domingo, 25 de maio de 2008

João Cabral de Mello Neto - Psicologia da Composição (1947)

Não a forma encontrada
como uma concha, perdida
nos frouxos areais
como cabelos;

não a forma obtida
em lance santo ou raro,
tiro nas lebres de vidro
do invisível;

mas a forma atingida
como a ponta do novelo
que a atenção, lenta,
aranha;

como o mais extremo
desse fio frágil, que se rompe
ao peso, sempre, das mãos
enormes. (...)

"O que João não queria era o derramamento sentimental,
O que ele tinha horror era o sentimentalismo e a espontaneidade
que fugia ao controlo dele"


Ferreira Gullar

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