quarta-feira, 27 de junho de 2007
Dançando o sexo e a morte
O extremo do azar
Um múltiplo da sorte
A matemática do conto
Em ti, te encontro
Dançando o sexo e a morte
Revelação do teu pesar
Em busca dessa miséria
No interior do teu sonho
Rodeias-te, de toda a matéria
E deixas-me risonho
Quem sabe, um dia mergulharás
Ausente e presente,
Ao teu segundo contacto,
Volto a sair contente.
Acusas-me de um pacto
Com o diabo talvez
Ou, um deus desta imensa terra
O senhor de toda a revelação.
O contraste é a tua única guerra,
Nesta amargurada, contradição.
Por: Tiago Pereira da Silva
Imagem de Bacanalyvino
Vamos Comer Caetano - Adriana Calcanhotto
Composição: Adriana Calcanhoto
Vamos comer Caetano
Vamos desfrutá-lo
Vamos comer Caetano
Vamos começá-lo
Vamos comer Caetano
Vamos devorá-lo
Degluti-lo, mastigá-lo
Vamos lamber a língua
Nós queremos bacalhau
A gente quer sardinha
O homem do pau-brasil
O homem da Paulinha
Pelado por bacantes
Num espetáculo
Banquete-ê-mo-nos
Ordem e orgia
Na super bacanal
Carne e carnaval
Pelo óbvio
Pelo incesto
Vamos comer Caetano
Pela frente
Pelo verso
Vamos comê-lo cru
Vamos comer Caetano
Vamos começá-lo
Vamos comer Caetano
Vamos revelarmo-nus
Adriana: Self-Portrait
Self-Portrait
20/08/2004
I am from Rio Grande so I’m fearless. I love Rio de Janeiro. I have a problem saying no. Narrow-minded people snub me. I have a bad memory for names. I barely like music. I’ve been wearing the same pair of black trousers for three years. I cook very well but I’m lazy. I hate pumpkin. I love Elizabeth Taylor. I have never had any collections. I love helping my friends if there is something I can do. I am slow to retaliate. I love colors. I can’t stand work associates to set low standards for themselves. I am punctual. I stop at red lights. I spend small fortunes on art books. I hate people with no sense of humor. Sometimes I give alms. I love Miles Davis. I complain a lot. I know how to say ‘I’m sorry’. I buy records for their covers. I don’t hold grudges. I love animals. I don’t care for money. I live in Jardim Botânico, in a small apartment painted yellow. I listen to all the tapes people send me. I love dancing. I love Balanchine. I can’t stand the retro syndrome. I hate knickknacks. I love Mondrian. I like washing dishes. I sometimes need to be alone. I like Botafogo. I support Grêmio. I don’t know how to play cards. I would love to do a cinema soundtrack. I would like to play golf. I love Tàpies. I drink too much coffee. I don’t like air conditioning. My mother says I change a lot. I’m gluttonous. I hate baby blue. I love João Cabral. I really don’t know how to play the guitar. I play the guitar beautifully. I have lovely arms. Iberê Camargo painted my portrait. I know and recognize people by their hands. I can’t stand wastefulness. I hate courant d’air. I love Lina Bo Bardi. I don’t like good taste. I hate pills. I am very hairy. I love the Queen of England. I love Brie. Tacky people snub me. I have never known what to do with my hands in the presence of celebrities. My friends say I change a lot. I have always been happy in Love. I love Marlon Brando. I love Gávea’s Guimas. I can’t live without champagne. I have a Lygia Clark “animal”. I sleep less than I would like to. I hate mystifyng people. I love driving. I don’t like trivial mysteries. I despise phony people. I love reds and pinks. I give shelter to trespassers and outcasts. I’ve stopped smoking. I have no superstition. I love John Cage. I have never wanted to have children. The first word I read was "Mexico". I don’t like to perform on TV. I love my hands. I love laughing at myself. I have a soft spot for mad people. I love Issey Myake. I hate old rubbish. Journalists say I change a lot. I despise people who take themselves too seriously. I love aristocrats. I can’t live without fruits. I am very disciplined. I truly want to visit Egypt. I envy elephants. I love Augusto de Campos. I love Mediterranean colors. I love the food of the Provence. I can’t stand Free Shops and all that junk. I hate people fascinated exclusively by fame. I love Merce Cunningham. I want to compose very simple songs. I want to know what’s songs are for. I love Andy Warhol. I am slightly cross-eyed. I postpone very important decisions. My shoe size is 38. I have a “climber” by Lygia Clark. I love wine. I don’t know how to give interviews. I love Mangueira. I want the Dois Irmãos Mountain lighted. I love diving in Angra. I love Mário Peixoto. Uncultured people snub me. I love different shades of blue. I love Klein. I love Klee. I love Matisse. I always say yes. I love playing concerts. I love singing in Rio. I sleep on planes. I am much too generous. I love Gertrude Stein. I’m mad for orchids. I’ve been head over heels in love for seven years. I love Hélio Oiticica. I love Joaquim Pedro de Andrade. I hate aestheticization. I hate undue appraisal of folklore. I don’t like watching myself on video. I love Oswald de Andrade. I have a lithography by Miró. In winter, I never have breakfast without strawberries. In summer I never have breakfast without watermelon. One day I shall have a Calder mobile. I do barbaric things for a Swatch. People say I change a lot.
Published in ‘Jornal do Brasil’ / Caderno Mulher / on September 9, 1996
Adriana Calcanhotto
terça-feira, 26 de junho de 2007
Sabia...
Chico Buarque
Sabia
Gosto de você chegar assim
Arrancando páginas dentro de mim
Desde o primeiro dia
Sabia
Me apagando filmes geniais
Rebobinando o século
Meus velhos carnavais
Minha melancolia
Sabia
Que você ia trazer seus instrumentos
E invadir minha cabeça
Onde um dia tocava uma orquestra
Pra companhia dançar
Sabia
Que ia acontecer você, um dia
E claro que já não me valeria nada
Tudo o que eu sabia
Um dia
segunda-feira, 25 de junho de 2007
Milton Nascimento: Clube da Esquina 2
Milton volta a reunir no ano de 78 os célebres companheiros de Clube da Esquina, os colegas de Minas Gerais, e, ainda chama para o estúdio colegas/camaradas e pesos pesados da já, mais que unânime na época - MPB, como Chico Buarque e Elis Regina. A intenção é a de reunir uma família de músicos e celebrar a música no estúdio. O resultado não podia ser melhor...Um dos grandes discos de todos os tempos.
domingo, 24 de junho de 2007
sexta-feira, 22 de junho de 2007
O tempo não pára
O Tempo Não Pára
Cazuza
Composição: Cazuza / Arnaldo Brandão
Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara
Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não pára
Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára
Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando uma agulha num palheiro
Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára
Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára
Talvez a letra mais emblemática do cantor... Cazuza já visivelmente "derrotado" pela doença (Cazuza chegou a actuar em palco nos últimos meses de sua vida, vítima de Sida)... chegava a receber O2 no palco, tal era o galopante avanço da doença.
Burguesia - Cazuza
Burguesia
Cazuza
Composição: Cazuza/ Ezequiel Neves/ George Israel
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
A burguesia não tem charme nem é discreta
Com suas perucas de cabelos de boneca
A burguesia quer ser sócia do Country
A burguesia quer ir a New York fazer compras
Pobre de mim que vim do seio da burguesia
Sou rico mas não sou mesquinho
Eu também cheiro mal
Eu também cheiro mal
A burguesia tá acabando com a Barra
Afunda barcos cheios de crianças
E dormem tranqüilos
E dormem tranqüilos
Os guardanapos estão sempre limpos
As empregadas, uniformizadas
São caboclos querendo ser ingleses
São caboclos querendo ser ingleses
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
A burguesia não repara na dor
Da vendedora de chicletes
A burguesia só olha pra si
A burguesia só olha pra si
A burguesia é a direita, é a guerra
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
As pessoas vão ver que estão sendo roubadas
Vai haver uma revolução
Ao contrário da de 64
O Brasil é medroso
Vamos pegar o dinheiro roubado da burguesia
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Pra rua, pra rua
Vamos acabar com a burguesia
Vamos dinamitar a burguesia
Vamos pôr a burguesia na cadeia
Numa fazenda de trabalhos forçados
Eu sou burguês, mas eu sou artista
Estou do lado do povo, do povo
A burguesia fede - fede, fede, fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
Porcos num chiqueiro
São mais dignos que um burguêsMas também existe o bom burguês
Que vive do seu trabalho honestamente
Mas este quer construir um país
E não abandoná-lo com uma pasta de dólares
O bom burguês é como o operário
É o médico que cobra menos pra quem não tem
E se interessa por seu povo
Em seres humanos vivendo como bichos
Tentando te enforcar na janela do carro
No sinal, no sinal
No sinal, no sinal
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
O último disco deste grande poeta-músico brasileiro dos anos 80. O seu apuradissímo sentido crítico...Aqui a palavra de ordem é "dinamitar a Burguesia".
quinta-feira, 21 de junho de 2007
Caetano Veloso - Podres Poderes
Podres Poderes
Caetano Veloso
Composição: Caetano Veloso
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos
E perdem os verdes somos uns boçais
Queria querer gritar setecentas mil vezes
Como são lindos, como são lindos os burgueses
E os japoneses mas tudo é muito mais
Será que nunca faremos senão confirmar
Na incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?
Será, será que será que será que será
Será que esta minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir por mais zil anos?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Índios e padres e bichas, negros e mulheres
E adolescentes fazem o carnaval
Queria querer cantar afinado com eles
Silenciar em respeito ao seu transe , num êxtase
Ser indecente mais tudo é muito mau
Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades , caatingas e nos gerais
Será que apenas os hermetismos pascoais
E os tons e os mil tons, seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada mais?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome, de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais
Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo e mais fundo tins e bens e tais
Será que nunca faremos senão confirmar
Na incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?
Será, será que será que será que será,
Será que essa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir por mais zil anos?
(Solo Instrumental)
Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades, caatingas e nos gerais
Será que apenas os hermetismos pascoais
E os tons e os mil tons, seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada mais?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais
Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo mais fundo
Tins e bens e tais
Indo mais fundo
Tins e bens e tais
Indo mais fundo
Tins e bens e tais
Sempre que ausente!
Prólogo inicial: Para ti...
Triste e só, tu
Despes a máscara no calor
Desprendida da realidade
De todo o amor
De tudo, o que à tua volta arde
Mal dita seja essa dor
Porque faz-te querer a verdade
No interior dessa imensa cor
Enxergas a tua vontade
Os olhos são, de um azul prado
As mãos,
As de um profeta amarrado
Solta-te! … Despe a mente,
Vê-te enfim como és,
E descobre o imenso prazer
Da tua liberdade.
Porque és somente só
Porque és realmente a única
Que vive límpida e transparente
Que inunda energia ao semelhante
Que mergulha no poço
E que não nada para dele,
Levar a mais ingrata ternura
A vida és tu, que raias um sol
Um luminoso sol presente
E que arrefece as almas
Sempre que ausente.
Imagem: Coluna Partida, 1944 - Frida Kahlo
Em 1944, quando Frida Kahlo pintou este auto-retrato, a sua
sáude piorara ao ponto de ter de usar um colete de aço.
Uma coluna jónica, partida em vários sitios, toma o lugar
da sua coluna fracturada. A racha do corpo dela e as fendas da
paisagem desabrigada e gretada tornam-se um símbolo da dor e da
solidão da artista.
quarta-feira, 20 de junho de 2007
terça-feira, 19 de junho de 2007
MPB: Uma Reflexão
Nós ouvimos há pouco tempo, em um debate na tv Educativa do Rio, a afirmação de que em nenhum outro lugar do planeta a união da poesia com a música se realiza de maneira tão rica quanto no Brasil.
Não sei se é possível dizer isso, não tenho a certeza. Sei que a música popular americana é a música do Cole Porter e do Bob Dylan.
No Brasil, para o bem e para o mal, é mais fácil essa aproximação entre as áreas da cultura e as de cultura de massas. Talvez porque não tenhamos uma sociedade muito desenvolvida.
Os debatedores citavam a mim e ao Chico Buarque, como exemplos de realização feliz dessa união entre a poesia e a música. Pode ser. O Chico, então, é de uma capacidade impressionante no trato com a palavra. No meu caso, talvez admitindo ser mais “suja” a minha obra, vejo que isso se dá porque tenho ambição diferente da ambição de Chico, que é a de mexer na estrutura subjacente à criação, no ambiente que possibilita a criação; não é o caso de criar uma peça dentro do mundo dado, mas mexer nesse mundo dado.
Para mim, se torna importante justapor “Um tapinha não dói” – que é um funk hostilizado pela “inteligência” com minha canção “Dom de iludi” (que, por sua vez, é uma resposta a uma canção de Noel Rosa, dos anos 30). Interessa-me esse tipo de atitude. Essas coisas é que compõe a minha poesia. Mais do que atentar para a palavra certa, para o verso, em que o Chico é mestre. Mas são temperamentos diferentes e projectos diferentes.
Mas o nível é alto, sim. Tanto no caso dele como no meu, é alto mesmo. Se bem que, em linhas gerais, o nível do João Gilberto é maior do que tudo isso. E o nível de António Carlos Jobim como compositor, também.
E tenho dito.
Caetano Veloso
Vamos perceber melhor, através de um dos bons exemplos, no cancioneiro genial de canções escritas em português:
Vaca Profana
Caetano Veloso
Respeito muito minhas lágrimas
Mas ainda mais minha risada
Inscrevo, assim, minhas palavras
Na voz de uma mulher sagrada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da man...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Dona das divinas tetas
Derrama o leite bom na minha cara
E o leite mau na cara dos caretas
Segue a "movida Madrileña"
Também te mata Barcelona
Napoli, Pino, Pi, Paus, Punks
Picassos movem-se por Londres
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horizonte
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horiz...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Vaca de divinas tetas
La leche buena toda en mi garganta
La mala leche para los "puretas"
Quero que pinte um amor Bethânia
Stevie Wonder, andaluz
Como o que tive em Tel Aviv
Perto do mar, longe da cruz
Mas em composição cubista
Meu mundo Thelonius Monk`s blues
Mas em composição cubista
Meu mundo Thelonius Monk`s...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Vaca das divinas tetas
Teu bom só para o oco, minha falta
E o resto inunde as almas dos caretas
Sou tímido e espalhafatoso
Torre traçada por Gaudi
São Paulo é como o mundo todo
No mundo, um grande amor perdi
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas, estamos aí
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas estamos a...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Dona das divinas tetas
Quero teu leite todo em minha alma
Nada de leite mau para os caretas
Mas eu também sei ser careta
De perto, ninguém é normal
Às vezes, segue em linha reta
A vida, que é "meu bem, meu mal"
No mais, as "ramblas" do planeta
"Orchta de chufa, si us plau"
No mais, as "ramblas" do planeta
"Orchta de chufa, si us...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Deusa de assombrosas tetas
Gotas de leite bom na minha cara
Chuva do mesmo bom sobre os caretas...
"Um encanto esse filho de Dona Canô e Seu Zezinho, nascido em Santo Amaro da Purificação, BA, em 07 de agosto de 1942.
Caetano Veloso é um incansável inventor de arte que nossa imaginação jamais poderia perceber, buscando o intangível e o inatingível, retirando sons, gestos e palavras do mais árido território, capaz de traduzir o concreto, a dor, um jeito, uma paisagem ou pessoa na mais variada e sutil percepção da existência.
Revolucionário em sua poesia nos presenteia com fraseados sonoros que movem nossa alma fazendo-nos vibrar - e consegue mostrar a importância não somente de estarmos vivos como também de que podemos/devemos fazer pela vida.
Caetano nos toca sutilmente com a arte de parâmetros próprios, renovando a linguagem artística, musicando poesias concretas, poetizando sons de timbres desconexos e criando a estética musical.
O que mais impressiona neste "baiano-estrangeiro" de Santo Amaro da Purificação (como bem disse Augusto de Campos), é sua capacidade de mostrar as possibilidades da música provocando verdadeiros curtos-circuitos sociais".
Caetano é a "mais completa tradução" da transformação, de tempo e espaço.
Susana Gigo Ayres
A Ode da mulher bonita!
A primeira foto corresponde à Mexicana - Ana Claúdia Talancón, a segunda a Monica Belluci que despensa apresentações e por fim, a colombiana Catalina Sandino Moreno.
Receita de Mulher
As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de Dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher socialize elegantemente em azul, como na Republica popular chinesa)(...)Viniciusa de Moraes
Los Hermanos segundo Pedro Adão e Silva
Os Los Hermanos parece que entraram em recesso, um brasileirismo para dizer que vão suspender as actividades por tempo indeterminado. A crer no site da banda, continuam amigos como sempre, até porque jogam “truco” todas as semanas (posso confirmar que são bons de bola).
Os Los Hermanos são (eram) a melhor banda pop/rock em língua portuguesa no activo, a grande distância de todas as outras. Como se não bastasse conseguirem juntar duas guitarras com mestria (parecendo fácil, há milhares de exemplos de como é muito difícil), têm um repertório que pode ser com facilidade usado fora do rock. Ainda assim, embora os recursos vocais quer do Marcelo Camelo (que é quem canta aqui), quer do Rodrigo Amarante sejam manifestamente escassos, as versões das suas músicas, por exemplo, nas vozes mais competentes da Maria Rita e da Maria João (que tem um cover deste tema, “a outra” no seu último disco) ficam a perder em intensidade e outras coisas que contam bastante. (...)
Pedro Adão e Silva in wwww.Canhoto.blogspot.com
Poderei dizer que: Não poderia estar mais de acordo!
De facto, o que me levou a explorar o universo da banda de Marcelo Camelo, foi o facto de ter ouvido várias referências, por parte de Maria Rita, em entrevistas (já com o seu lugar assegurado na MPB, fruto da coragem do que procura fazer e faz)a este compositor e letrista, que segundo sei é respeitadissimo entre congéneres musicais no Brasil.
Eles são de uma criatividade espantosa, talvez sem paralelo na música cantada em português...e se é verdade que os acho (falando de talento e inovação) muito longe dos antecessores como: Caetano, Chico, Gil, Milton, Jorge Ben, Ivan, Ney, Bosco e tantos outros da família de músicos e intérpretes brasileiros, até do próprio Cazuza, a verdade é que não consigo ouvir, no panorama actual brasileiro, ninguém que me comova e surpreenda tanto como Los Hermanos.
E só para não citar mais, do que o álbum (4 de 2005) - Procurem ouvir: "Fez-se Mar" e "Paquetá" para perceberem a versatilidade da banda.
Tiago Pereira da Silva
segunda-feira, 18 de junho de 2007
domingo, 17 de junho de 2007
Milton Nascimento - Uakti - Lágrima do Sul
Uma das letras escritas para Winnie Mandela, por altura do Apartheid na África do Sul (em plena prisão de Nélson Mandela), o grupo Uakti dão-lhe um inacreditável som, mas será necessário, ir ao encontro da versão original, do dico "Encontros e Despedidas" de Milton (1986).
Caetano Veloso ; Cucurrucucu Paloma
A versão que fez Pedro Almodovar apaixonar-se perdidamente... "Obrigando-se" a coloca-la no seu "Hable Con Ella". Esta uma versão superiormente cantada pelo, por muitos considerado, maior intérprete vivo do Brasil.
sábado, 16 de junho de 2007
A origem de tudo...
A sensação que tenho ainda hoje, quando estou a ouvir os LadySmith Black Mambazo é de estar na "presença" de uma das raízes mais profundas da musica africana...
sexta-feira, 15 de junho de 2007
Rubrica: Cinematografo ! Depp um dos grandes do seu tempo
"Delírio em Las Vegas" título em português deste filme de Terry Gilliam (ex-monty python) com um impressionante e quase irreconhecível Johnny Depp.
Depp com uma estrondosa interpretação, oferece-nos uma actuação que, seguramente, figura entre as mais prestigiantes da sua carreira.
A utilização de maneirismos, para dar vida a "Rauol Duke" jornalista destacado que emerge numa alucinante reportagem que entraria e marcaria uma geração.
Desde a voz.. à sua sempre e temperada linguagem gestual, Depp versátil, como poucos, demonstra uma vez mais porque é um dos melhores do seu tempo.
Tiago Pereira da Silva
quinta-feira, 14 de junho de 2007
Here Comes The Sun - George Harrison, Paul Simon
Uma das composições mais bonitas dos Beatles - Here Comes the Sun do saudoso George Harrison. Paul Simon disse dele um dia "Um musico importantissimo do nosso tempo, só não sentia necessidade de ser ouvido"
Milton Nascimento - James Taylor - Vendedor de Sonhos (1988)
e não esquecer um SENHOR chamado Naná Vasconcelos um dos grandes percussionistas do Brasil, sentado e improvisando o seu som.
quarta-feira, 13 de junho de 2007
Victor Wooten - Norwegian Wood
Conhecemo-lo também das suas participações habituais com a Dave Matthews Band. Na minha opinião um dos mais "brutais" baixistas da actualidade. Trasnformação completa da música de John Lennon (Beatles) sem perder o seu sentido melódico.
segunda-feira, 11 de junho de 2007
Ainda a propósito de Terra Sonâmbula
"Terra Sonâmbula", de Mia Couto
Relato poético das memórias e dos sonhos que a guerra civil destruiu — “Terra Sonâmbula” é o primeiro romance de Mia Couto
Por Raquel Ribeiro
Muidinga, o miúdo, e Tuahir, o velho, seguem estrada fora, em busca “de um outro continente dentro de África”. Como todos os personagens de “Terra Sonâmbula” (1992), andam à deriva num Moçambique esventrado pela guerra civil, banhado em sangue e lágrimas.
Nesta história de uma terra adormecida ao som dos morteiros, o escritor moçambicano Mia Couto (Beira, 1955) continua a fazer do conto (antes deste livro, publicou dois livros de contos, “Vozes Anoitecidas”, 1986, e “Cada Homem É Uma Raça”, 1990) o estilo e marca pessoal de escrita. Daí que se tenha dito que “Terra Sonâmbula” — que foi considerado um dos 12 melhores romances africanos do século XX — é um “grande livro de contos”.
A oralidade como “desarrumação da língua”, o ultrapassar dos limites, a re-invenção e o enriquecimento do “português”, a consagração do vocábulo — de tudo isso “Terra Sonâmbula” é feita. “O encontro entre a oralidade e a escrita é uma das pontes que nos faltam para encontrar neste mundo o nosso mundo”, disse o escritor numa entrevista ao PÚBLICO, que amanhã publicamos.
Mia Couto é poeta, escritor, biólogo e foi jornalista durante os turbulentos anos da independência. Disse muitas vezes que o jornalismo lhe deu disciplina e que a biologia lhe mostrou “outras linguagens”. “Todo o resto devo à poesia”, disse numa entrevista à “Folha de São Paulo” em 1998.
E é a poesia que Mia Couto explora nesta “história dentro da história”, em que a narrativa aparece como a “redenção” do sofrimento da guerra. Mas em “Terra Sonâmbula” a “ausência” de poesia é mais flagrante: nessa África maculada pelo sangue, os homens parecem lutar contra si mesmos, num desespero da solidão na imensa paisagem. O que é, então, este livro no livro, a escrita no abismo?
No meio do nada, Muidinga encontra um livro, o “caderno de Kindzu”, de um “tempo em que o mundo tinha a nossa idade”. Da leitura desse livro surgirá “Terra Sonâmbula” — duas histórias que se entrelaçam, ambas de testemunho doloroso sobre a guerra, ambas de memórias perdidas e de sonhos por conquistar: as memórias de Tuahir, os sonhos de Muidinga. “O próprio Muidinga está como se encantando com as palavras de Tuahir. Não é a estória que o fascina, mas a alma que está nela”, escreve, no livro. “Terra Sonâmbula” são estórias com alma, uma terra em divórcio com os antepassados, a morte com saudades da vida, o som dos sonhos, “com os ruídos da guerra por trás”.
Leitura: Terra Sonâmbula de Mia Couto
Primeiro romance do moçambicano Mia Couto, já bem conhecido e apreciado pelo público português, Terra Sonâmbula tem como pano de fundo os recentes tempos da guerra em Moçambique, da qual traça um quadro de um realismo forte e brutal.
Dentro deste cenário de pesadelo movimentam-se personagens de uma profunda humanidade, por vezes com uma dimensão mágica e mítica, todos vagueando pela terra destroçada, entre o desespero mais pungente e uma esperança que se recusa a morrer.
Mia Couto nasceu na Beira, Moçambique, em 1955. Foi jornalista. É professor, biólogo, escritor. Está traduzido em diversas línguas. Entre outros prémios e distinções (de que se destaca a nomeação, por um júri criado para o efeito pela Feira Internacional do Livro do Zimbabwe, de Terra Sonâmbula como um dos doze melhores livros africanos do século xx), foi galardoado, pelo conjunto da sua vasta obra, com o prémio Vergilio Ferreira 1999.
Prólogo da Editora Caminho
domingo, 10 de junho de 2007
Jokerman
Eis a razão do nome...
"(...)you´re a man of the mountains, you can walk on the clouds, manipulator of crowds, you´re a dream twister(...)
Mia Couto - Conselho do Avô
Soneto da tua Ausência
Um dia vou te chamar Pilar
Um dia vou ter-te nos meus braços
Presentes, quentes e ausentes de tédio
Porque tu serás a mais que perfeita escolha
De tudo, ao que da vida, pertencia
Um dia vou poder te dar
De tudo, ao que a mim, te proponho dar
Porque não posso mais esperar
Presentes, quentes e a teimosia ardente
Um dia vou ter-te a olhar
Porque eu sou sebastianista na espera
De tudo o que um homem quer criar
Um dia vou ter de esperar
Presentes, quentes e a tua chegada e
Um dia vou ter de te contar
De todo o sofrimento
Porque a espera é sempre imensa
Presentes, quentes que a tua não chegada
Um dia criou em mim e
Um dia angustiou, por tua ausencia imensa
Sugestão Cinematográfica - The Hurricane (1999)
O Furacão
Realização: Norman Jewison Intérpretes: Denzel Washington,
John Hannah, Deborah Kara Schreiber, Vicellous,
Reon Shannon, etc. Título Original : The Hurricane
Nacionalidade: EUA 1999
Por : Tiago Pereira da Silva
Este filme é baseado em factos reais. Até aqui nada de novo, pois não é o primeiro e certamente não será o último. Mas é provavelmente um dos bons exemplos, na forma como exprime toda a realidade numa ficção arrojada dos sentimentos mais nobres da condição humana.
Mas afinal, que obra é esta do realizador de “No calor da Noite” – Norman Jewison?
Poderemos dizer que é a comovente história do popular pugilista Rubin “Hurricane” Carter (aqui relatada com mestria) que é injustamente acusado de um crime brutal. É tocante a forma conseguida com que o realizador dirige um filme sobre um pugilista, com uma mistura de sentimentos que enaltecem todo o espírito humano, tais como o amor, a compaixão, amizade e sentido de justiça, por assim dizer, este filme é tudo, menos um filme com o pugilismo como pano de fundo, apesar de estarem sublimes as reconstituições dos combates, importantes para o espectador ter a percepção completa do homem por detrás desta personagem e, claro, não poderiam ser negligenciados os aspectos relacionados com os confrontos decisivos na carreira deste atleta.
A história tem lugar na cidade norte-americana de Nova Jersey, num conturbado período de repressão racial, para além da ênfase ás questões relacionadas com a podridão e inoperancia do sistema judicial americano da época. Inspirado e baseado no livro do próprio Rubin Carter “The 16th Round”, o filme resume a vida deste homem inocente, vítima da perseguição policial (através do mesmo Detective: De la pesca – nome fictício) desde a sua infância; e numa sequência de alguns, bem conseguidos “flashbacks” o realizador demonstra-nos como é que um jovem negro (lazarus), reintegrado na sociedade por 3 canadianos e os próprios, irão contribuir de forma decisiva para que se faça justiça passados quase 30 anos. O argumento é bem conduzido, os actores crucialmente dirigidos não parecendo representar, mas transmitindo a sensação ao espectador de estarmos na presença dos reais protagonistas desta incrível historia de amizade. Musicalmente o filme é popularizado pela inesquecível obra-prima que um tal de Bob Dylan - “Hurricane” que a havia escrito e composto em 1975, esta já por si, um reflexo complexo de toda a inocência do “Furacão”.
É importante destacar o desempenho de Denzel Washington, nomeado para o “Oscar de melhor actor principal” com aquele que pode, muito bem ser, o seu mais extraordinário desempenho até à data.
O menos conseguido do filme será talvez a incapacidade, demonstrada ao longo do mesmo, de relacionar as datas com os acontecimentos, sobretudo no último terço do filme, e, talvez uma natural evidência do “estereótipo” de um filme sobre um preconceito americano. Mas o estarmos na presença de um filme maior é, quanto a mim, indissociável deste filme.
O melhor: A mensagem invulgarmente conseguida
num filme arrebatador e claro Denzel no seu melhor.
O Pior: A não tão bem conseguida dimensão espaço-temporal.
sexta-feira, 8 de junho de 2007
dire straits sultan of swing!!
Por mais que seja sempre extremamente subjectivo avaliar, ou pelo menos, submeter determinados álbuns a uma possível listagem dos melhores de sempre em determinadas categorias, não deixo de expressar aqui a minha simpatia pessoal por este disco ao vivo dos Dire Straits. A super banda, que nos anos 70, 80 e 90 deliciou plateias pelo mundo inteiro. Já vi referidos, como incontornáveis de uma lista dos melhores álbuns ao vivo de sempre, da denominada música pop anglo-saxónica: The who – live at Leeds, Deep Purple – Made in Japan; The Rolling Stones – Get Yer ya-ya´s Out; Peter Frampton – Frampton Comes Alive, etc. Só para citar alguns….
O Alchemy – dos Dire Straits é provavelmente o melhor disco da banda e um dos maiores concertos registados nos anos 80. Na época o pensamento reinante dos fãs de música Rock a´Roll: “Rock há muito que morreu”. Mas naquele dia louco Julho de 1983, Mark Knopfler (Um dos expoentes máximos da guitarra eléctrica – Não há muitas dúvidas sobre isso) com o seu som de guitarra inconfundível e seus pares mostraram porque eram uma das melhores bandas da altura.
(...)this more than 90 minute-long live release easily explains why Dire Straits took off with rocket speed in a time otherwise dominated by disco music on the one hand and punk on the other, and why to this day they are considered one of the greatest rock bands ever to have existed. Listen to the first chords of "Once Upon a Time in the West," and you'll know why Mark Knopfler is, in addition to all his other accomplishments, a much sought-after film score composer. Listen to "Romeo and Juliet," and you'll understand why the greatest love story ever told truly is more than a story of two rich kids born to feuding families a couple of centuries ago in Italy, and holds as much truth for us streetwise teenagers of the late 20th century as it did 400 years ago. Listen to "Telegraph Road," and you`ll find a dark, brooding novel of epic proportions condensed into one song, culminating with as haunting and intense a guitar solo as you'll ever hear - by Mark Knopfler or others (...)
By a Critical fan
Patti Smith - Gloria
A mulher que mudou para sempre a cena musical. Gloria de Van Morrison, fantástico na versão de Smith em "horses" (1975), quanto a mim um dos álbuns fundamentais do Rock.
HURRICANE - BOB DYLAN - MUSIC VIDEO - WITH SUBTITLES
A mestria com que Dylan consegue colocar todos os factos de um processo judicial numa canção pop-folk. Reflectindo mais uma vez, sobre as repressões raciais, socias, etc. Dylan mestre da palavra e da denuncia num hino dos anos 70.
quarta-feira, 6 de junho de 2007
terça-feira, 5 de junho de 2007
Dave Matthews Band - Loving Wings
Por exemplo destes, quase tipo (jam)s é que esta banda é incrivelmente original ao vivo...
sexta-feira, 1 de junho de 2007
Before the music Dies... II Parte
Coincidência, ou não, na verdade e, depois de debater a polémica questão do mais do que claro sinal permanente de ignorar a Dave Matthews Band, por parte das rádios de todo o país, tive uma daquelas semanas em que, como apaixonado fã musical, questionei a evolução da industria musical dos últimos 10 a 20 anos. Ao mesmo tempo que a consternação se ia apoderando da minha pessoa, fui procurando aqui e ali, conhecer outras particularidades da DMB(quase que para alimentar uma das mais gratas recordações do concerto de sexta) que ficará, com certeza, para sempre no meu imaginário musical.
Mas estava eu a dizer…Á, exacto! Tratando-se de coincidência ou não, achei por acaso um filme na Internet (perdoem-me a pirataria) mas é para consumo próprio, intitulado “Before the music dies” com participações de figuras tão ilustres como: Bonnie Rait, Eric Clapton, Elvis Costello, Dave Matthews e a agradável descoberta chamada Doyle Bramhall ii (procurem, para vosso bem), que nas palavras do próprio Clapton não o achou igual a ninguém, apaixonando-se completamente pela sua forma de tocar guitarra. Aliás, acredito já ter dito neste blog certa vez que: alguns filmes é que nos escolhem, não somos nós que os escolhemos. Fica esta curiosidade por esclarecer...
Toda a temática do filme vai ao encontro da questionação da indústria musical actual e considerando, sobretudo, o mercado norte-americano. lembrar-se-ão da Britney Spears daqui por 10 anos ? Se calhar, não é preciso esperar tanto tempo. É que, honestamente, quem ainda ouve falar das Spice Girls? No entanto bateram não sei quantos recordes de vendas. A indústria está feita, hoje, para caras bonitas, que nem sequer precisam de saber cantar. Os seus fãs, não são musicais, são da cultura pop reinante. São de um produto descartável, pronto e rápido para consumo. Que não será, naturalmente, resistente à matriz do tempo.
A indústria musical é, também ela, mais cruel nos dias de hoje. Quem lançaria um Peter Gabriel hoje? Ou um Steve Wonder? Não muitos arriscariam, estou certo! E é engraçado, que acaba por ser mais cruel até com as próprias pseudo-artistas pré-fabricadas, porque estas, “comem-se” e “engolem-se” umas às outras.
Quem assistir ao filme poderá até ficar chocado com alguns elementos do mesmo, mas estou em crer, entenderá o porquê de, entre outras coisas, bandas como a Dave Matthews Band, Calexico e Doyle Bramhall ii não passarem na rádio. E talvez, até prefiram as coisas dessa maneira.