sexta-feira, 3 de abril de 2009

Algumas considerações sobre o filme “Che – Guerrilha”; Pangea e vá… uma ou outra sinapse a dormir.



Por: Tiago Pirado da Silva

Nunca me pareceu boa política ir ao cinema na última sessão, como também nunca me pareceu boa coisa começar um, qualquer, texto com a palavra (politica). Talvez tenha mesmo começado mal. Pelo menos deixo o “melhor” para o fim. Não se trata tanto de adequar a pertinência da palavra «politica» ao texto que agora ganha forma (só isso mesmo), mas sim, de encontrar uma de substituição com carácter de sinónimo bastante mais de acordo com o que procuro explicar.

Vamos tentar de novo!

Nunca me pareceu um bom investimento (...). Exacto, é isto mesmo.
Para quem quer dormir confortavelmente num sítio público é um desinvestimento considerável, se tivermos em conta as dezenas de torcicolos (vá estou a exagerar, mas para aí uns 7 ou 22) e toxicologias (não sei o que é isso, mas soa-me bem para este texto). Por outro lado pagar para dormir sentado é de bradar aos céus.
Eu sou um desses totós. Mas como vão ver nesta “interessantíssima” estória sem (h), não sou o único
Ainda para mais quando o filme em questão interessa e é a continuação de uma primeira parte, que em tudo não desmereceu a aceitação do publico. Falo de «Che – Guerrilha».
É curioso que só invoquei o título do filme (à parte do title of the post) aos 186 e 187 caracteres respectivamente. Quem, como eu, tiver a paciência de contar (só para fazer esta piada infeliz) concluiu o mesmo, se não – boa sorte.

Ver um filme como esta II parte, visualmente mais detalhada, mais documental sobretudo, com a concentração de um Dave Matthews torna-se um caso de esquizofrenia militante. Passo a explicar, alguns estarão lembrados de quantas e qantas vezes Dave interrompe um tema com ataques de riso, explicando ao público que estava com o pensamento em todo o lado menos na canção, ou nem sequer na rua de baixo.

Bom!
Vamos aos factos.
Encontrava-se o meu Tio e eu na sala, com mais três ou quatro corpos em decomposição talvez até em todo o edifício, e, comecei (no primeiro terço do filme) por precavê-lo para a imensa impossibilidade de me manter acordado; como que alguém a chamar-me do outro lado. Com o seu riso de verga, olhou para mim com os olhos mais sarcásticos do mundo (pois é os velhos é que se aguentam).
Foi-me completamente impossível não pensar em “Cercados”, em que apesar das longas sequências de tiroteio e bombardeamentos; tiveram no final que me transportar junto com a cadeira da sala do cinema.

Mas voltando ao filme, dou por mim já bem para o final do mesmo, imensamente desperto… entusiasmadíssimo para ver que tratamento Steven Soderberh iria arranjar para o assassinato de Che. Se envolveria a CIA ou não, aquelas coisas…
Entretanto olho para o lado e começo a ver o sofrimento de meu Tio para manter a cabeça na posição vertical. Os olhos denunciavam a sua nova idade. Utilizando um adverbio tão Buarquiano: provavelmente 235 anos.

Eu ria que nem um marsupial.

É então que chegada a parte, mais aguardada, os créditos - oiço do meu lado direito, (não podia ser esquerdo claro) uma voz sábia e estridente:
- “Este gajo era do caraças! No fundo queria libertar estes povos todos. Primeiro foi Cuba, depois Venezuela, e seguiu por ali abaixo, Congo, Bolívia, etc”.

Pausa
Lágimas
Pausa
Lágrimas
Pausa

Quem é que não se lembra do genial Sketch dos Gato Fedorento da época de ouro – Gajo de Alfama.
"O que nós precisávamos era que os americanos arrebentassem com tudo o que é país Muçulmano, começavam em Marrocos e acabavam vamos supor no Chile ou assim"
.
Bom o assassinato de Che terá sido mesmo a 9 de Outubro de 1967. Denuncia portanto uns anos 60 de Guerrilha em várias partes do mundo como na África e sobretudo América Latina. Ele foi de facto intemporal e muito à frente no seu tempo, mas
Invocarmos o paleolítico e a Pangea com 250 milhões de anos, parece-me também um pouco exagerado. Ninguém merece!

3 comentários:

Anónimo disse...

genial

muito bom
foi só rir rir rir rir rir......

nota:10

o tio bezzzzzzouro

flávia disse...

Assisti a um video bem engraçado no youtube, no qual Benicio Del Toro gagueja numa entrevista sobre o filme quando é perguntado sobre o que tinha a dizer sobre o massacre que Fidel e seus amigos fizeram em Cuba,ele entao faz uma cara e diz desconhecer tal fato...lastimável! Toda historia tem dois lados.

Tiago Pereira da Silva disse...

Claro Flavinha !!!!
Em parte concordo contigo....
Mas o facto de se admirar uma figura singular como Che na história politica do Séc. XX não é exactamente a mesma coisa que subscrever algumas barbaridades que foram cometidas mais tarde em Cuba. Que eu também não aprovo.
Estou convicto até, de que se o Che fosse vivo nos anos 70 e 80 não concordaria com muita coisa que se seguiu e contrariou, em meu entender, as ideias revolucionários de Che e talvez até do próprio Fidel, que deixou-se sucumbir pelo seu próprio idealismo.
O problema maior no que toca a Cuba é que a grande maioria não esta lá para ver…e apercebemo-nos da realidade Cubana através da imprensa, que tem como prato predilecto manipular convenientemente a noticia para influenciar a opinião pública.
Parafraseando o “nosso” adorado Chico Buarque que como sabes sempre foi um defensor da causa Cubana tendo tal como Saramago, feito saber que não aprovava as excussões em Cuba: Mas pelo menos Cuba, ao contrário da maioria da América Latina, resolveu as mais importantes questões no que toca ao saneamento básico. Uma saúde, educação e cultura de vanguarda. Distribuição racional dos recursos.
Qualquer coisa deste género.
Subscrevo!