domingo, 12 de julho de 2009

Dave Matthews Band - Seven


Saíu maravilhosa ontem...


Baby when I think about you
All I want to do
Be by your side
Take a little ride
Take a little
Baby you know I’m all about you
And all I want to do
Is take a little ride
Maybe get inside
Maybe get in

Mama told me boy
Someday that girls gonna take your mind
And then you’ll know
I never knew what I do now
I never knew what I do now
I love you, love you, love you, love you
You, you, you, you, you, you, you

Mama told me boy
Someday that girls gonna steal your mind
And then you’ll know
I never knew what I do now
I never knew what I do now
I love you, love you, love you, love you
You, you, you, you, you, you, you

Sour as my fingers
Dirty pick pocket
I can still taste you
I won’t wash my hands
Red is the color
Of the sun with my eyes closed
I can still taste you
And I will again

Woman please I be your possession
You are my obsession
Let me go down
Down, down, down, down, down, down, down

Down little place it digs to go
Down little place it digs to go
Down little place it digs to go
Down little place it digs to go

Mama told me boy
Someday that girls gonna steal your mind
And then you’ll know
I never knew what I do now
I never knew what I do now
I love you, love you, love you, love you
You, you, you, you, you, you, you

Woman please I be your possession
You are my obsession
Let me go down
Down, down, down, down, down, down, down

Dave Matthews Band

A propósito do concerto de ontem. Como que em jeito de homenagem...vou colocar tudo o que já escrevi sobre a banda que ontem, apesar de não ter existido a magia de 2007, foi, mais uma vez irrepreensível no seu habitat natural – O Palco.

em Fevereiro Escrevi:

Prólogo Inicial: Já ouvi, não sei bem onde, que a verdadeira música é que nos escolhe e não o contrário.

E invariavelmente quando sou “apanhado” desprevenido por uma música como a que vos apresento neste post, penso forçosamente nesta “regra”.

Existem várias maneiras de olhar para a Dave Matthews Band, mas os que como eu, se encontrarão no grupo dos que acham que eles deram de certa forma continuidade ao legado deixado pela E-Street Band e Bruce Springsteen, e que no panorama actual desta indústria musical teremos muito poucos exemplos de bandas no velho sentido do termo, mas que a DMB se encarregou de reviver e até criar algo novo; poderão estar em sintonia comigo na seguinte observação: Não basta ouvir uma música da Dave Matthews Band, é necessário ouvir a versão “certa”, talvez aquela em que a música se tenha revelado por inteiro.

Quando Dave, Carter, Tinsley, Stefan e (tragicamente o já falecido) Leroi se reuniam em palco, a circunstancia poderia ditar o surgimento de algo único.
Se não vejamos, até os concertos mais emblemáticos da DMB, pelo menos os editados em CD ou DVD, trazem sempre qualquer coisa de singular.
Em «Live in Chicago» somos maravilhados com uma pérola chamada “The Maker”; «Listener Supported» o melodramático “Long Black Veil”; «At the Gorge» uma cintilante versão da música “Loving Wings” a melhor que alguma vez ouvi; e, porque não - no inicial «Live at Red Rocks” que parecia anunciar a originalidade que a DMB viria apresentar ao vivo, na própria escolha dos locais para concertos, como na relação com o seu publico, uma auspiciosa nova forma de olhar para “Proudest Monkey”.

I Acto
São duas da manhã e sem sono vou buscar à mesa-de-cabeceira o meu MP3, que havia sido preenchido nessa tarde com álbuns novos da DMB ao vivo, ainda por descobrir (…)
E quando jurava estar capaz de adormecer, eis que surge:
(…) Sonho ou realidade ?

O som do público anuncia a aproximação de Dave Matthews ao Microfone, e, com um simples: Let´s take a little Breath…Já ao som da sua guitarra acústica. E entre acordes que parecem anunciar a canção, ouve-se da audiência completamente eufórica um: I Love you Tim (Reynolds naturalmente), um outro parecendo já desafiado por um qualquer companheiro de viagem: “I love you Dave”, ao que uma fã remata a questão, “três tons” acima de qualquer rival “I Love you Allllll”. E às primeiras palavras tudo ganha uma nova expressão quando Stefan anuncia a voz de Dave com a simples fórmula de seu baixo. Na sua voz rouca e seca do início, denotamos um sofrimento mais característico do Blues. Nunca vi tanto Cash em Dave.

Agora e mais desperto do que um touro antes de "galgar" para a arena, interrogo-me mas que musica é esta???

Do canal esquerdo dos auriculares já oiço o dedilhar do violino de Boyd (aliás como gosto mais de o ouvir), como se de um cavaquinho se tratasse. Tim e Carter parecem juntar à batida uma continuidade de Ravel, de instrumento a instrumento, a musica vai ganhando forma, e,
Como estes senhores sabem explorar este território musical.

Todos os sopros, ruídos e tossires são som ao microfone, como detalhes “musicais” para acrescentar uma emoção ao espectador.
Tim Reynolds um monstro na guitarra, brincando com harmónicos e amplificando o volume bem ao estilo de um Jeff Beck, que aliás atrevo-me a dizer, deve ser a sua principal referencia na guitarra.

Muitas bandas continuam a tentar fazer melhor. Tantas vezes copiado o seu estilo, mas nunca igualado. Isto é expressão de como uma música é trabalhada como um todo.
Estarei de novo acordado!
Pois… acho que vou na sexta audição seguida.

Boa noite e até Julho. ;)

Por: Tiago Pereira da Silva

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Sugestão musical: Sara Bareilles - Vegas - Live at the Fillmore

O monólogo de: A última Hora (Spike Lee)




Transcrição em português. Perdoem-me se existirem alguns erros na tradução.
Mas dei-me ao trabalho de traduzir. lol

Vai-te foder tu, toda esta cidade e todos os que vivem nela.
Fodam-se os ambulantes vendendo comida e a pedir dinheiro,
e rindo de mim pelas costas.
Fodam-se os lavadores de vidros de carros
Sujando o pára-brisas – limpo do meu carro.
Arranjem um maldito trabalho.
Fodam-se os Sikhs e os paquistaneses que
voam pelas avenidas com os seus táxis fodidos,
com caril exalando pelos poros, empestando todo o meu dia
terroristas em treino. Parem com essa merda!
Fodam-se os Chelsea Boys.
Com os seus peitos encerados e os seus bicipes bombeados
Indo por aí fora em direcção aos meus parques e aos meus cais
Mostrando os seus paus no canal 35!
Fodam-se os donos das mercearias coreanas
Com as suas pirâmides de fruta caríssimas
E as sua tulipas e rosas embrulhadas em plástico.
Dez anos neste país e ainda não sabem falar inglês.
Fodam-se os russos de Brighton Beach.
Mafiosos sentados nos cafés, a beber chá com óculos escuros
Com cubos de açúcar no meio dos dentes,
Andando, negociando e planeando.
Voltem para a vossa maldita terra.
Fodam-se os Hasidim e os seus chapéus pretos
a subir e a descer pela rua 47 th
nas sua gabardinas sujas com caspa deles,
vendendo diamantes sul-africanos frutos do apartheid.
Foda-se o pessoal de waal street.
Pretensiosos e mestres do universo.
Armados em filhos da puta Michael Douglas-gordon gekko
Imaginando maneiras de roubar trabalhadores inocentes
Completamente “Cegos”.
Mandem esses desgraçados da Enron para a cadeia
Para toda a vida.
Pensam que o Bush e o Cheney não sabiam nada dessa merda?
Não me façam rir.
Fodam-se os porto-riquenhos.
Vinte paus por cada carro, enchendo a lista do serviço social.
A pior parada desta cidade.
E não me deixem começar a falar dos dominicanos,
Porque fazemos porto-riquenhos parecerem bons.
Fodam-se os italianos de Bensonhurst com os seus cabelos
De palmeira e os seus sobretudos de nylon, os seus medalhões do santo.
Balançando os tacos de baseibol do da época que o Jason
Estava a tentar as audições para os “Sopranos”
Fodam-se as viúvas do Upper East Side com os seus lenços
E as suas cicatrizes Balducci de 50 dólares.
As sua caras gordas sendo puxadas, esticadas e levantadas para ficarem firmes e brilhantes.
Tu não enganas ninguém, queridinha.
Fodam-se os irmãos Uptown.
Eles nunca passam a bola, eles não querem defender,
Eles dão sempre 5 passos de cada vez que vão fazer um
Layup e depois querem dar a volta e por toda a culpa nos brancos.
A escravidão acabou há 137 anos. Sigam em frente.
Fodam-se os polícias corruptos e a sua mania dos 41 tiros.
Escondendo-se atrás do muro azul do silêncio.
Vocês traíram a nossa confiança.
Fodam-se os padres que colocam as suas mãos nas calças de
Crianças inocentes. Fodam-se as igrejas que os protegem,
entregando-nos ao diabo. E já que estamos nesta, foda-se o
J.C. Ele livrou-se facilmente …
Um dia na cruz, uma semana no inferno, e todas as aleluias de
Uma legião de anjos pela eternidade.
Tenta ficar 7 anos na maldita Otisville, J.
Foda-se o Osama Bin Laden, Al Qaeda, e os desgraçados
Dos que cavam as cavernas – idiotas fundamentalistas
de todo o mundo.
Em nome de milhares de inocentes assassinados,
Eu rezo paraque passem o resto da vossa eternidade
com as vossas armas de merda arder no inferno
com o fogo da gasolina dos “aviões”.
(…)

A Última Hora


Por: Tiago Pereira da Silva


Ontem revi aquele que é para mim o verdadeiro filme sobre o pós 11 de Setembro.

O ano de 2002 foi o ano do lançamento do filme A última hora (tradução portuguesa) que, ao que me recordo, foi venerado pela maioria dos críticos. Devo dizer, desta vez, que: não poderia estar mais de acordo!
O filme é uma lição de cinema a todos níveis, sem desprezo pelas fórmulas clássicas e modernas. Mas não é só isso que importa referir aqui. O equilíbrio narrativo do mesmo, sustentado pela figura central Edward Norton (no seu melhor) que é de uma leveza e ao mesmo tempo de uma força que, em meu entender, faz este filme ter uma espessura e uma fórmula mágica. Norton é Monty Brogan que vive as 24 horas que precedem a sua recolha a uma penitenciária, onde irá cumprir sete anos de prisão por tráfico de droga.

A encenação e composição de Spike Lee são ao nível de obras como (Summer of Sam) – portanto magistrais. O ritmo narrativo é perfeitamente conseguido para transmitir a ideia de que o ser humano é prisioneiro do tempo. E nesta obra, as horas e os minutos são geridos com mestria a “conta-gotas”.
Norton é a figura central, gere a sua personagem com uma interpretação irrepreensível, de certa forma angustiada mas sobretudo revoltada e muitas vezes desesperada. A consistência da sua interpretação é aliada à força de um elenco secundário de luxo, com nomes tão importantes como: Philip Seymour Hoffman, Barry Pepper, Rosario Dawson, Anna Paquin, etc. Mas vamos esquecer os nomes, pois existe em cada um deles um desespero contido mas visível, e em crescendo – eles são as personagens. Não representam, vivem a dor e o medo.

O que me fez escrever sobre A última hora foi não só o facto de o ter revisto, mas a invocação do brilhantismo, da cena da casa de banho. Monty que se encontrava na casa de banho do bar de seu pai, depara-se com algo escrito no canto inferior direito – a expressão Fuck You. A partir daí são 5 ou 6 minutos de pura magia cinematográfica, que vale a pena recordar.
Talvez uma das melhores cenas que vi num filme nesta década.
A sua personagem “leva-nos”, através de um monólogo, ao multifacetado e multi-complexo mundo étnico e cultural da sociedade nova-iorquina. A revolta de Monty por tudo o que lhe está acontecer e a gestão do seu sofrimento e revolta, terminam (ou começam) com uma complexa conversa consigo mesmo frente ao espelho. Fuck this city, and every one in it. A auto-paródia resultante de uma figura que fala consigo própria, como se fosse um anjo vs diabo, a culpar toda a cidade, etnias, credos e grupos sociais que se encontram nas ruas de Nova Iorque pela sua própria miséria.
Edward recita uma espécie de um rap em crescendo, como que falado – a ambígua e paradoxal visão do “estrangeiro em nossa casa”.


A fórmula soberba com que Spike Lee nos vai revelando a suposta “origem do mal” enquadrando a revolta da personagem com aquilo que seria o espelho social e o pensamento colectivo da Nova-Iorque do pós 11 de Setembro, aliada à auto-ironia do espelho como símbolo metafórico, fazem desta cena um ícone cinematográfico de tão simples e complexa que é.

E mais não digo. Vejam!

Youtube: Edward Norton fuck YOU!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

"pequeno espanador de tristezas [a derradeira confissão?]”

há qualquer coisa de lágrima numa celebração minha.

se soubesse aceitar a beleza das lágrimas não tinha que [me] explicar a origem delas e podia sorrir com as bochechas molhadas mais vezes sem as rugas.

às vezes uma celebração minha é uma timidez – um dia tenho que conseguir abandonar isso e elevar-me a lesma, gambozino, helibélula. acreditar no fio que o grilo ata às estrelas lá longe no universo vincado de negrume; emprestar a minha pele numa jangada quase a afundar; afastar nuvens que dançam nas peles do mar; soprar uma madrugada pra ela voltar a mim [ainda gostava de ter uma crise de asma por excesso de nuvens nos pulmões respiratórios].

sem ser só nas palavras vividas em poesia, pra mim a morte devia ser um voo dançado por um papagaio-pipa – eu quero ser a aragem desse voar. se morrer um dia vou celebrar a palavra morte com incensos e música cantada por andorinhas – a morte anda por aí à solta e a vida afinal parece é uma máscara...

«a palavra vida é maior que a palavra morte», disse-me o meu sobrinho tchiene hoje que ainda faltam dezasseis dias pra ele nascer.

quando ele chegar ao mundo vou mostrar-lhe uma garça gaga que encontrei num poema e me passou a gaguez dela. eu passei a gaguez toda pra uma tarde e foi bonito ver a tarde esticar-se porque não sabia bem como pronunciar o definitivo pôr-do-sol. a noite ficou extenuada – à espera de chegar.

há qualquer coisa de adélia na palavra fé. talvez porque ela seja uma mulher de palavras pesadas com tanta leveza e saiba cavalgar medos selvagens. há na obra dela manchas leves de infância – essa varicela foi muito manuseada por luuandino [o que viajava com intimidade pelas ruas de antigamente, passando por tetembuatubia, kinaxixi, makulusu, olhos das crianças, pássaros e peixes]. certa noite, no lubango, vi o joão vêncio pendurado numa estrela; ao pé da casa onde sonhei nesse serão havia uma represa que era doadora de ruídos bons – apadrinhados por sapos gordos. espreitei pela janela fechada e quase cometi o erro de olhar um gambozino nos olhos. fechei os olhos e abri a janela, limitei-me a olhar assim as estrelas brilhantes numa ternura interna que eu lembro pouco de frequentar [no lubango a ternura brota em mim sem cerimónias].

às vezes uma chuva molhada é uma coisa boa para escorregar momentos em direcção a mim. quando uma chuva molhada cai sobre o mundo redondo, as coisas da vida e a vida das coisas encontram-se num quintal vasto. foi sob uma chuva molhada em canduras que encontrei as barbas do meu pai num poema e o sorriso da minha mãe noutro. foi nas entrelinhas dum poema ensopado que encontrei, várias vezes, a autorização interna pra falar a palavra amor [vou tentar não apagar isto: eu tenho certo receio da palavra amor, espero só que ela não me tenha receios também; seria triste].

foi com as mãos sujas de restos de amor que estiquei uma madrugada. quando digo a palavra madrugada também sinto um esticão no coração. se agora abuso muito das madrugadas é porque cada uma delas tem restos de amor que eu sempre vou perdendo. qualquer dia acumulo esses restos todos e faço uma construção de amor [talvez chame uma mulher pra se encostar ao outro lado dessa construção]. a palavra amor pode ser um labirinto com mais de catorze lados avessos. depois de esticar uma madrugada encosto a madrugada na minha pele e espero. a pele gosta de ser esculpida de novo muitas vezes na vida.

se puser um «v» na palavra esticar, poderei estivar uma madrugada. aí elevo-me a estivador de madrugadas e posso pensar num caixote com luar, um caixote com geada, caixotes pesados de estrelas, caixotes de nuvens carregadas de pingos, um caixote hermético com lágrimas, uma caixinha de costura com restos concretos de amor.

as palavras são muito bonitas também porque têm significados cicatrizados nelas – falo a palavra kwanza e sou invadido pelas belezas de um rio e o sol todo a bater-lhe nas peles da água escura que ele tem. o rio transporta o barro e os peixes e nunca ninguém se queixou de cócegas. há qualquer coisa de jangada na palavra rio. liberdade seria abraçar um jacaré sem lhe apetecer provar-me. eu queria fazer festinhas na carcaça antiga de um jacaré mas se ele me fizer festinhas magoa-me. vou olhar o jacaré de longe e o rio de perto – provar as minhas mãos nele. a pele do rio tem mais espelho que a minha e que a do jacaré. o céu e o sol gostam de verter reflexos nas peles paradas do rio kwanza e eu gosto de saber isso com os meus olhos atónitos de humidade. ali onde o mar beija o rio a espuma celebra o evento com pássaros que perseguem peixes. assim a poesia seja salobra ou salgada.

seria bonito ver os mangais depositarem raízes num poema meu – era a minha maior alegria fluvial.

há qualquer coisa de sapiência na palavra tristeza. e algumas tristezas não são de espanar – um dia posso descobrir que elas me fazem falta e ter que ir buscá-las na lixeira da catin ton.

vou encher-me de silêncios e imitar as pedras. adormecer entre as pedras pode ser que me contagie delas. depois de conseguir ser pedra vou exercitar o sorriso dessa pedra que eu for. com esse sorriso vou iniciar uma construção...

uma construção pode bem ser o lado avesso de uma certa tristezura.

Ondjaki.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Gambozinos, lesmas e outros de Ondjakem

Vou esperando que esta árvore morra
Para eu poder nascer outra vez.
Ou, pelo menos, nascer num universo de Tom
Onde ela cresça, enfim, sem humanamargura
Inventar um verso cósmico
Ao sorriso delirante desta formiga.
Mas não me quero humano agora
Não somos filhos legítimos desta Terra.

Onde sorris hoje?
Onde a Lesma deixou o rasto?
Quero encontrar-te de novo amigo.
Acho que te posso chamar - amigo!
Afectuoso ser onde me entendo.

Queria numa ligação dessas de rede,
Dessas que a aranha tece,
Perfurar a grandeza de um solo Africano
E tornar a tua língua - a Lisbuanda.
Porque vejo cidades em tudo
O que escreves. . .
Cidades revestidas da Lua – boa.

Nem vou à caça na mais que altiva das noites
Porque me ensinaste, que eles devem reservar sempre
Cores para um futuro obscuro.
E seria obsceno eu recriar um lugar de ti
Por mais que me encontre, em tudo o que semeias.

É bom saber do teu gosto pela palavra antigamente.
E ainda mais, saber por ti a nova margem da palavra
A tal domesticada por Guimarães Rosa.
Existe um concentrado de ti no meu mundo
E é por isso…bom de dizer – Ramela.

Mas intimida-me ler-te!
Intimida a raiz do teu lugar.
Onde a poesia se dá às avessas
Onde só o certo parece ter lugar.
Não que a procures…
Mas porque a vejo polida em pedra
Onde habitam Joões…e a tua infância.
E a Rosa dá lugar ao Neto
Para ver crescer o novo.

Mas é também perdida de lógicas…
Onde Drummondeias a Biologia da palavra.
E o que é isso de Miar à Couto?
Sou Sonâmbulo na tua Terra
E contribuo para a indefinição de Ondjakem
Mas deveríamos, todos,
Beber nele um bocadinho.
Onde celebramos o encontro
De musica e poesia.
Onde me encontro na árvore,
Onde sou até Gambuzino.
E nem que os miúdos me encontrem
Vou celebrar para sempre esta toada…


Como querer Onjakear o que há de bom!*


Rodrigo Camelo.
5 de Maio de 2009



* Citação de Djavan na letra (Sina)«Como querer Caetanear o que há de bom»