domingo, 28 de janeiro de 2007

Excertos do texto "Diários de Londrina"

10/08/04


Da varanda do meu quarto avisto tantas marcas tão características de uma cidade que até então virgem de meu olhar, com tudo e nada, do que se espera encontrar na América do Sul.
Os carros circulam agressivamente nas ruas, as pessoas precipitam-se em pequenos gestos, quase singelos, peculiares, como que não temendo o avançar na direcção de uma vida incerta. Tudo isto está repleto de traços muito fortes, que identificam qualquer brasileiro, qualquer Brasil... Here, There and everywhere. Estou quase só em Londrina, sentido aquilo que acredito ser a solidão aquando da fascinação de uma primeira imagem – a da varanda. Os portões de todas as cores tornam-se belos para os meus olhos de um europeu que se divide entre dois lugares. E enquanto os meus olhos procuram no céu a cor da saudade, o cheiro que me invade trás a brisa de ... o azul invade todos os sentidos(...)

Tudo parece tranquilo, mais próximo, mais meu, mais brasileiro, mais luso, ou será simplesmente, o tão natural fascínio de ser o outro e de realmente o estar a ser, sendo mais eu, conhecendo o que até então estava oculto, uma outra dimensão em mim.
O Caetano e o Chico falam-me ao ouvido, o sim, o não e o talvez, a bruta voz do ser do Brasil. O Chico tão representativo e a mais exacta adequação do ambiente boémio cultural do Bairro da Lapa (Rio de Janeiro), ou o poeta do povo, aquele que consegue chegar a todas as classes, mesmo tendo vindo de uma família elitista, filho do grande sociólogo brasileiro Sérgio Buarque de Hollanda o autor de Raízes do Brasil. Chico...
Caetano corre me nas veias, tal como Chico mas de uma forma diferente, mais intensa, mais empática, é como que o camaleão que se transforma como uma rima exacta, no tempo exacto de um som.... Lá fora, alguém fala da TV Globo e o mundo para mim circula ao “bumm” de uma percussão. As palavras na fala de Caetano parecem-me sempre ter uma dimensão superior, um outro significado, a contemplação perfeita do seu significado(...)
De repente, sou transportado para daqui a seis meses, para um centro comercial qualquer e vejo-me estupidamente a passear e percebo o impacto e a importância que o Brasil todo teve e tem para mim e como foi alucinante a nossa viagem (...)

Por: Tiago Pereira da Silva

2 comentários:

flávia disse...

Tiago!
É a Flávia...
Que alegria ler esse seu blog!
Lindo esse texto, saiu na Folha de Londrina?
Muitas saudades de ti, meu querido! Muitas lembranças de vcs e de Londrina...
Engraçado ver teu blog que é exatamente o memso modelo do meu. Faz uma visitinha lá!
bjos querido

flávia disse...

Hehehehehe, me enganei ao ler "Diário de Londrina" achei ser o jornal...affff! de qualquer forma o texto é maravilhoso.
bjo