sábado, 24 de março de 2007

Elis não esteve presente ontem à noite

Por: tiago Pereira da Silva
Quinta-feira , 23 de Março pelas 22:00 (não considerando os lamentáveis atrasos) no teatro Tivoli – Lisboa não parou para homenagear uma das mais importantes cantoras da MPB.

Depois de algum aparato inicial de fotografias a algumas “figuras” públicas (não que eu tivesse visto alguma) o show começou com cerca de 20 minutos de atraso. Temos que perceber estas coisas, o espectáculo prometia e as donas tinham que estar a grande altura para o acontecimento.
Mas vamos ao show propriamente dito. Foi com algum agrado que constatámos (audiência) que o que aquela banda nos trazia de terras de Vera Cruz, não eram propriamente covers das canções mais emblemáticas da carreira meteórica de Elis. A ideia era sobretudo recriá-las e captar, segundo Maurício Gielman (o vocalista da banda), a emoção de Elis Regina no palco. Bom! É justamente aqui, que começou o problema deste concerto. Não a ideia de recriar Elis, essa pareceu-me, não só necessária como fundamental. Mas será que percebemos todos mal? Desculpe… falou da emoção de Elis no palco? Dava vontade de perguntar!


Aliás, considero mesmo que e não obstante de um certo descontrolo da afinação que se foi apoderando de Gielman ao longo da noite, este elemento não me transmitiu qualquer emoção, pelo contrário. Este pretendente a Ney Matogrosso dos tempos modernos, e, apesar de se perceber a admiração profunda pelo universo de Elis, talvez não tenha percebido que uma das grandes qualidades daquela cantora, era justamente de demonstrar em palco o seu turbilhão emocional interior. Que a faziam oscilar constantemente entre dois pólos. Bom, dir-me-ão: Mas não estarias à espera de uma coisa em todo semelhante? A resposta é óbvia! Claro que não.

Mas considerei este cantor, não só o pior elemento da banda, mas como a negação total de Elis em palco। Fui surpreendido, talvez, duas vezes durante a noite. E entenda-se, pela positiva. Constatei, que a banda (que aliás não tem nome) optou por fazer uma escolha arriscada mas feliz, uma profunda revisita ao álbum Vento de Maio não sendo dos mais conhecidos da cantora e não contendo os grandes sucessos de Elis, excepção de duas músicas mais popularizadas pelas mal afamadas novelas da globo, como Tiro ao Álvaro justamente o encore que fechou o espectáculo. Ao todo tocaram 4 músicas deste disco.

O arranjo totalmente diferente do popularíssimo tema de Rita Lee - Allo, Allo Marciano, foi para mim, dos momentos altos da noite. Mesmo assim, não deixei de encontrar profundas semelhanças com a versão Unplugged de Rita Lee. O famoso Madalena numa versão “apandeirada” foi muito suportável. Mas também remeteu-me, mais uma vez, para o seu original - de Ivan Lins.
A grande surpresa da noite foi um tal de Rafael Smith o teclista desta banda sem nome e sem lugar। Um talento não acompanhado pelos restantes elementos do grupo. Aliás é sabido da importância que Elis dava ao som das teclas e piano em seus trabalhos. César Camargo Mariano, seu marido, seu teclista, seu arranjador e director musical. Coincidência feliz suponho eu. Ou não!

Finalizando gostava de informar-vos que apresentarei queixa à produtora do espectáculo pela publicidade enganosa, no mínimo, devolverem o dinheiro mal empregue. Não.. não é o que estão a pensar. Se de que cada vez que não gostássemos - nos devolvessem cacau seria interessante. Mas então vou trasncrever a informação do espectáculo e que estava disponível na Internet, se não vejamos: (…) entre outros temas serão revividos ao longo de 90 minutos, num momento mágico e inesquecível, onde o som se irá embrulhar com imagens, vídeos e depoimentos Elis Regina.
Mas o que é isto?
Já não basta ter que aturar as trafulhices do senhor Sócrates. As anedóticas declarações do Sr Bush, ainda tenho que fingir que não sei ler. Querem nos acríticos, ou estupidificar? Uma coisa eu “quase” que posso garantir, com ou sem videos
: Elis não esteve presente ontem à noite!

3 comentários:

flávia disse...

Que tristeza! Nem imaginava que tais patifarias pudessem acontecer tb em shows na europa...uma lástima!

ps: ando lendo tanto teu blog que comecei a trocar palavras do português brasileiro pelo de Portugal...lol!
BJO

Anónimo disse...

tb estive no show referido por você. acho bom que Elis não estivesse presente. ela já fez sua parte, muito bem feita, já morreu, e agora é a vez dos vivos. ela não tinha que estar presente. quem esteve presente foi uma banda muito bem ensaiada chamada Fere Rente, vinda do estado do Rio de Janeiro, Brasil. sei porque procurei saber, pois achei muito bons. principalmente o tecladista, concordo com você. muito bom mesmo. quanto aos efeitos e tal e coisa não fizeram falta. talvez vc não estivesse num bom dia ou talvez vc devesse ir a um centro de macumba (espiritismo) para pedir ao pai-de-santo que recebesse Elis e ela sim cantasse pra vc. vc gostaria, como eu, q ela não tivesse morrido, mas morreu. e show com ela, meu amigo, só do outro lado. vc não vai querer morrer pra poder pedir isso pessoalmente, vai? parabéns ao grupo Fere Rente, parabéns ao tecladista. deixa de ser maluco, maluco.

Tiago Pereira da Silva disse...

Não. O que estava à espera era tudo menos a Elis. Aliás não teria interesse nehum revisitar o reportorio dela exactamente como ela fazia. Agora confesso tb que nunca ouvi a banda se apresentar erm palco, problema meu provavelmente ... mas tb de mais 4 pessoas que esatvam comigo. Quanto ao aspecto técnico da banda, respeito a sua opinião como voçe terá que respeitar a minha, e foi de longe das bandas brasileiras que menos gostei.. O vocalista não me transmitiu nem um pouco da emoção de elis em palco.. como ele proprio disse. quanto ao aspecto de reclamar dos bilhetes, é muito simples, é uma questão de respeito pelo publico. Não me parece que se lhe venderem gato por lebre voçe fica satisfeita.. ou fique ??