domingo, 13 de setembro de 2009

Aconteceu-me em III actos
Sabes! Como quando os olhos te dizem:
- Que procuram já nem sei mais o quê.
Exaustos das lágrimas que não reconhecem mais, o local de origem
Pensei até que o orgulho desorientado,
me levasse a um outro sitio.
Preciso de sentir o pulso de ser humano outra vez
Respirar o ar de meus irmãos escravos
Deixar-me perder em todas as frentes
Ser a antítese de heroina e ser devoto das emoções
Como na conversa que tivemos,
Quando o chão mais estável – foi lama
Quando a ausência mais profunda - foi tua.
E como se te apropriasses do espirito de quem te descreve:
Reveste toda esta folha de negro,
Como se a lava profunda e seca
te alcançasse
- Contagia-te, arrefece desenfreadamente
E vê apenas como ilusão, a tua emoção inicial.
Desapropria-te da memória áspera dos tempos
Se eu pudesse dar mais,
Criaria um verso indiferente a tudo o que nos dizem.
Para juntos navegarmos neste estranho lago ao relento
Onde me confesso imortal na dor que trazes
E tanto medo...
Quase como qualquer circunstancia militar
Onde a cor da luz nunca é possibilidade.
Por isso vejo o espaço amplo do negro
Que cobre as nossas faces alisadas por este vento,
De quem trouxe tudo à tona, meu camarada,
Separação prometida, lágrimas sem rosto.
- E se te havia dito: para “ouvires os olhos”
É porque sei,
que a paz virá da ampla luz do teu templo.

13 de Setembro
Rodrigo Camelo

1 comentário:

Ana Paulo disse...

Sempre que nos revestimos de negro, evitamos a verdade em doses suaves. Quando ela é tão mais verdadeira quando é servida de rompante...
E quem não sabe "ouvir os olhos", jamais saberá ler as palavras que os lábios desenham...

AP