Anjo triangular que guias!
O Aparelho em que voas,
Num vento forte que assobias,
Vê-se do alto de todas as trilhas boas.
Batalha nessa guitarra,
Sábio, o risco de te ganhar,
No fantástico som de farra
Nesse rio-voz de teu lar.
A tua inocência é viúva
Perdeu o elo da Fanga.
Vós, a eterna miúda
Com beijos escondidos na manga.
Na outra margem, te avisto
De onde os ruídos são manifesto
As causas de tudo isto
De um ser gente – imodesto.
De segunda a qualquer madrugada,
Espero por ti sem saudade
Porque a ânsia vem sempre cruzada,
Como a rima em vão – puberdade.
Aconteceu-me em Sevilha,
Pisar desse céu mergulhado,
Onde assinaste a cartilha,
Num perpétuo fio trilhado.
Conheço-te, enfim, Buenos Aires,
Lugar do teu começo
Avisto-te de três andaimes
E compro-te livre de apreço.
Meu povo de humor quente,
Vens para sempre educado
E eu por mais que tente
Não tenho em mim um soldado
Que lute por ti de dia
E cuspa teu sangue mais à noite.
Mas vejo sinceramente a via
Nesse ser anjo que de afoite.
Rodrigo Camelo
domingo, 3 de agosto de 2008
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