segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Por favor sequestrem Francisco Moita Flores!




A propósito de sequestros, nunca ninguém se lembrou de sequestrar Francisco Moita Flores na sua casa em Santarém, ou mesmo na câmara? E obriga-lo a ficar durante uma temporada de mais de um mês sem sair...
É que dizem as más línguas - que o homem nas horas vagas (quando não está atarefadíssimo nos três canais, indeferido ou em directo) também é presidente da câmara de Santarém.

Ao ver esta foto feliz - e a intrigante posição da sua mão …. Lembrei-me por exemplo da inteligentíssima associação da música de Caetano Veloso “Dom de Iludir” e sua versão/fusão com “Um tapinha não dói” em «Noites do Norte ao vivo». Realmente só as duas associadas encaixam no universo de Francisco Moita Flores em particular nesta foto.

E já que estamos na variedade dialectal do Brasil, falando claro de Moita Flores comentador profissional e Politico nas horas vagas….

E agora em discurso directo e até pelo facto de morar a uns quantos metros do BES onde tudo se passou, devo dizer-lhe Dr. Moita Flores: Que suas declarações, ou melhor, a leitura que possamos retirar delas, já começaram a produzir efeitos devastadores aqui na zona. Devo confessar que não me choca tanto o conteúdo técnico do seu discurso, mas mais o efeito boomerang das mesmas, por força do, infelizmente, enorme apelo popular que repercutem. Quanto ao aspecto técnico do seu discurso, não me choca porque (perdoe-me a sinceridade) reconheço nele aspectos ou características endémicas de um discurso, de um qualquer fascista. Por isso nada que não estivéssemos todos um pouco à espera.
E o Sr. sabendo disso, deveria pagar por cada barbaridade dita e assinada.
Este tipo de jornalismo de “investigação criminal” promove a instigação das massas, por força da agitação social que advertidamente causa e contraria séculos e séculos de conquistas de direitos e liberdades sociais.
Esta dificuldade de respeitar o outro, o desconhecido, o estrangeiro e o desconforto que muitas vezes é característica transversal de muitos cidadãos em muitas cidades do mundo, torna-se uma arma de arremesso do jornalismo popular e populista. Como que essa aparentemente natural desconfiança pela diferença, pelo desconhecido, fosse aproveitado e canalizado ao serviço de valores tão antigos como perigosos. Felizmente acredito, que em larga medida, o ser humano é composto por um enorme grau de tolerância e de aceitação pela diferença.
É evidente que estaremos todos de acordo, no que diz respeito aos recentes acontecimentos do BES de Campolide. Repudiar completamente este tipo de assalto. Mas foram Brasileiros, como poderiam ser Ucranianos, como, e desculpe Dr. Moita Flores, poderiam ter sido Portugueses…
Não preciso de fazer o exercício, de o recordar dos acontecimentos assustadores protagonizados por um português na paria do Futuro, um tal de militão (e aí ao que parece as vitimas foram mesmo os reféns). Ou porque não lembrar que o caso que deu origem ao tão aclamado filme (com uma brilhante Jodie Foster) “Os Acusados”, dos anos 80, foi inspirado nos crimes de violação, protagonizados por diversos imigrantes e descendentes da comunidade portuguesa local.

Voltando ao tal jornalismo preguiçoso, já estamos por demais à espera, nomeadamente na SIC e foi me completamente impossível não lembrar do «caso Maddie» e de suas “raríssimas” (e digo-o sem pudor absoluto pelo poder da ironia) análises, Dr. Moita Flores. A prontidão com que lhe atribuiu contornos novelescos, esquecendo-se por vezes (mas mesmo só - algumas vezes) que não estava a construir o Guião de mais uma fabulosa série da RTP. Mas que estupidez Tiago, o que estás tu a escrever? Vai que o Sr. “pega” na ideia e nos surpreende em Setembro com uma série do caso mais mediático de sempre em Portugal. É que realmente e parafraseando o incansavelmente brilhante Ricardo Araújo Pereira: Houve de facto dois grandes desaparecimentos no caso Maddie, um foi sem dúvida a rapariga inglesa e o outro foi Francisco Moita Flores da Câmara de Santarém.
Dizem as más-línguas (outra vez) que o homem até se encarrega de dar a chave alguém para lhe acender as luzes de casa, durante as noites em que se encontra em Lisboa, para os pobres vizinhos pensarem que ele se encontra em casa. Muito bem Sr. Dr., pelo menos 3 ou 4 votos tem, garantidos. Os outros achamos, felizmente, que já não engana mais.

Tiago Pereira da Silva

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