segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Nesse Rio Maldito

E é em Blindness de Meireles que penso, e, uma banda sonora que se funde, com o que os olhos ditam.

Anos de vida amarga,
Entardecer…
Velhos oiço cá dentro.
Essa voz que vós escutais
É também meu coração sangrento,
Ferido dos inúmeros punhais.

É nessa gruta que o guardam?
Não vêem que ele espreita
Sempre um pouco?
Fechem-no às vezes…
Nesse cofre-asfixia de um louco
E deixem que apodreça uns meses.

Findem todas as passagens de ar.
Que estranha fragrância que deita!
É como se de matéria tratasse,
Dessa entranha de mim,
Quero um volte face,
Nessa luz branca sem fim.

Vinde tu, sino da morte.
Toma-o como teu segredo,
Derrama o vinho brando sobre a testa
Guarda, ri e esconde…
Engole a chave nesta,
Dose de corpo onde

Os cafezais são seu abrigo,
Como um vácuo ao subversivo.
E nem a luz desses ordinários
Coloca negros nus ou ao relento,
Mutação estilo Portinaris
Ou as selvas que me deixam sedento,

De ir ao som de um Purus River.
Desse copo de corpo Inglês,
Que agita as águas de um rio
Minimalista, de onde vêem peixes
E os teus tesouros no frio,
Só precisa, mesmo, que deixes

No bater desse coração,
Propicio como algo que vejo
Na escuridão de um rio maldito,
Entrar no Amazonas de ti.
Sem mais um grito erudito
De um corpo som Uakti.


Rodrigo Camelo

1 comentário:

Anónimo disse...

AO JOVEM POETA
EU ME CURVO COM A GRANDEZA DO VOSSO
TALENTO.

"Á SEMPRE MUITO SUMO NAQUILO QUE
ESCREVES"

O

BZZZZZZZ