quarta-feira, 2 de julho de 2008

Do alto dos teus Sobrados


Teu solo-irmão de terra suja
Da bem velha São Salvador
Baía de todas as fontes,
Entranha-se toda em mim.
Ó ser lusitano
Tão indiferente esse teu mundo,
Aos que de ti fizeram a musa prisioneira…
Transbordas de compaixão
Pelas imensas praças
De cores ligeiras e miseráveis,
De tantos azuis e tantos brancos,
De um imenso reino amarelo-claro.

Os teus tupis-iorubás trazem-nos
Tudo à memória…
De uma África-Brasil, Ben Jor.
Dessas imensas africas
Angola, Congo, Benguela
Prontas para ver,
Zumbi chegar.

Contigo estou irmão…
Diante das grandes
Colunas de Pedra,
Dos turísticos pelouros
De uma efervescência cultural
Banalizada ao ritmo dos que pagam
Onde outrora rolou o sangue
De meus irmãos escravos,
Uma eterna sujeira de mãos claras
Que não esqueces, nessa piedosa essência.

Os capitães e jubiabás da eterna infância
Por ti esperaram adormecidos,
Bem como
A tua natureza privada,
A tua mistura grotesca,
A sensual fusão de Alegria e Sexo
Por tua beleza pura, que de tão suja,
Se vê clara.

Ao teor da mãe menininha,
Acrescentas ao teu grei
O mistério e a luz.
Enriqueceste o teu povo sedento
Nas denuncias vermelhas
Do teu mais que Amado rebento
Searas mil e
Ásperos os tempos,
Dos nossos imperadores, mas,
Dos teus templos: A perpetua verdade.

Salvador da Baía


Rodrigo Camelo

1 comentário:

Anónimo disse...

Sem duvida um dos que ja estava escrito..
Quando se mergulha na profundidade de si próprio e do mundo que nos rodeia ganha-se a capacidade inesgotável de nos encantar..e eu como sempre fico agradecida...