domingo, 8 de fevereiro de 2009
Eles estão de volta... :)
Por altura do primeiro concerto Tiago Pereira da Silva escreveu:
Nós, os que estivemos presentes, mudámos todos um bocadinho…
Nada
No palco não havia nada, nenhum elemento da Dave Matthews Band que não espelhasse a mais que perfeita emoção da plateia. Nada que pudesse prever!
Mas a determinada altura da noite… nada que pudesse alterar o sentido daquele acontecimento. Não que o público não conhecesse já o vastíssimo leque de surpreendentes artimanhas musicais de Dave Matthews e seus pares, mas até este se mostrou atónito, com uma recepção tão eufórica, de um público que em nada desiludiu e em tudo superou os mais cépticos à partida. Confesso que fui um deles.
O extensíssimo vazio na parte norte das bancadas com a primeira entrada de Dave Matthews em palco, para apresentar Nightwatchman nome artístico do ex-guitarrista dos Rage Against the Machine, fazia antever uma recepção vergonhosa (em termos de numero) para aquela que é, muito provavelmente, uma das maiores bandas ao vivo da actualidade e considerando vários géneros musicais. Porque se existe uma banda que verdadeiramente poderá se designar: banda de palco, esse honroso título pertencer-lhes-á sem muita cerimónia. É que é de facto ali, o seu terreno privilegiado de criação.
Como os Beatles precisavam do estúdio, a Dave Matthews Band precisa do palco. E perdoem-me mais esta analogia. Ali, dão lugar ao seu mais que criativo legado de solos e improvisos “quase preparados”, em que cada músico parece desafiar os colegas, para além da enorme incitação ao auto-desafio. A alegria, atrevimento, cumplicidade transborda nos olhares sagrados, que vão-se revelando ao longo de mais de 3 horas de concerto, de uns para os outros, e, dos elementos da banda para o público. Aliás, a forma de estar em palco de Dave Matthews como Frontman é, acredito eu, única no mundo musical de hoje. Ele não é igual a ninguém, e dos muitos heróis do rock que o inspiraram a ser músico, não vejo parecenças com nenhum deles… qualquer coisa de Cash, de Dylan, de Lennon no auto-humor instalado..
Dave Matthews é “irresistível” em palco, ninguém lhe é indiferente e a sua inteligência e simplicidade transborda e transbordou num apogeu a solo chamado “Sister” canção de homenagem a sua irmã assassinada em Joanesburgo – África do Sul.
Ouvi naquele concerto, algumas das melhores versões de algumas musicas da Dave Matthews Band. E isto é dizer muito. “Jimi Thing” nunca foi tão arrebatadoramente alegre.
A banda deliciou os fãs do primeiro ao último minuto do 2º encore. Como os grandes heróis do passado, tratou-se de um concerto extenso, mas não de mais, tipo “old fashion way”. E a raríssima presença de 2 encores da banda, durante as digressões da mesma pelos EUA transmite um pouco a ideia da emoção e impressão com que os elementos da Dave Matthews Band saíram do nosso país.
Ignorados à Partida...
Não vi um único cartaz a publicitar a banda nos meses que antecederam o concerto. Se quiser ser muito rigoroso e, não sendo um muito atento ouvinte de rádio, não me lembro de ouvir uma única música da Dave Matthews Band passar na rádio, excepção feita a “The Space Between” de que confesso também, não ser um especial fã. Não vi, nem ouvi no dia seguinte ao concerto, nas televisões, qualquer referência ao mesmo. Só li a crítica, diga-se em tom de partida - muito bem elaborada da jornalista do público que transcrevi na íntegra para os “fieis” seguidores deste blog.
Bom! e não é que não tenha tentado procurar. Se quiserem ter uma ideia de onde estou a querer chegar, vou estabelecer esta comparação inevitável: O destaque dado à imprensa à cantora Beyoncé que curiosamente tocou, também ela no Pavilhão Atlântico um dia antes da Dave Matthews Band. No dia a seguir ao concerto havia uma foto da cantora, em praticamente todos os diários do país fazendo naturalmente, referência ao “esmagador” sucesso do seu concerto (nada que este país não estivesse à espera). Bem, mas ainda voltando ao antes do concerto de ou da Beyoncé, esta, foi inclusive, entrevistada em directo e indirecto por dois canais de TV.
O momento
Sem querer parecer muito faccioso, eu diria apenas, que a versão de American Baby Intro do concerto de Lisboa é a mais bem conseguida de todas as edições de Live Trax, que tive a oportunidade de ouvir. Com Tom Morelllo a acompanhar na guitarra, esta autentica Jam session, bem ao jeito do que a Dave Matthews gosta de fazer no seu terreno privilegiado, o palco….
O desafio dos músicos em cena, a mestria de Cárter na Bateria, que dentro do género, creio ser único no mundo…mas se tiverem muitas dúvidas, oiçam!
Quem lá esteve, percebeu instintivamente que este momento ou, perdão, monumento musical, ia se tornando muito naturalmente o acontecimento daquele concerto inesquecível. Depois de toda a poesia em forma de grito de Dave, a banda entra em transe, aproximadamente nos cinco minutos, para mais cinco de criação colectiva onde poucas palavras podem transmitir o que se sente num momento daqueles. Maravilhosamente necessário!
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