sábado, 29 de março de 2008

A crítica “Anti-Fundamentalista”.


Por: Tiago Pereira da Silva

Começo por dizer, como bom anti-fundamentalista que sou, que quem nunca ouviu o Dylan com um aparelho auditivo de Elefante, não sabe o que anda a fazer nesta vida. Proponho, para os que entram neste lote restrito de pessoas e que se encontram (por acidente) a ler este Blog (que se chama apropriadamente “Manipulator of Crowds”) num qualquer 2º ou 3º andar de um prédio, para fazerem aquilo que têm a fazer (passe a redundância): atirem-se deliberadamente para o vazio da vossa existência sem Dylan, que é como quem diz para um terraço qualquer, ou até mesmo, a rua. Importa chamar a atenção para os que, como eu, vivem num 1º andar e cuja janela do quarto (onde me encontro) dá acesso a um terraço, ou seja, 50 cm do chão - arranjem uma alternativa que passe por pegar num garfo, picotar os pulsos e esperar para ver o que acontece. Há uns meses atrás vi, pela primeira vez a tão famigerada lista da revista Rolling Stone – com a lista das 500 melhores canções de sempre, (numa consideração feita pelos jornalistas da redacção, especialistas para o efeito). Sem surpresas, (diria!) vinha em 1º lugar da lista uma canção de Bob Dylan, e, que canção! “Like a Rolling Stone” que é sublime tanto no tratamento literário, como na ostentação musical que preconizou na época. Uma letra transversal e imune à passagem do tempo. Daquelas, que não envelhece. Bob Dylan é para muitos, um candidato natural a Nobel da Literatura, por todo o seu cancioneiro magnífico.

O mais engraçado é que nem considero “Like a Rolling Stone” a sua melhor música, quando penso na densidade poética e marca de estilo Dyliana. Mas isso também não importa nada. Gosto particularmente de letras obscuras como “Visions of Johanna” ou “Jokerman”. E ainda hoje encosto o carro se por um equívoco de alguma estação de rádio, oiço o tema “Tangled up in Blue”, ou até mesmo “Buckets of Rain”. Dylan terá dito mesmo que com o álbum “Blonde on Blonde”- aproximou-se como nunca do som que saía ou tocava na sua cabeça. Sendo a sua faixa preferida, justamente “Visions…” que não sabemos, se de uma Joan Baez, se do Diabo, se do quê?

Bom!!! O meu braço esquerdo (naturalmente mais próximo do coração) começa a fraquejar. Estou rodeado de vermelho e incapaz de continuar a batalhar com este teclado.

E isto é - tudo o que vejo acontecer agora.


In: O Sapo e a Parafusa

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