sexta-feira, 24 de julho de 2009

Let´s Dance - David Bowie ou não será antes SRV?





Por: Tiago Pereira da Silva
A propósito de Let´s Dance de David Bowie, que para mim surge nos anos 80 como que um recado de que ainda era possível fazer grandes temas de rock, sobretudo para a geração de Bowie, Reed, e claro a de Jagger, Clapton, McCartney e outros; mas dizia eu que re-ouvir Let´s Dance fez-me lembrar, veja só caro leitor (o mais que improvável comentário ou comparação), um testemunho de Chico Buarque sobre a poesia de João Cabral de Melo Neto. Chico dizia que entre outras coisas, parecer uma poesia polida em cimento, quase fria, anti-derramamento emocional, mas capaz de nos emocionar brutalmente.

Este paralelismo com o universo da poesia, e a por demais necessária para mim, comparação com o universo desse talentosíssimo e saudoso guitarrista chamado: Stevie Ray Vaughan.

Este é o senhor que ouvimos no tema de Bowie, que certamente à época fez milhares de adolescentes (pretendentes a guitarrista) procurarem conhecer o guitarrista de Let´s Dance, de tão simples e bem feita que é a sua contribuição no tema.
Mas é totalmente escusado dizer que SRV foi, é (porque o seu legado vive) muito mais do que um grande guitarrista… e até parece redutor invoca-lo, através desta musica (não sua e que pouco tem que ver com o seu património musical) de DB.

Mas a verdade é que ouvi-lo nos créditos finais do inconsequente filme “O Barco do Rock” através desta música, fez-me recordar a verdadeira paixão que tenho por esta referência. Para mim e com uma considerável carga de subjectividade (tantos seriam os subgéneros dentro do mesmo instrumento) o guitarrista mais influente que apareceu pós-Hendrix. Aliás é curioso que ninguém consegue se aproximar tanto da sonoridade de Jimi e ao mesmo tempo ter uma marca tão pessoal. Por exemplo, a muitos anos luz de distancia, John Mayer quer sugar tanto a influencia de SRV sobre a sua forma de interpretar aquele instrumento que acaba por não criar nada de muito seu. E atenção que tenho uma profunda admiração pela forma de Mayer tocar Rock-Blues. Mas só para citar um exemplo, que demonstra que o que SRV fez em tão pouco tempo é extraordinariamente difícil.

Tal como a poesia de João Cabral, não é fácil (na minha opinião) entrar na música de SRV, mas depois dá a sensação como acontece quando se lê (João Cabral) que não existe mais nada.
Como ele fez por exemplo com «Little Wing» de Hendrix – em que se apropriou de tal forma do tema, que já não conseguimos ouvir mais nenhuma versão. E como é poeticamente agressiva a sua forma de tocar, com um nº de cordas de deixar mudo quase todos os pretendentes a próximos SRV. Agressiva no maravilhoso sentido do termo. É difícil até explicar!

Coloco então um desafio ao leitor e a propósito do post: coloque Let´s Dance num volume considerável, (vinil seria ideal) …depois é só esperar pelo aguardado 01:40 da música e perceber que aquela entrada de Vaughan é inconfundível. Ninguém tocava daquela maneira. Aos 03:27 David Bowie deixa SRV solar até, silenciar-se a música, nessa altura o caro leitor já terá sido levado até Ayers Rock na Austrália.

1 comentário:

Enzo disse...

Parabens cara
Gostei do post...

Conheci a musica Let's Dance hoje (9 de junho), a procurei na internet por saber que tinha a presença de SRV. Mas de fato, o 1º minuto e 40, se nao soubesse que era ele, diria pelo menos que esse cara lembra o SRV.

hauhauahauhauahuahauha

Valeu