domingo, 23 de dezembro de 2007

Balada do Picoto



Respira um pouco,
Expira mais e mais.
Avisto ao longe a cruz,
Meu pai.
E não há quem
Te siga pra essa Luz.

Subi a árvore mais alta,
Verti cada gota, no tronco
E fiz do animal mais apto,
Minha bússula.
Dos que reúnem toda
A história num acto.

Sobe ao cume, irmão
E deixa-te avistar o lume
Brando da erupção.
O húmido esconde-se
À espreita e faz
Detonar o Carvão.

Abraço ainda a serra
E ajuda-me desta
Peste, João.
Que nós ao cume
Vamos, desta
Vertiginosa emoção.

A ideia de não alcançar-te
Paira em nós
Tão duradoura.
Picoto, pai,
Minha ambição,
De voltas estás…

Sobe, sobe, em
atenção e volta logo,
Para onde, irmão,
Somos filhos,
Das movediças
Almas de intenção.

No turbilhão do fogo,
Contamos mais
O que não falta.
Voa livre e paterno,
Livro voa e fraterno,
E Acende a cruz da malta.

Por: Tiago Pereira da Silva

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