quarta-feira, 15 de agosto de 2007

O homem velho (II Parte)

Quando fores convidado a ouvires a história
E entenderes dos teus dois mil e um – perdão!
Criaste a cena-circo e mataste o menino ser…
Que alimentavas de quando a quando,
Com um pouquinho da tua verdade.
Quando surgiste, iniciaste em mim, o engenho
Com arte, não te limitaste a ligar o motor,
Mas a tece-lo, peça a peça.
A destruir pareces fascinado!
Iluminado que estavas da tua razão.
Mas esse fundamento matou-te,
Sempre um pouco.
Porque te impede de veres e enxergares os outros ,
Que como tu… são feitos
De efeitos que são,
De defeitos…Perdão!
Morreste um pouco eu sei,
Porque sou filho da tua magia,
Da que guardaste, pacientemente.
Queimaste e torturaste até ficar saciado.
Derramas todo o álcool no meu pranto,
Enxugas mágoas,
De um passado nunca perdido,
Mas nunca encontrado.
És convidado a ler…
E eu, a ouvir perdão!

Rodrigo Camelo

1 comentário:

Anónimo disse...

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

27/11/1930
Fernando Pessoa

Sublinho os terceiro e quarto versos...