quinta-feira, 30 de abril de 2009
domingo, 26 de abril de 2009
Filmes Tejo Exibe filme no Indie Lisboa09
1. Sinopse
Pedro (interpretado por Gonçalo Waddington) é um jovem encenador cheio de dúvidas sobre a peça de teatro político que tem nas mãos e a atravessar uma crise pessoal. Para além do questionamento do radicalismo revolucionário que essa peça coloca e que interpela directamente o seu próprio passado familiar, Pedro mostra-se também confuso com as novas responsabilidades e expectativas decorrentes da gravidez da namorada (Joana Seixas). A encenação parece indefinidamente bloqueada até que Pedro faz uma descoberta em casa da avó, que poderá explicar o desaparecimento do seu pai logo após a Revolução dos Cravos. Na caravana em que a família o costumava levar para férias em miúdo, Pedro encontra dois revólveres e vários documentos que lançam uma nova luz sobre tudo o que lhe tinham dito sobre a misteriosa figura do pai. Parte à procura de respostas, deixando todas as responsabilidades imediatas para trás. O filme de Ivo M. Ferreira, que assina aqui a sua segunda longa-metragem, é uma interpelante e rara revisitação ficcional de algumas memórias pós-revolucionárias portuguesas.
2. Datas de Exibição no IndieLisboa’09 e Ficha Técnica do filme
25 Abril, 21:45, Cinema São Jorge, Sala 1
29 Abril, 21:45, Cinema City Classic Alvalade, Sala 3
Ficção, Portugal, 2009, 85', 35mm
Argumento: Ivo M. Ferreira
Fotografia: Pedro Cardeira, Susana Gomes
Música: António Pedro
Som: Vasco Pimentel
Montagem: Rodolfo Wedelles, Sandro Aguilar
Com: Adelaide João, Cândido Ferreira, Gonçalo Waddington, Hugo Tourita, Joana Seixas, Juan Jesus Valverde, Lídia Franco
Produtor: Maria João Mayer
Produção: Filmes do Tejo II
3. Nota do Realizador
Houve, em todas as épocas, homens e mulheres que abdicaram das suas vidas pessoais para se dedicarem à política, para construírem um mundo melhor e mais justo. Tive o privilégio de me cruzar com um ou dois destes seres especiais, por quem sinto um imenso respeito e um grande fascínio.
Sinto, por vezes, boa inveja dos revolucionários da época do fascismo porque eles tinham um inimigo bem claro para combater.
No marasmo em que vivemos, o inimigo é ténue. O maior de todos parece residir dentro de nós. Da minha parte, tento sempre encontrar a melhor forma de o combater.
Durante dezenas de anos, para combater o fascismo, foram necessárias diversas formas de luta e, também, a luta armada. Após o 25 de Abril, quando se procuravam novos caminhos, vários grupos armados foram constituídos com vista a preservar o que alguns militantes de esquerda acreditavam ser o espírito original da revolução. Hoje,
parece-me absurdo, a mim que detesto violência, mas não condeno de modo algum estes processos em absoluto e, por isso, trato-os com respeito. Foram actos de coragem. Talvez até um dia, voltem a fazer sentido.
ÁGUAS MIL é a voz dos “filhos da revolução” exigindo à geração dos pais que contem o que se passou na História recente de Portugal, quando o País e o Mundo
transbordavam de ideias que caíram antes de se erguerem.
4. Biografia do Realizador
Nascido em Portugal em pleno rescaldo da revolução de 1974 e no seio de uma família de artistas politicamente activa, Ivo Marques Ferreira esteve desde sempre em contacto com o teatro e o cinema.
Iniciando a sua formação técnica e artística em Lisboa, trabalhando como fotógrafo, actor, produtor, encenador e “light designer”, Ivo segue para uma breve passagem na London International Film School, e na Universidade de Budapeste e chega finalmente à China, destino que marcará para sempre a sua vida pessoal e profissional: monta uma pequena produtora em Macau e realiza o seu primeiro filme (e recebe os primeiros prémios). De volta a Portugal, a convite da Exposição Universal de 1998, realiza uma também premiada curta-metragem e pouco tempo depois, dirige a sua primeira longa-metragem. Em 2006 recebe uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para um curso de Escrita de Argumento leccionado pela L.I.F.S., o que o levou a lançar-se na escrita, e realização, daquele que é até agora o seu projecto mais pessoal: “Águas Mil”.
Recentemente, acabou de ser pai e concluiu o documentário “Go with the Wind”, que o levou novamente à China, desta vez para abordar o tema da emigração.
in: Blog:Crónicas das Horas Perdidas
domingo, 19 de abril de 2009
Bob Dylan - I'll keep it with mine.
You will search, babe,
At any cost.
But how long, babe,
Can you search for what's not lost?
Ev'rybody will help you,
Some people are very kind.
But if I can save you any time,
Come on, give it to me,
I'll keep it with mine.
I can't help it
If you might think I'm odd,
If I say I'm not loving you for what you are
But for what you're not.
Everybody will help you
Discover what you set out to find.
But if I can save you any time,
Come on, give it to me,
I'll keep it with mine.
The train leaves
At half past ten,
But it'll be back tomorrow,
Same time again.
The conductor he's weary,
He's still stuck on the line.
But if I can save you any time,
Come on, give it to me,
I'll keep it with mine.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Verde, Anil, Amarelo, Cor de Rosa e Carvão
Porque me apaixonei de novo por ela!
Verde, Anil, Amarelo, Cor de Rosa e Carvão (EMI – 1994)
Por: Tiago Pereira da Silva
Ao terceiro disco, Marisa Monte encontra, definitivamente, o seu espaço e lugar cativo na lista das grandes figuras da música popular da América, a que chamamos portuguesa. Marisa chegou a considerar na época que: "Meu disco é o menos industrial e techno possível. Tem um som rústico, brasileirissímo...tudo dentro de um conceito musical mais denso, mais coeso, em relação aos meus trabalhos anteriores. Porque quanto mais brasileiro for, mais internacional ele vai ser", portanto, debruçando-se claramente sobre as suas raízes.
Verde, Anil, Amarelo, Cor de Rosa e Carvão (1994). É impossível resistir-lhe depois de uma cuidada audição. Eu próprio, que escrevo agora sobre ele, “ignorei-o” durante anos e anos a fio. Posso dizer que o ouvi, quase dez anos após o seu lançamento. É sinal, pelo menos para mim, de que resistiu, como clássico que deve ser considerado, ás irremediáveis vicissitudes do tempo. Aliás o tempo e a distância são, consideravelmente necessários, para avaliar com algum determinismo o tempo e lugar de um disco na história da música.
Logo aos primeiros acordes de “Maria de Verdade” - de Carlinhos Brown, percebemos estar na presença de algo diferente, embora familiar. O ecoar da sua voz (Marisa Monte) aos primeiros acordes, fazem desta música a parelha perfeita do universo iniciado (muito por força destas gravações) Marisa – Carlinhos. Destaque para o mais do que original “bolo alimentar percussionista”, de dois dos maiores expoentes brasileiros deste ofício, exactamente Carlinhos Brown e Marcos Suzano. A música que fez e que continua a fazer - Marisa de Verdade.
Em “Ao meu Redor” é por demais evidente a sua estilização poética no canto. E em “Segue o Seco”, definitivamente, uma de suas grandes obras, novamente a interpretação mais do que perfeita do universo baiano (sem h) de Carlinhos Brown. Aqui, tudo é incrivelmente doce, tudo é incrivelmente brasileiro. Desse Brasil inevitável e felizmente negro. Escusado será dizer que seus companheiros no “projecto” - Tribalistas, Carlinhos e Arnaldo Antunes vinham trabalhando nos discos de Marisa à anos a fio, pelo menos, desde o contemplado da crónica de hoje.
Tudo lhe sai bem em Verde, Anil , até a cover da música de Lou Reed, “Pale Blue Eyes”, aqui num arranjo completamente diferente do original, que lhe permite afirmar-se como cantora além fronteiras. Não é por acaso que Marisa Monte é a cantora Brasileira na actualidade, de maior sucesso nos EUA. “Em dezanove anos de carreira, Marisa vendeu mais de nove milhões de discos no Brasil e no exterior.
Marisa é considerada pela revista Rolling Stones Brasil, uma das mais notáveis revistas do mundo no segmento de música, como a maior cantora do Brasil, posto este antes ocupado por Elis Regina”.
Se existe recurso estético (presente neste disco) que ultrapassa grandemente a fronteira do tempo, essa é, seguramente, transparecida no tema – “Alta Noite” talvez o momento mais comovente do disco, em que Marisa canta as palavras de Arnaldo Antunes com a exactidão da métrica e musicalidade fonética roçando a melancolia, mas o controlo é sublime. “Munida” do consagradíssimo Nana Vasconcelos, percussionista brasileiro, respeitado no mundo todo, este tema é grandioso pela simplicidade de seu canto e pela ternura do abraço-voz-precursão. Para mim, sem precedentes. Estamos a falar de um altíssimo nível de exigência estilo e estética. Aqui a “parada” é alta mesmo e seu produtor Arto Lindsay, apercebendo-se do que tinha em mãos, poliu como quem resigna o corte de um diamante, com um monumental e irrepreensível arranjo de cordas.
Gilberto Gil e alguns dos músicos que trabalhavam com ele nessa época, também estão presentes no disco “Dança da Solidão” para só dar um exemplo. O som é por demais brasileiro. A qualidade é tão e somente evidente. E em “Bem Leve”, tema que poderia muito bem ter aberto o disco, Marisa Monte e seus pares demonstram mais uma vez, porque Verde, Anil deve constar definitivamente como um dos grandes clássicos de sempre da música brasileira. É que perdoem-me insistir neste ponto, e importa sublinhar que esta senhora já completou 40 anos de vida e o tempo só me trazem esta evidência. Quem souber de um disco feito e co-produzido no Brasil por um Brasileiro, nos anos 90, superior a Verde, Anil que atire a primeira pedra. Disse.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Num Clarão
Versão definitiva
Confesso que não percebi logo!
Ainda hoje permaneço imóvel.
Porque sei que esse alguém
Que te empurrou, vivia dentro e móvel
E sempre, sempre, perigoso
Aparelho insano de sexo preguiçoso.
Vejo tudo agora num clarão
E vejo a clara lua de uma tarde
Que não tarda, faz a noite parecer tua.
E sei que não desprezaste o fim, cobarde,
No verão em que apagaste teu sonho
E teu viver, subindo para um astro medonho
Onde se vê ao longe o teu corpo magro,
Os ossos nus da face e cavos na pele.
Vejo também a tua altura que estreita
Os prédios da cidade, a génese de teu mel
Onde a loucura enterra o deus
E abraça os que não dizem adeus.
Londres afagou-se num misto
De um Brasil de identidade duvidosa,
Ou “Paranás” com rosto de vitrina
Onde reina a quarta divida briosa.
A última, transformaste em dúvida
E as outras três, numa passagem húmida.
E rompe lençóis e armadilhas,
Vem fantasma, sem misticismo
Mas vem ensinar sem o lume do teu fim,
Recuperando desse eterno cismo.
E eu que estava ignorante da morte
Bebendo desse vinho e testando a sorte!
Voas agora numa cidade qualquer
De segunda a qualquer madrugada,
E espero por ti amigo, espero a saudade.
Conheço-te, enfim, Buenos Aires
Lugar do teu começo, livre dos outros
Onde desnasces e crias um outro
Quem gera este asqueroso mundo,
Gera também as lágrimas que cobrem
Teu rosto. E os olhos validam a dor.
Este “poema” perdeu a rima na denúncia
Mas ganha a forma na tua vida
E assim estamos os dois amigo - na lida.
Basta de intimidade!
É fácil ser próximo para essa premissa
Porque os que te julgam temem a ultima palavra.
E lembra-te, julgar é como preguiça
Dá trabalho aprofundar e entender.
Enterra-te, irmão, para veres nascer.
Vejo agora que: ser como tu não é fácil!
Ser teu corpo também não.
Faz tudo o que é preciso
E o que não é preciso, sem vão…
Não que esperes apreço de quem vive
Na ignorância; mas sim, em quem Lorca vive.
Onde mereces estar?
Onde contornas os automóveis em (Mi),
E o belo da vida em (Do). Deixa só
A cidade inteira olhando para ti
Porque és mistério, porque és possibilidade.
Porque so(l) assim és de verdade.
Rodrigo Camelo, Abril de 2009.
Confesso que não percebi logo!
Ainda hoje permaneço imóvel.
Porque sei que esse alguém
Que te empurrou, vivia dentro e móvel
E sempre, sempre, perigoso
Aparelho insano de sexo preguiçoso.
Vejo tudo agora num clarão
E vejo a clara lua de uma tarde
Que não tarda, faz a noite parecer tua.
E sei que não desprezaste o fim, cobarde,
No verão em que apagaste teu sonho
E teu viver, subindo para um astro medonho
Onde se vê ao longe o teu corpo magro,
Os ossos nus da face e cavos na pele.
Vejo também a tua altura que estreita
Os prédios da cidade, a génese de teu mel
Onde a loucura enterra o deus
E abraça os que não dizem adeus.
Londres afagou-se num misto
De um Brasil de identidade duvidosa,
Ou “Paranás” com rosto de vitrina
Onde reina a quarta divida briosa.
A última, transformaste em dúvida
E as outras três, numa passagem húmida.
E rompe lençóis e armadilhas,
Vem fantasma, sem misticismo
Mas vem ensinar sem o lume do teu fim,
Recuperando desse eterno cismo.
E eu que estava ignorante da morte
Bebendo desse vinho e testando a sorte!
Voas agora numa cidade qualquer
De segunda a qualquer madrugada,
E espero por ti amigo, espero a saudade.
Conheço-te, enfim, Buenos Aires
Lugar do teu começo, livre dos outros
Onde desnasces e crias um outro
Quem gera este asqueroso mundo,
Gera também as lágrimas que cobrem
Teu rosto. E os olhos validam a dor.
Este “poema” perdeu a rima na denúncia
Mas ganha a forma na tua vida
E assim estamos os dois amigo - na lida.
Basta de intimidade!
É fácil ser próximo para essa premissa
Porque os que te julgam temem a ultima palavra.
E lembra-te, julgar é como preguiça
Dá trabalho aprofundar e entender.
Enterra-te, irmão, para veres nascer.
Vejo agora que: ser como tu não é fácil!
Ser teu corpo também não.
Faz tudo o que é preciso
E o que não é preciso, sem vão…
Não que esperes apreço de quem vive
Na ignorância; mas sim, em quem Lorca vive.
Onde mereces estar?
Onde contornas os automóveis em (Mi),
E o belo da vida em (Do). Deixa só
A cidade inteira olhando para ti
Porque és mistério, porque és possibilidade.
Porque so(l) assim és de verdade.
Rodrigo Camelo, Abril de 2009.
Ray LaMontagne - You are the best thing
baby
it's been a long day, baby
things ain't been going my way
and now i need you here
to clear my mind all the time
and baby
the way you move me,
it's crazy
it's like you see
right through me
and make it easier
believe me,
you don't even have to try
[chorus]
oh, because
you are the best thing
(you're the best thing)
you are the best thing
(you're the best thing, baby)
you are the best thing
(you're the best thing, oooh)
ever happened to me
baby
we've come a long way
and baby
you know i hope and i pray
that you believe me
when i say this love
will never fade away
[chorus]
oh, because
you are the best thing
(you're the best thing)
you are the best thing
(you're the best thing, baby)
you are the best thing
(you're the best thing, oooh)
ever happened to me
both of us
had no love before
[to come on promising
like a spring
to walk on out the door]?
our words are strong
and our hearts are kind
let me tell you just exactly
what's on my mind
[chorus x2]
you are the best thing
(you're the best thing)
you are the best thing
(you're the best thing, baby)
you are the best thing
(you're the best thing, oooh)
ever happened to me
Por: TPS
Atenção a este "Gossip in the Grain" de 2008 terceiro álbum de Ray LaMontagne, que insiste em misturar Folk, muito Folk, Country e porque não Rock, e, resulta uma vez mais. Exemplo disso mesmo é o tema "You are the best thing".
Mas há melhor... Procurem ouvir pérolas como "Henry Nearly Killed Me (it´s a shame) que faz lembrar os Stones de «Let it Bleed» ou "Exile on Mn"; ou a deliciosa "Hey me, Hey Mama"... Que vozeirão!
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Algumas considerações sobre o filme “Che – Guerrilha”; Pangea e vá… uma ou outra sinapse a dormir.
Por: Tiago Pirado da Silva
Nunca me pareceu boa política ir ao cinema na última sessão, como também nunca me pareceu boa coisa começar um, qualquer, texto com a palavra (politica). Talvez tenha mesmo começado mal. Pelo menos deixo o “melhor” para o fim. Não se trata tanto de adequar a pertinência da palavra «politica» ao texto que agora ganha forma (só isso mesmo), mas sim, de encontrar uma de substituição com carácter de sinónimo bastante mais de acordo com o que procuro explicar.
Vamos tentar de novo!
Nunca me pareceu um bom investimento (...). Exacto, é isto mesmo.
Para quem quer dormir confortavelmente num sítio público é um desinvestimento considerável, se tivermos em conta as dezenas de torcicolos (vá estou a exagerar, mas para aí uns 7 ou 22) e toxicologias (não sei o que é isso, mas soa-me bem para este texto). Por outro lado pagar para dormir sentado é de bradar aos céus.
Eu sou um desses totós. Mas como vão ver nesta “interessantíssima” estória sem (h), não sou o único
Ainda para mais quando o filme em questão interessa e é a continuação de uma primeira parte, que em tudo não desmereceu a aceitação do publico. Falo de «Che – Guerrilha».
É curioso que só invoquei o título do filme (à parte do title of the post) aos 186 e 187 caracteres respectivamente. Quem, como eu, tiver a paciência de contar (só para fazer esta piada infeliz) concluiu o mesmo, se não – boa sorte.
Ver um filme como esta II parte, visualmente mais detalhada, mais documental sobretudo, com a concentração de um Dave Matthews torna-se um caso de esquizofrenia militante. Passo a explicar, alguns estarão lembrados de quantas e qantas vezes Dave interrompe um tema com ataques de riso, explicando ao público que estava com o pensamento em todo o lado menos na canção, ou nem sequer na rua de baixo.
Bom!
Vamos aos factos.
Encontrava-se o meu Tio e eu na sala, com mais três ou quatro corpos em decomposição talvez até em todo o edifício, e, comecei (no primeiro terço do filme) por precavê-lo para a imensa impossibilidade de me manter acordado; como que alguém a chamar-me do outro lado. Com o seu riso de verga, olhou para mim com os olhos mais sarcásticos do mundo (pois é os velhos é que se aguentam).
Foi-me completamente impossível não pensar em “Cercados”, em que apesar das longas sequências de tiroteio e bombardeamentos; tiveram no final que me transportar junto com a cadeira da sala do cinema.
Mas voltando ao filme, dou por mim já bem para o final do mesmo, imensamente desperto… entusiasmadíssimo para ver que tratamento Steven Soderberh iria arranjar para o assassinato de Che. Se envolveria a CIA ou não, aquelas coisas…
Entretanto olho para o lado e começo a ver o sofrimento de meu Tio para manter a cabeça na posição vertical. Os olhos denunciavam a sua nova idade. Utilizando um adverbio tão Buarquiano: provavelmente 235 anos.
Eu ria que nem um marsupial.
É então que chegada a parte, mais aguardada, os créditos - oiço do meu lado direito, (não podia ser esquerdo claro) uma voz sábia e estridente:
- “Este gajo era do caraças! No fundo queria libertar estes povos todos. Primeiro foi Cuba, depois Venezuela, e seguiu por ali abaixo, Congo, Bolívia, etc”.
Pausa
Lágimas
Pausa
Lágrimas
Pausa
Quem é que não se lembra do genial Sketch dos Gato Fedorento da época de ouro – Gajo de Alfama.
"O que nós precisávamos era que os americanos arrebentassem com tudo o que é país Muçulmano, começavam em Marrocos e acabavam vamos supor no Chile ou assim"
.
Bom o assassinato de Che terá sido mesmo a 9 de Outubro de 1967. Denuncia portanto uns anos 60 de Guerrilha em várias partes do mundo como na África e sobretudo América Latina. Ele foi de facto intemporal e muito à frente no seu tempo, mas
Invocarmos o paleolítico e a Pangea com 250 milhões de anos, parece-me também um pouco exagerado. Ninguém merece!
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