quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Escolha da Semana: Seu Jorge - América do Norte

Nova música, deste extraordinário músico brasileiro.
Não sei exactamente, quando ela é rock, quando é samba ou Funky?
Seu Jorge, é para mim, o grande representante da sua geração no Brasil. Multifacetado musicalmente, acontece que este senhor tem também um timbre de voz invulgar. Belo Claro.
A mais completa tradução da música vinda do interior dos morros no séc. XXI.
Não por sua melodia, ou letra... mas pelo que representa no panorama da música actual. Soa certamente como pop-contemporaneo. Feita com o seu estilo característico de misturar um samba, em rock. A sua voz rouca, chega a ser comovente, no canto de uma letra simples, mas tremendamente eficaz.

Quem já a ouviu, certamente ainda recupera do choque.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Seu Jorge - Carolina

Hoje é dia de Seu Jorge, no Coliseu dos Recreios - Lisboa.
Um dos grandes artistas brasileiros contemporaneos... O negro do negro

domingo, 11 de novembro de 2007

Para acalmar o coração! II Parte

Por: Tiago Pereira da Silva

Ontem, pela primeira vez em anos, senti novamente, a incrível vontade de ser professor. Dar uma aula a crianças desfavorecidas, muitas delas com contornos e trajectórias de vida que jamais poderei vivenciar, ou entender, fazem-nos sentir, mais humanos outra vez. O desapego às necessidades materiais, muitas vezes confundido com imprescindível, levanta questões, necessariamente inconvenientes. Mas já lá vamos.

A corrosiva urgência de afectos, por parte destas crianças, levou-me a relembrar o Brasil e na comovente e extraordinária experiência de privar com crianças das favelas. Cujo o apoio, das chamadas Vilas Olímpicas (responsáveis pela inserção social através do desporto), é muitas vezes, a única oportunidade de vida, ou pelo menos de fugir ao mundo do tráfico.
As crianças que ontem me contaram, inadvertida e sabiamente, que ser solidário, não têm nada que ver com caridade, são uma das mais imediatas e importantes recordações, de uma ainda curta vida, no ensino.

Acalmar o coração de uma criança destas, faz-nos também sentir que, poderíamos todos viver num mundo muito melhor, menos centrado na individualidade, na competição desigual e por isso mesmo, que contribui - forçosamente para elevar ainda mais, as assimetrias sociais. “Perguntemo-nos apenas”: Precisamos mesmo do telemóvel, do MP3, do IPod, etc.” Ou não precisamos todos, urgentemente, de sermos mais felizes? Parece-me a mim, que as imprescindíveis-necessidades materiais, jamais nos levarão a esse fim, que afinal todos perseguimos. Essa é, talvez, a mais transversal procura, de todos os seres humanos.

Contribuir – 0,00000000001% – para tornar uma criança desfavorecida, mais feliz, não é caridade, nem solidariedade, é um dever cívico, uma obrigação moral. Não estamos a fazer nada de mais. Nem nos devemos orgulhar, como se estivéssemos a fazer algo de extraordinário, porque no fundo, não estamos. E é aí, a maior parte das vezes, que reside o problema, de quem ajuda. Parece que procura, um estatuto qualquer. Vou chamar-lhe: imunidade social. Como se depois disso, um individuo, tivesse direito e, portanto, isenção para todas as outras vergonhas produzidas. Por isso, desconfio sempre, de grandes celebridades em projectos de intervenção social, ajudando crianças, aqui e ali. É evidente, e, dir-me-ão vocês, que nem todos serão, farinha do mesmo saco. Certamente que não. Mas importa, colocar à reflexão:
- Não continuarão os que ajudam despretensiosamente, assustadoramente, o seu trabalho (muitas vezes inglório) no silencioso mundo do anonimato?

Música: "Vilarejo" - Marisa Monte

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

marisa monte - diariamente

José Sócrares e Cavaco Silva: Almas gémeas

Quisesse deus, que José Sócrates encontrasse em Cavaco Silva, a sua alma gémea. E encontrou mesmo.
Aqueles senhores estão de acordo em tudo! Até parecem da mesma família politica.
De facto os tempos não estão para brincadeiras e antes de prosseguir, queria interpelar o Sr. Primeiro-ministro de Portugal, com a seguinte questão:
- Sr. Primeiro-ministro, já viu o novo filme de Michael Moore – “Sicko”?
Se não viu, não lhe fazia mal nenhum ver. É que por exemplo na parte Francesa, digamos assim e para nos situarmos, confrontar-se-á com uma realidade, que por mais que lhe custe, é por demais evidente. A produtividade de um país, não necessita de sacrifícios, nem cortes nas “regalias”, aos suspeitos do costume. É até interessante perceber, que para José Sócrates a palavra regalia, ganha um novo significado. Os cortes nas férias, nos feriados, etc. Não podem ser e nunca serão, a justificação para os baixos índices de produtividade de uma nação. Se não veja o exemplo Francês, quando comparado com o Norte-americano.

O apoio do estado à maternidade. Os incentivos, do mesmo, a funcionários públicos com atestado médico. Tudo isto tem estado, também em Portugal, na ordem do dia.
De facto, e, temos que admitir, pela primeira vez em anos, temos um Primeiro-ministro com ideias concretas, com um perfil e uma estratégia de liderança firmes, bem como um rumo para Portugal. Agora, é exactamente aqui, que reside o problema. José Sócrates, não só é teimoso e obstinado, como perigo, oferecendo, este estilo autocrático de “democracia”, à procura de um rumo, diria eu, extremamente arriscado e em algumas matérias, irreversível. Este pensamento, pseudo-modernista, pró-europeísta de José Sócrates, para mim, confunde-se com uma velha máxima, de grande parte dos ditadores da América-latina: Ordem para o povo e progresso para a burguesia. É que ser ambicioso é uma coisa, ter ideias erradas, desconhecedoras da realidade profunda de um país, é outra, completamente diferente. Ás vezes a ouvir José Sócrates e Cavaco Silva, interrogo-me: “Mas estes senhores, são lideres políticos de que país?”

A imprensa, nas suas múltiplas vertentes, também tem feito a sua parte. Ora, o trabalho de um jornalista tem hoje, um peso, muito semelhante a de uma figura do estado, um politico, dirigente partidário, etc. As pessoas ligam a TV, ouvem as noticias (umas mais indisfarçavelmente manipuladas do que outras) e tomam-nas como - verdade. O sentido crítico das pessoas, está diluído a uma sociedade rápida e de consumo. Quanto mais rápida a pessoa for informada, melhor. O sistema montou um circo, que favorece a ideia, oculta, de que não é necessário muito trabalho intelectual ou questionamento da veracidade e isenção jornalística. Aliás, alguns órgãos de comunicação social, já nem se dão ao trabalho de disfarçar. Parecem uma versão diária, bem ao estilo de Marcelo Rebelo de Sousa, de fazer jornalismo. Fazê-lo idoneamente, dizem eles!

Cito a SIC, porque tem no seu director de informação, Ricardo Costa – o rosto, do não disfarce. No dia da realização, da Cimeira de Lisboa, Ricardo Costa, em directo no jornal da tarde, fazia ver ás pessoas lá em casa, a propósito da Manifestação da CGTP, marcada para a mesma hora da cimeira e que acabariam por estar, “apenas” 200 mil pessoas…Mas dizia ele, para os telespectadores lá em casa, que pensassem duas vezes antes de irem para a manifestação, porque nenhuma central sindical europeia se tinha aliado, ao protesto da CGTP. A resposta e mobilização das pessoas, nessa tarde fizeram-me crer outra vez, nas palavras celebrizadas na voz de Zeca: O Povo é, quem mais ordena!

Continua…

A balança das Cores


Clareia os olhos
Seu poeta duende!
Doente dos efeitos
Drásticos da escrita,
Com os olhos cheios
De cones e bastonetes.
Aliás,
Olhos de um cão
Que vê, branco e preto,
Que não enxerga tudo
Preto no branco.
Eu sou esse,
O poeta
Que não sabe escrever.
O amante
Que não aprendeu amar.

Fez-se homem.
Alguém que diz
O que não sente.
Atenção a todos!
Não sei quando volta
Esse diz que diz
Que não diz…
Espreita agora aí,
Abre a porta
Da imensa ravina.
Vai com fé
E não desatina.
Que não sobram
De teus olhos,
As células vivas
Da testemunha, cor.


Rodrigo Camelo