segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Ditongando ao som de Jara


Destruíste o sol, nesse grito de água
De mãos arrancadas, por uma espécie.
Naquela luz de um céu-anil-réu.
Produziste para um milhão, o aconchego pai -
Cobertor de som azul - para todos os irmãos no fastio

Todos os que cantaram num estádio feito
De silêncio forçado e um grito ténue,
E ao som absurdo de um varapau
Na madrugada eterna de um só réu,
Sabem, que suas mortes produziram uma outra espécie.

E que nenhum Ugarte nos dê cãimbra,
Na emoção de um Setembro qualquer que vem.
Porque sei também que tocas com as mãos,
Tesouros, numa guitarra de Salvador no poder
E a rima de Pablo, a incessante luz de um pai.

Mas, todos sentem atraso nesse uivar
Num estádio Latino como o ilhéu,
Onde tudo começou e ainda dói!
Ou, na “Zamba del Che” como mãe:
Da unidade de povo, que põe,

Toda a gente a festejar com a saia
De uma língua vermelha de mãe,
Numa toada que Jara havia feito
E cujas mãos jamais comeram,
Aqueles, com toda a perícia no mau.


Rodrigo Camelo

Para: Víctor Jara.
Porque permaneces vivo!

1 comentário:

Anónimo disse...

Cantor de Intervenção...as suas palavras não morrem. As palavras são ideias, e as ideias são imortais..
Honras da melhor maneira a memória de quem não se resignou...
Como um dia alguem disse: Os Homens só morrem verdadeiramente no dia em que são esquecidos..e este jamais será..