domingo, 25 de maio de 2008

De todas as Cores

Diz-me por favor,
Porque é que meu mundo é azul?
Porque foste um difícil começo a fácil?
E agora não se desfaz meu pranto.
O outro, com as mãos na janela,
Conta-me as histórias que hão de vir.
Esses cães vêm da porta
Do quarto onde guia fui de dia.
Essa mulher trouxe a angústia
Chegou ela preguiçosa
Mas em saldo.
Com as mãos cheias de terra
E de tanta insistência.
A água que sai de meu corpo
Já não reconhece a origem.
Canalizo as fontes do meu lamento
E vago com os retirantes
Quero me longe
Mais perto do que fui um dia.
Ensina-me esse caminho
De todas as raízes do mundo
Que abraça o ser gente abandonada
Os bestializados, os sem abrigo
De cor negra, vermelha e amarela.
Pega nessa minha pele que engana
E planta-a nessa terra,
De cor púrpura clara.
Torna-me verde no desejo
De encontrar tudo outra vez
A terra, o ar, o fogo…
Que este canto enlouquece de vez.


Rodrigo Camelo

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