domingo, 29 de março de 2009
Los Hermanos - Condicional
Quis nunca te perder
Tanto que demais
Via em tudo o céu
Fiz de tudo o cais
Dei-te pra ancorar
Doces deletérios
E quis ter os pés no chão
Tanto eu abri mão
Que hoje eu entendi
Sonho não se dá
É botão de flor
O sabor de fel
É de cortar.
Eu sei é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim
Do que eu preciso é lembrar, me ver
Antes de te ter e de ser teu, muito bem...
Quis nunca te ganhar
Tanto que forjei
Asas nos teus pés
Ondas pra levar
Deixo desvendar
Todos os mistérios.
Sei, tanto te soltei
Que você me quis
Em todo lugar
Lia em cada olhar
Quanta intenção
Eu vivia preso!
Eu sei, é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim.
Do que eu preciso é lembrar, me ver
Antes de te ter e de ser teu
O que eu queria, o que eu fazia, o que mais,
Que alguma coisa a gente tem que amar, mas o quê?
Não sei mais!
Os dias que eu me vejo só são dias
Que eu me encontro mais e mesmo assim
Eu sei tão bem: existe alguém pra me libertar!
Rodrigo Amarante
A dança final na versão de Multishow registro é só por si poesia
quarta-feira, 25 de março de 2009
Poema Sujo - Ferreira Gullar
E volto a ele, porque passado tanto tempo ... Ainda recupero do seu impacto. Por isso, caro leitor, apesar da repetição (perdoem-me desde já) não há forma de exprimir tudo o que sinto sobre esta obra prima com mais de cem versos.
Por: Ivan Junqueira
(...)Poema Sujo essa nova e estranha canção do exílio que constitui talvez a mais alta e bem sucedida experiência realizada de um contemporâneo entre nós no que se refere ao poema longo, de que é escassa, aliás, a moderna poesia brasileira. Exilado pela ditadura que se instalou no país em 1964, Gullar volta à sua infância maranhense para conceber, segundo Vinicius de Moraes, “o mais importante poema escrito em qualquer língua nas últimas décadas”. Para Otto Maria Carpeaux, o poema sujo “merceria ser chamado de poema nacional, porque encarna todas as experiências, vitórias, derrotas e esperanças da vida de um homem brasileiro. (…)
É discursivo, palavroso, pungente, carregado – enfim, sujo. E é nessa sujeira, nessa sinceridade a qualquer preço, que reside exactamente a sua grandeza. Suas fundas entranhas memorialísticas doem, comovem, arrebatam. (…)
Ao ver-se submetido às dolorosas instâncias do exílio que não escolheu, Gullar recosntroi a sua própria vida e, de alguma forma, reescreve a sua poesia através de um regresso às matrizes de sua formação como poeta e como ser humano. Tudo aqui está a serviço de uma única verdade, a da sua existência concreta dentro de uma situação dada, na qual o arbítrio jamais é livre, e com tudo o que nela existe de sublime ou de asqueroso, ou seja, de sujo:
E também rastejais comigo
pelo túneis das noites clandestinas
sob o céu constelado do país
entre fulgor e lepra
debaixo de lençóis de lama e terror
vos esgueirais comigo, mesas velhas,
armários obsoletos gavetas perfumadas de passado,
dobrais comigo as esquinas do susto
e esperais esperais
que o dia venha
(…) Sufocado e sem perspectivas imediatas, o poeta arranca às próprias entranhas essas imagens e metáforas do desespero. E o que fulgura no poema não se reduz à náusea ou aos miasmas de suas vísceras, mas à própria nudez de sua alma, aos ossos que lhe restaram após a dilaceração da carne e de seus efémeros prazeres.
In: Ferreira Gullar – Obra poética, prefácio de Ivan Junqueira
Por: Ivan Junqueira
(...)Poema Sujo essa nova e estranha canção do exílio que constitui talvez a mais alta e bem sucedida experiência realizada de um contemporâneo entre nós no que se refere ao poema longo, de que é escassa, aliás, a moderna poesia brasileira. Exilado pela ditadura que se instalou no país em 1964, Gullar volta à sua infância maranhense para conceber, segundo Vinicius de Moraes, “o mais importante poema escrito em qualquer língua nas últimas décadas”. Para Otto Maria Carpeaux, o poema sujo “merceria ser chamado de poema nacional, porque encarna todas as experiências, vitórias, derrotas e esperanças da vida de um homem brasileiro. (…)
É discursivo, palavroso, pungente, carregado – enfim, sujo. E é nessa sujeira, nessa sinceridade a qualquer preço, que reside exactamente a sua grandeza. Suas fundas entranhas memorialísticas doem, comovem, arrebatam. (…)
Ao ver-se submetido às dolorosas instâncias do exílio que não escolheu, Gullar recosntroi a sua própria vida e, de alguma forma, reescreve a sua poesia através de um regresso às matrizes de sua formação como poeta e como ser humano. Tudo aqui está a serviço de uma única verdade, a da sua existência concreta dentro de uma situação dada, na qual o arbítrio jamais é livre, e com tudo o que nela existe de sublime ou de asqueroso, ou seja, de sujo:
E também rastejais comigo
pelo túneis das noites clandestinas
sob o céu constelado do país
entre fulgor e lepra
debaixo de lençóis de lama e terror
vos esgueirais comigo, mesas velhas,
armários obsoletos gavetas perfumadas de passado,
dobrais comigo as esquinas do susto
e esperais esperais
que o dia venha
(…) Sufocado e sem perspectivas imediatas, o poeta arranca às próprias entranhas essas imagens e metáforas do desespero. E o que fulgura no poema não se reduz à náusea ou aos miasmas de suas vísceras, mas à própria nudez de sua alma, aos ossos que lhe restaram após a dilaceração da carne e de seus efémeros prazeres.
In: Ferreira Gullar – Obra poética, prefácio de Ivan Junqueira
domingo, 22 de março de 2009
Como me Ensinaste Amigo
Desafiei a vida a ser mais real.
Construo mundos ou linguagens e
Sem nunca me aproximar do mito
|Bebo desse «Cristo Estigmatizado» |
É que mesmo sem rezar com um terço
Permaneço a um terço de sua ambição
Cito-te apenas ao terceiro dia
E só para começar: Pátria o Muerte!
É lógico de quem falo amigo
Onde a palavra dele cessa a Utopia
E sua Sierra permanece Maestra.
Concordo que minha agonia
|é quase sempre agnóstica |
Por não acordar junto dos que fizeram
De uma Guerrilha um poema -
Na mais romântica das revoluções.
E faço sempre como me ensinaste amigo
Exijo o impossível – que é realisticamente simples.
Ou simplesmente realista.
|ninguém evita um estado de estúrdio |
Até como Alegre gritou teu grito
- Subindo a montanha que há dentro de nós!
E sem um: basta de intimidade!
Entro no convívio dele.
Uns quantos subvertem tua mensagem,
Outros apregoam teu mito em vestuário.
Bem sei que a coragem que trazias,
Não esmorece em quadros, bandeiras ou paredes
Mas para quem quer entender esse olhar de berço Rosário
Precisa mergulhar na palavra de verdade,
Opressor, oprimido, justiça,
|Onde não cabe etc. |
E precisa não sentir a dengosa melancolia do conceito
E não caracterizar tudo o que sempre descaracterizaste.
É o avesso disso irmão! E vê átimo que:
|é ter no lugar da razão o que o Che via |
Ninguém pode soverter o Coração.
Mas era também raciocínio
Estratega nato,
Numa impiedosa essência via
Sobre uma América imensa:
|Apenas a maiúscula das letras|
|Apenas a união|
|Apenas transversal|
E contigo digo - como é delicado esse Apenas!
Tua morte permanece um mistério
Porque da algazarra infame daquele dia
Dos que pensavam simplesmente matar um homem
Criou-se em La Higuera - para o mundo
|Algo Divino|
|Morremos todos um pouco nesse dia|
Mas seguimos sempre na vida - sob teu olhar
E termino dizendo contigo: Pátria ou morte.
Rodrigo Camelo
22 de Março de 2009
quarta-feira, 18 de março de 2009
Sem título
Vejo uma cidade inteira
Dentro dos teus olhos!
E vejo em estado puro,
Uma fábula em composição.
Não tenho medo de errar,
Deixemos de “Era uma vez…”
É que haver gente que erra é original
Logrou um guardador de rebanhos.
E eu guardo tua mão cheia de mel,
Permanecendo atento e a olhar.
Só olho mesmo, num não pensar
Pessoano. Só a ti te vejo.
Os dois rumo ao ar
Porém, vou sem esqueleto.
E tu, sem matéria mineral,
Na pele de uma mulher sedenta,
De coisas que te farão perdurar…
Eterna e livre, massa orgânica de meu ar.
Vejo-te agora minha mulher
Cidade de colinas e vales glaciares
Que percorro sem medo de me perder
Embora teu cheiro denuncie ainda pomares
De uma aldeia que vejo à minha mercê
Só preciso da palavra dita ao que lê
Os dois rumo ao mar
Retiro-me do que sinto,
E vou para dentro de quem
Me faz perceber quem sou.
Nem adianta apagarem tua cidade…
Ela delibera sempre minha vontade.
Vejo agora e sempre quem és,
E quero provar da tua cidade inteira
De teu céu, vales e colinas
Aprender-te, deitando-me no teu céu
Porque é onde faço meu chão pleno
Pleno de toda a matéria.
Rodrigo Camelo
Dentro dos teus olhos!
E vejo em estado puro,
Uma fábula em composição.
Não tenho medo de errar,
Deixemos de “Era uma vez…”
É que haver gente que erra é original
Logrou um guardador de rebanhos.
E eu guardo tua mão cheia de mel,
Permanecendo atento e a olhar.
Só olho mesmo, num não pensar
Pessoano. Só a ti te vejo.
Os dois rumo ao ar
Porém, vou sem esqueleto.
E tu, sem matéria mineral,
Na pele de uma mulher sedenta,
De coisas que te farão perdurar…
Eterna e livre, massa orgânica de meu ar.
Vejo-te agora minha mulher
Cidade de colinas e vales glaciares
Que percorro sem medo de me perder
Embora teu cheiro denuncie ainda pomares
De uma aldeia que vejo à minha mercê
Só preciso da palavra dita ao que lê
Os dois rumo ao mar
Retiro-me do que sinto,
E vou para dentro de quem
Me faz perceber quem sou.
Nem adianta apagarem tua cidade…
Ela delibera sempre minha vontade.
Vejo agora e sempre quem és,
E quero provar da tua cidade inteira
De teu céu, vales e colinas
Aprender-te, deitando-me no teu céu
Porque é onde faço meu chão pleno
Pleno de toda a matéria.
Rodrigo Camelo
Sei que és tu
Quando respiro por entre as folhas
E vejo multiplicar meu esforço
Nas luxuosas glândulas desse teu lar.
E como de costume o que era de costume
Fumo Branco, um dançar esperto
E não mais que a aliteração em C
Cem cinturas cegas e cintilantes.
Vou sem fim até a cinza vir.
Roubo tudo isto ao teu sonho
E tu, uma parte (só) do meu real
Que não disfarça o teu transpirar
Em matéria bruta que se desfaz.
E sob a seiva escapa a fantasia
Transborda na matemática dos poros
Ou numa geleia de ingredientes.
Basta provar a introdução do teu corpo
Como receita - para a minha alegria.
Saio iletrado de ti
Mas ignorante do meu - corpo
Que sem a extensão tua
Vale um resto antropófago.
E manifesto vontade de nutrir
Minha prosa no teu romance
Que um grito de Oswald
Ajuda a compreender.
Bebi um pouco de lucidez
Ou a urgência desse teu liquido
Mas sei que tua técnica
Destila o caminho
Sobretudo, onde ninguém vê.
Num ensaio ás cegas
Onde o acaso nos escolheu
Com o compromisso de sempre – lê:
Numa lógica Marcelista sem (p) no Campelo:
Só sOu - em nÓs
Rodrigo Camelo 2009
Quando respiro por entre as folhas
E vejo multiplicar meu esforço
Nas luxuosas glândulas desse teu lar.
E como de costume o que era de costume
Fumo Branco, um dançar esperto
E não mais que a aliteração em C
Cem cinturas cegas e cintilantes.
Vou sem fim até a cinza vir.
Roubo tudo isto ao teu sonho
E tu, uma parte (só) do meu real
Que não disfarça o teu transpirar
Em matéria bruta que se desfaz.
E sob a seiva escapa a fantasia
Transborda na matemática dos poros
Ou numa geleia de ingredientes.
Basta provar a introdução do teu corpo
Como receita - para a minha alegria.
Saio iletrado de ti
Mas ignorante do meu - corpo
Que sem a extensão tua
Vale um resto antropófago.
E manifesto vontade de nutrir
Minha prosa no teu romance
Que um grito de Oswald
Ajuda a compreender.
Bebi um pouco de lucidez
Ou a urgência desse teu liquido
Mas sei que tua técnica
Destila o caminho
Sobretudo, onde ninguém vê.
Num ensaio ás cegas
Onde o acaso nos escolheu
Com o compromisso de sempre – lê:
Numa lógica Marcelista sem (p) no Campelo:
Só sOu - em nÓs
Rodrigo Camelo 2009
domingo, 15 de março de 2009
terça-feira, 10 de março de 2009
Sympathy for the Devil
Nunca fui grande fã de dicotomias. Uma das mais fervorosas, atravessou o período musical mais criativo do século XX – os anos 60… A célebre entre os Beatles e os Stones. Alguns “críticos” sugeriram na época, não ser possível agraciar as duas bandas em simultâneo. Tenho para mim que nada mais bizarro. Estes delírios da imprensa, até a suposta rivalidade entre membros de uma e outra banda eram, no final de contas, também eles, reflexo de que o tipo de manobras de marketing estava a mudar na época de todas as revoluções. Alguns pseudo-intelectuais chegaram a insinuar que os Beatles nunca foram revolucionários, como por exemplo os Stones. Eram uma espécie de “betinhos” da época. Muito pouco dados a inovações.
Bom… se “Tomorrow never knows” do álbum «Revolver» não é inovador então não sei o que será ????
Se o próprio «Sgt Peppers» por inteiro, desde a concepção gráfica a cada som extraído, não representa, talvez a par de «Pet Sounds» dos “Beach Boys” e «Velvet Undeground and Nico”, o mais brilhante e inovador álbum de música anglo-saxónica de todos os tempos, então não sei que vos diga – caros leitores.
Não sendo totalmente fiel de uma balança entre Beatles e Stones (e não versus), talvez porque a escolha penda sempre para os primeiros, considero que “Sympathy for the Devil” é uma das melhores músicas de todos os tempos. Acho por exemplo que nenhum dos Beatles (apenas Lennon se atreveria a fazê-lo) escreveria uma canção assim.
Para quem já viu a obra-prima de Jean-Luc Godard percebe facilemente o génio criativo de Mick Jagger… Um Keith musicalmente avassalador e Brian Jones já assustadoramente ausente. Mas a fórmula deste Trio está lá. Sem Brian os Stones nunca mais foram propriamente os mesmos. Mas continuo achar Mick Taylor o melhor guitarrista que a banda já teve.
Quem Poderia escrever uma música tão longa e corrosiva nos anos 60??’
Vale a pena ver e ouvir a versão do filme de 1968 «The Rolling Stones Rock and Roll Circus” e reparar por exemplo na tatuagem de Mick ;)
Please allow me to introduce myself
Im a man of wealth and taste
Ive been around for a long, long year
Stole many a mans soul and faith
And I was round when jesus christ
Had his moment of doubt and pain
Made damn sure that pilate
Washed his hands and sealed his fate
Pleased to meet you
Hope you guess my name
But whats puzzling you
Is the nature of my game
I stuck around st. petersburg
When I saw it was a time for a change
Killed the czar and his ministers
Anastasia screamed in vain
I rode a tank
Held a generals rank
When the blitzkrieg raged
And the bodies stank
Pleased to meet you
Hope you guess my name, oh yeah
Ah, whats puzzling you
Is the nature of my game, oh yeah
I watched with glee
While your kings and queens
Fought for ten decades
For the gods they made
I shouted out,
Who killed the kennedys?
When after all
It was you and me
Let me please introduce myself
Im a man of wealth and taste
And I laid traps for troubadours
Who get killed before they reached bombay
Pleased to meet you
Hope you guessed my name, oh yeah
But whats puzzling you
Is the nature of my game, oh yeah, get down, baby
Pleased to meet you
Hope you guessed my name, oh yeah
But whats confusing you
Is just the nature of my game
Just as every cop is a criminal
And all the sinners saints
As heads is tails
Just call me lucifer
cause Im in need of some restraint
So if you meet me
Have some courtesy
Have some sympathy, and some taste
Use all your well-learned politesse
Or Ill lay your soul to waste, um yeah
Pleased to meet you
Hope you guessed my name, um yeah
But whats puzzling you
Is the nature of my game, um mean it, get down
Woo, who
Oh yeah, get on down
Oh yeah
Oh yeah!
Tell me baby, whats my name
Tell me honey, can ya guess my name
Tell me baby, whats my name
I tell you one time, youre to blame
Ooo, who
Ooo, who
Ooo, who
Ooo, who, who
Ooo, who, who
Ooo, who, who
Ooo, who, who
Oh, yeah
Whats me name
Tell me, baby, whats my name
Tell me, sweetie, whats my name
Ooo, who, who
Ooo, who, who
Ooo, who, who
Ooo, who, who
Ooo, who, who
Ooo, who, who
Ooo, who, who
Oh, yeah
quarta-feira, 4 de março de 2009
Youtube: Dave Matthews on Blow
Dave Matthews tem uma porção inimitável em palco.
É ambicioso dizer…mas vamos arriscar!
Dave Matthews é provavelmente o maior frontman da sua geração!
Nesta versão de Fool to think Dave presenteia o publico com uma breve introdução/justificação pela escolha do tema, bem ao seu jeito cómico, aceleradíssimo por uma substancia que (não interessa agora)... Palavras para quê?
Vejam.
Youtube: Dave Matthews on Blow
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