domingo, 2 de dezembro de 2007
Maurice Béjart (1927-2007) - A Coreografia da coragem
Na resistência ao Salazarismo, é pouco recordado o papel de estrangeiros como o coreógrafo e bailarino francês Maurice Béjart, agora desaparecido com 80 anos, que no dia 6 de Junho de 1968 ousou desafiar o Estado Novo no Coliseu de Lisboa. Depois da representação de Romeu e Julieta, Béjart, que estava em Portugal a convite da Gulbenkian, referiu-se em palco ao assassínio de Robert Kennedy, ocorrido nesse dia, e acrescentou: «Ele foi vítima da violência e do fascismo. Como todos os que estão aqui esta noite, somos contra as ditaduras… Peço um minuto de silêncio.» O público não fez um minuto de silêncio, mas 20 de aplausos. Na plateia encontravam-se o ministro Franco nogueira e Natália Tomás, filha do «venerando Chefe de Estado». Como consequência, Béjart foi preso pela PIDE e levado de automóvel à fronteira espanhola, onde foi deixado. As relações entre Azeredo Perdigão e o ditador azedaram. Esta é apenas uma das muitas histórias que poderiam ser contadas acerca de um homem corajoso que foi também coreógrafo genial, revolucionador da dança e grande referencia cultural do século XX.
Gonçalo M. Tavares
In: Obituário - Revista Visão
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