domingo, 25 de maio de 2008

Carta a Pedro de Almeida - sobre o IV filme da saga de Indiana Jones


Caro leitor Pedro Almeida,

Esta foi a melhor forma que encontrei (e digo única, porque até ver, esta reposta foi censurada) de responder ao seu comentário sobre a minha critica ao filme novo da saga de Indiana Jones no site de cinema http://www.cinema2000.pt/criticas.htm e sem querer que isto pareça uma reposta-confronto, devo confessar que apreciei a sua divergência e respeito muitíssimo a sua opinião, porém e permita-me o seguinte comentário, não poderia estar mais em desacordo.

Pegando nas suas palavras eu de facto não adorei cada minuto deste 4º filme da série.

Nem valeria a pena alongarmo-nos muito, quando o filme é para mim simplesmente um equívoco e para si um filme premiado de (bom). Mas já agora…
“Cate Blanchett é uma vilã formidável?” Pergunto-me se teremos visto a mesma versão.

Ela é sem dúvida uma actriz fantástica, mas este filme é até um bom exemplo de que de facto actores bons, por diversas razões que não passem só pela direcção de actores, podem estar particularmente infelizes num filme.

Na questão de mudança ou inversão do estatuto do vilão (enquanto conceito) e já agora a suposta paródia de Spielberg sobre a própria sociedade americana em plena Guerra Fria, Spielberg pode ter muitas qualidades, mas essa peço desculpa, não lhe reconheço. Em toda a sua filmografia talvez o tenha conseguido uma vez verdadeiramente. Justamente no seu filme mais odiado “1941 ano louco em Hollywood”.

Querer justificar o “ridículo” de algumas cenas é trabalho que normalmente compete ao realizador fazer... o que até é normal. Ele pegará sempre aqui e ali, e, justificará muitíssimo bem a intenção que quis sugerir ao público.

Eu, inspirado numa frase de uma amiga sobre Spielberg, dir-lhe-ia o seguinte: tornou-se no mais poderoso diamante de uma indústria cinematográfica que verá sempre o cinema como entretenimento e $$$$$$. Mas este, ainda por cima, é do mau.
Por outro lado também já não há paciência para essa obsessão do realizador, pela temática da família: Pais ausente, bla, bla

Sobre a questão politica, o seu comentário é muito elucidativo. Na minha optica, o filme não tem ideias politicas tem “factos políticos da época” - que é uma outra coisa. Não vá mais longe. A temática politica mesmo satirizada a maior parte do tempo (e insisto que não terá sido só o senhor a perceber) é tratada, do meu ponto de vista, de forma extremamente leviana e simplista. Sim… dentro do género - não esperava mais.

Para finalizar a sensação que fica é que Spielberg, com o passar dos anos, vai desprestigiando cada vez mais o cinema e o que ainda é mais curioso o seu próprio cinema.
Fica a deixa.

Felicidades e Bons Filmes.


Tiago Pereira da Silva

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