sábado, 17 de novembro de 2007

Grandes Águas (1542)


(…) Não é fácil explicar, pelo menos para mim, a sensação de se estar num lugar, que estou em crer, é único no mundo. Ainda para mais, quando o que vamos escrever é, apenas e só, a recordação de um sentimento presente, mas por preencher. Como explicar? - Talvez se imaginarem um recipiente vazio, possam ter uma ideia do que aqui, de forma tão pouco cuidada tento transmitir. Os contornos desse recipiente, foram marcados pela presença no local e pela sensação única de nascer algo de novo em nós, (já dizia Damásio que a emoção nos conduz ao sentimento e não o contrário). Assim, olho para esse sentimento como o recipiente que perdeu toda a carga emotiva, que carece urgentemente de ser revisitada de quando em vez, para se encher um pouquinho, só. Mas a verdade, é que só no exacto momento do deslumbramento físico, metafísico e emocional, é que encontrei o tal recipiente do sentimento e tão bem guardado dentro mim - cheio. Sobre isso, o tal lugar único para mim, falar-vos-ei mais tarde.(…)

1542

Estava prestes a saltar!
E tu,
A fazer o mesmo…

Reuniste todos os pássaros,
Duas, sete ou cinco - quedas
E enfeitiçaste-me,
Em mil léguas.

Eu sou Nuñez,
O Alvar que te vê,
Virgem e
Jura amar.

Adoptámos teus filhos
Em verde lar.
Nesse eterno breu,
De um rio mar.

Rio - meu,
Desci em tuas termas,
De um Paranaense
Azul sem bermas.

E Ennioiço…

A música circula,
Sempre pelo ar.
Vem dessa falha,
Que a geologia sobe isolar.

Ao rubro dos tambores
Guaranis suave,
Celebramos a união
Da eterna ave.

Pareces desconfiar
De meu sangue.
Que da miséria diária,
Fez de um vulgo, mangue.

Arquitecto da vida,
Que me deste a provar,
Da garganta de um
Diabo a degolar.

Grandes águas,
De um perturbar
Vens do ventre mãe,
Desse Iguazú - olhar.

Um Recipiente chega.
Cinco Contornos vezes,
Quatro líquidos e
Dois meses.

Duas mil partes,
De mim,
Caminham em ti,
Todas as noites.

As outras quatro,
Asseguram voltar.


Por: Tiago Pereira da Silva

4 comentários:

Anónimo disse...

não consigo comentar...mexeu por dentro e preciso de tempo para digerir...mas posso dizer que me parece que estás a escrever cada vez melhor...

beijão:)

Clara disse...

Fogo...que bem sabe ler-te...escreves muito bem Tiago!!
Melhor vai saber ouvir-te...estou quase a chegar...estamos quase quase a partilhar um café!!:)

flávia disse...

Tenho um palpite sobre o lugar e talvez tenha a ver com a foto. Acertei?

Anónimo disse...

Tás longe mas as tuas palavras encurtam caminho e vão direitinhas aquele sítio onde estiveste, estás e sempre irás continuar...

Qto ao poema..estou ajoelhada de admiraçao..
Um beijo