quinta-feira, 16 de outubro de 2008

A Song to Rodri!

Nomeiem alguém que seja expressão do meu inconsciente
Dessas, cujos ossos da face, parecem tornar tudo iminente
Como te chamas, ó cria que danças materna e nua?
E abraças as misérias dessa escrava que creio - tua.
É que a intima palavra, empresta-se, na solidão que te descreve.
Empregas todos os esquemas e escondes-te no leite que espreme
O cínico desejo. Eu oiço-te como o “Parvo” na ponte estreita
Dessa Barca Giliana, entre as duas grandes verdades:
O Inferno de viver, ou, o paraíso como possibilidade.

Como é afinal teu nome, que não cantas em vão ou frases feitas?
E que é meu mar no rio da descoberta ou na margem mãe em que te deitas
As linhas dessa folha não permitem que eu absorva as emoções
Ou a desordem que despejas, num diário novo de canções.
As palavras acumulam-se nesse rol que insistes em mimar,
De um qualquer texto que não é mais que o teu fervilhar.
Essas linhas são o filtro, para as palavras que destilam no intuito
De retirar todo o velho sofrimento, apenas com um plano fortuito.
Faz do cínico, um antónimo e deixa me voar na beldade
De um Inferno, sobreviver, ou o paraíso da vaidade.

Quem és tu afinal que me fazes tanta falta?
Que surges na luz altiva da noite de um sonho que veio de Malta,
Ou daquelas, numa tarde que tarda em se dar
Não, dizes tu! Venho da batalha entre - múltiplos medos a entrar.
Agora que te conheço, viajamos para o imenso vazio do mundo
Onde juntos enxergamos a luz, que suspeito bem lá no fundo
Vir toda de ti. E que fazem da minha solidão sedenta
O bem mais profundo, na epopeia da rota de colisão,
Entre dois mundos que não recebem, só dão.

E que se apropria e apropria da dor.
Ou na imensa barragem que canaliza meu suor no calor.
Provavelmente, como um mano fez da canção - Paloma
Sua propriedade. O seu mais que singelo cantar de broma.
Talvez até como - a “Guernica” se apropriou de Picasso
Ou de um Djavan cantando: “Faltando um Pedaço”.
Não vês que só desejo o teu ser em dias bissextos!
Podes esperar uns anos e multiplicar pelo número de textos,
Que escrevo lembrando, que a tua beleza é a maior coisa que existe,
Que sei do sítio, onde és de verdade e tua alma nunca desiste.

Sítio com um inferno e um paraíso a conviver
Onde o apelo da selva deixa a civilização a esmorecer.
Encontra-te também no outro de mim que não dói
E vê - beleza, no espinho que se crava no corpo que mói.
Estou para sempre no plasma desse teu corpo
Onde alimentei os mitos, como aquele que contempla um morto.
Ó meu Deus ateu de brancas nuvens, amplia o peso
E a pretensão de um pastor, que se quer sempre preso
Ao desejo de ver teu céu colidir, na bruma que não tem preço.

Rodrigo Camelo

1 comentário:

Anónimo disse...

" A GARGALHADA É O SOL QUE VARRE O
INVERNO DO ROSTO HUMANO"!...