domingo, 6 de julho de 2008

Poema Cego

Põe a dormir o simples
Aqui, uma lei natural persiste
Todos os sons, uma mais valia
No teu mundo cão que resiste

É escura essa dor!
E escura é também a minha,
Que não mede o singular
Desejo, de um ardor, terminar

Sofres com despretensiosismo
Assim te elevas na moral de tudo,
No estado purpuro da cor
E de toda a merda que for.

Neste mundo louco de cegos
Apresentas-te num outro nível.
Num claro estado d’ transe
Para alcançar o inaudível

E olho-te como se fosses - espelho
É que essa luz negra do medo,
Reflecte, a minha infâmia e cobardia.
Porque nunca me vês. Porque nunca é de dia.

Tuas mãos prolongam-se em poesia
Directa e forte, deliberada.
A que se dá de forma natural
Sob uma formula x - fraternal.

Esse é o prolongamento de teu corpo!
As mãos férteis dos mestres,
E vejo Paredes curvado
Sobre a sua guitarra de prestes,

Ou um Laginha de mãos de clave
Rola, rola, dócil, mil tons,
E de um pequeno sol de enclave
Que olha adiante e acena

Para um irmão de trono - Sassetti
Também eles, vendam, os olhos
Agitam “Meninas e Pianos”
E aconchegam teu espírito, por anos.

Rodrigo Camelo

Sem comentários: