrilheira da paz e de todas as paixões, me fuzilaram... A gente chora, ri, mergulha em paroxismos e emoções maravilhosamente irremediáveis".
Comunicado para a imprensa.