quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A uma mulher

Uma mulher
Parece que a vejo curvada sob a escrivaninha
E avisto verdade em todos os seus vocábulos!
Que evita o óbvio em que nos deitamos
E que até da perpétua premissa banal,
Acrescenta um quê - transcendental.

A que, em cada vão acaso
Torna o driblar profundo do tempo
A sua lógica existencial.
Basta multiplicar sua prosa no mundo
E rimar, quando acrescentamos seu sal.
Há qualquer coisa de início, nela.

Preciso chegar-lhe, alcançar-lhe o Tu
Para poder dizer-lhe:
Escalamos os dois o medo na essência,
Que desconheces, mas que abastece o meu sinal
E nem quando a Barca de Gil afunda
Prevejo fraqueza na mulher, onde a fé abunda.

Porque temperas todos espaços em que te vês,
Com a tua natureza profunda.
Sonhas horas inteiras - a navegar
És viagem, és a rota de Espinosa
Mesmo quando és antítese igual:
A uma leve e carinhosa rebeldia.

Pareces parar todos os momentos
Provavelmente para abastece-los de ti.
Ás vezes penso, como quem te celebra
Minha camarada da verdade mutua,
Da que ainda nem caminhámos juntos...
Mas cada gesto teu denuncia

Que nem precisamos desafiar a sorte
Exigimos só o sul como caminho,
Avistar os que vivem famintos e ao relento,
De dizer apenas: hoje é o dia
E partir a Terra entre dois mundos
|Porque és o avesso cósmico que ela precisa |

Julho 2009

1 comentário:

Anónimo disse...

Sera que têm noção da aberrassão que é esta mania pseudointelectual de tentar atingir os outros? A maldade nao se esconde com palavras bem escritas.