domingo, 14 de dezembro de 2008

“Quem se atreve a me dizer…”




Los Hermanos

Por: Tiago Pereira da Silva

Quem se atreve a me dizer que estes senhores não são/(eram?) uma das melhores bandas da actualidade?
Como chegou a sugerir Pedro Adão e Silva: a melhor banda a fazer rock em português. Que inteligentemente chamou a atenção para mais um aspecto de extrema importância no universo do rock, a confluência de duas guitarras numa banda. Existem inúmeros exemplos de como é muitíssimo difícil.
Então com este cessar, já longo, de actividade por parte dos membros de Los Hermanos lembrei-me por diversas razões de Los Hermanos como uma espécie de “Beatles” brasileiros. E os próprios membros da banda que me perdoem a imensa ousadia, mas vejo a força da criação colectiva numa banda de rock (por mais que os possamos encaixar noutros estilos) tal como identificava nos fab-four. Um Lennon/McCartney como Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante. A individualidade e originalidade parecem desafiar um e o outro. Mas enquanto membros da banda. Um individuo ao serviço do colectivo. Quer John Lennon, quer Paul McCartney nunca chegaram a compor um tema (em suas carreiras a solo), ao nível de grandes temas, enquanto Beatles. Penso que muitos criticos concordarão com esta apreciação.
Vejo mais paralelos entre Los Hermanos e os Beatles. Quando penso por exemplo, que o grandíssimo George Harrison numa de suas últimas gravações, fez uma cover de “Anna Júlia”.
Mas não é só isso que dignifica a musica, muito menos, por tocar vezes sem conta nas Rádios, numa até, alguns anos atrás galopante banalização militante. Mas como diria Amarante, parece que pelo facto de vender e fazer sucesso já é sinónimo de mediocridade. Parece que incomoda as pessoas.
Eu vejo-a como uma espécie de “She Loves You” de Los Hermanos. E é tão redutor avaliar Los Hermanos por ela, como os Beatles por “She Loves you” É inqualificavelmente superior o segundo período de criação dos Beatles, em termos de criação musical (65-69), relativamente ao primeiro (62-64). Curiosamente corresponde ao período de menor sucesso comercial da banda. Muito embora estejamos a falar claramente de um exemplo onde o popular convive de mãos dadas com a qualidade e excelência, ou não fossem eles a “maior máquina de fazer música de todos os tempos”.
Pois bem, com Los Hermanos acontece algo semelhante… é preciso ouvi-los. E tudo se impõe naturalmente. “4”, “Ventura” ou “Bloco do eu sozinho” são tão importantes na música contemporânea feita em português, como foram alguns dos discos dos fab-four para a Inglaterra dos anos 60.
Ir um pouco ao encontro das figuras, Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante como cantores/compositores/letristas, sobretudo enquanto cidadãos e como olham para o mundo. O entusiasmo é ainda superior quando a relacionamos com estes discos de Los Hermanos.
Aliás a sua relação com a indústria musical é sui generis, a própria forma como desafiam o Statu Quo - deveria ser ensinada em algumas escolas de formação musical. Não via/ouvia alguém tão provocativo, critico, corrosivo para um determinado tipo de imprensa como Rodrigo Amarante, há muitos anos. Aliás, para os mais curiosos, poderão dar uma espreitadela no Youtube: qualquer coisa como Rodrigo Amarante Vs Repórter é sublime de tão lúcido, o seu ataque ao repórter. A fazer lembrar um estilo Dyliano moderado. (Risos)

O surgimento de Rodrigo Amarante no 2º álbum “Bloco do Eu Sozinho” com composições como "Sentimental" ou "Cher Antoine" trazem uma nova dinâmica ao grupo. A primeira, para mim, um dos temas mais bem feitos que ouvi nesta década musical do Brasil. Passamos a ter Camelo e Amarante numa espécie de diálogo individual, para a construção de uma narrativa colectiva.
O espaço do teclista Bruno Medina na banda, passa a ser do tamanho do seu talento - como magnifico instrumentista que de facto é.
Se observarmos o videoclip oficial da música “Condicional” deparamo-nos com outra interessante realidade em cada um destes quatro músicos se insere. A total “despreocupação” (leia-se no bom sentido do termo) com a imagem… o visual quase descuidado, barbas do tamanho de um revolucionário cubano.
O oposto do que as grandes produtoras musicais procuram hoje em dia.
Tudo isto cria uma forma muito própria de estar no universo fonográfico, parecendo dizer: nós só estamos aqui para fazer música com afecto e sinceridade. Da melhor forma que sabemos.
Nós, agradecemos.

2 comentários:

Ariana Rocha disse...

Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba, quem se atreve a me dizer, não eu não sambo mais em vão...
literalmente, samba e salsa é apenas mais uma ousadia desses guris roqueiros.
Sabe portuga que alguns anos atras tipo meados 1999 ou 2000 n me recordo o ano, assisti uma reportagem do George Harrison no fantastico (jornal de domingo) cantando e falando bem sobre a musica ana julia a qual era um estoro nas radios, só me rocordo bem deste momento pq nesta época n perdia nenhum show da banda q tocou varias vezes no ginasio da minha escola, eles eram rock 'n roll barulheira, hoje em dia o show deles é mais tranks!! rsrs
bjokasssssss

Anónimo disse...

Quem se atreve a me dizer ............ isso é portugês?