terça-feira, 28 de agosto de 2007

Do alto dos teus sobrados


Teu solo-irmão da terra suja
Da bem velha, São Salvador da Bahia,
Baía de todas as fontes,
Entranha-se toda em mim,
Ó ser lusitano.
Tão indiferente esse teu mundo,
Aos que de ti fizeram, a musa prisioneira…
Transbordas de compaixão,
Pelas imensas praças,
De cores ligeiras e miseráveis,
De tantos azuis e tantos brancos,
De Um imenso reino amarelo-claro.

Os teus tupis-iorubás trazem-nos
Tudo à memória…
De uma África-Brasil, Ben Jor.
Dessas imensas africas,
Angola, Congo, Benguela
Prontas para ver,
Zumbi chegar.

Contigo estou, irmão…
Diante das grandes,
Colunas de Pedra,
Dos turísticos pelouros…
De uma efervescência cultural,
Banalizada ao ritmo dos que pagam
Onde outrora rolou o sangue,
De meus irmãos escravos,
Uma eterna sujeira de mãos claras,
Que não esqueces, nessa piedosa essência.

Os capitães e jubiabás da minha infância
Por ti esperaram adormecidos,
Bem como,
A tua natureza privada,
A tua mistura grotesca,
A sensual mistura de Alegria e Sexo,
Por tua beleza pura, de tão suja,
Que se vê clara.

Ao teor da mãe menininha,
Acrescentas, ao teu grei,
O mistério e a luz.
Enriqueceste o teu povo sedento,
As denuncias vermelhas,
Do teu mais que Amado rebento,
Searas mil e
Ásperos os tempos
Dos nossos imperadores, mas,
Dos teus templos e tua perpetua vontade…

Tiago Pereira da Silva

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