sexta-feira, 17 de agosto de 2007
Campeonato Mundial do Rock n' Roll: "Desculpa... em que lugar ficaram os Stones?"
Por: Tiago Pereira da Silva
Ganho, a cada dia que passa, mais "asco" e perdoem-me a expressão, por uma certa e determinada crítica, comentário que faz lembrar, eu sei, um tal de Ricardo Araújo Pereira. Bem, mas estava eu a dizer, exacto, fui confrontado hoje, por duas vezes, coincidentemente, ou não, por rankings de música. Já vou explicar melhor. Comprei a (ás vezes interessante) revista– Mojo, The Music Magazine. Com um destaque, absolutamente “ferino” à obra daqueles que, poderão muito bem ser considerados (a par dos The Who, digo eu), como a maior banda de Rock and Roll de todos os tempos – Esses mesmo que estão a pensar, The Rolling Stones. Bem mas já terei caído eu também nesta tentação?
Já vão perceber…
A revista, da especialidade, é feliz na abordagem, na pertinência das matérias, mas no entanto peca, no meu entender, por estabelecer uma espécie de Ranking das melhores 50 músicas dos Stones. Onde está a virtude do artigo, é também onde reside, aquando de uma análise mais cuidada, o seu problema. A abordagem é um veículo para entrarmos no universo das canções Stoneanas, mas não é de todo, despropositado empenharmo-nos numa subsequente reflexão. É conveniente dizer, antes da explicação, que, cada uma, foi escolhida e comentada por um músico famoso (exemplo: Brian Wilson, Chris Hilman, etc.
É evidente que a criação de, e vamos lhe chamar assim recorrendo a uma palavra da moda, uma “espécie de ranking”, torna o produto mais apetecível, no entanto e se é claro que existem músicas melhores que outras, com resultados finais mais felizes, também não mentimos se dissermos que essa apreciação, por mais que seja feita por especialistas, é no mínimo subjectiva. A obra de arte não se “classifica” e coloca-se num “ranking”, mas aprecia-se e estuda-se aprofundadamente. A obra de arte não se define, contempla-se.
Este jornalismo preguiçoso, como apelidou recentemente (se bem que por outras razões) Rodrigo Amarante de Los Hermanos é extensível também, penso eu, a esta organização e abordagem jornalística. No fundo, o que parece dar gozo a este tipo de críticos, é uma abordagem competitiva da música, criando um género de “torneios”, que torna a música como um produto mais apetecível. Eu, sabendo destas eternas listas de: “Melhores discos de sempre”, “melhor guitarrista de sempre”, “melhor música de sempre”, etc, tenho, muitas vezes, a tendência de cair neste tipo de apreciações. Daí considerá-las tão perigosas de simplistas e subjectivas, que são. Não será muito discutível, que existem músicas melhores que outras, discos mais apreciados e influentes que outros, mas será possível que, não poderemos apreciar igualmente obras como: The Beatles – Sgt. Peppers e Beach Boys – Pet Sounds sem atribuir um 1º e um 2º lugar. Isso não é, decididamente, o mais importante quando conversamos sobre música. E só para dar outro exemplo, que contra mim fala. Faço muitas vezes a seguinte apreciação: Para mim Jimi Hendrix é o músico anglo-saxónico mais influente dos anos 60, ou, Bob Dylan o maior escritor de canções de língua inglesa que o século XX viu nascer. Por mais que ambos sejam sobejamente apreciados, é muitíssimo subjectivo estabelecer essa classificação.
É verdade, resta dizer que esta é a mesma revista, que coloca como frase chave, na capa, completamente descontextualizado das afirmações de Keith (Richards dos Stones): - “Mick would be nowhere without me!”. Mais palavras para quê…
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