terça-feira, 9 de setembro de 2008

Num Clarão

Confesso que não percebi logo!
Ainda hoje permaneço imóvel.
Porque sei que esse alguém
Que te empurrou, vivia dentro e móvel.
E sempre, sempre, perigoso
Aparelho insano de sexo preguiçoso.

Vejo, tudo, agora num clarão,
E vejo a clara lua de uma tarde
Que não tarda, faz a noite parecer tua.
E sei que não desprezaste o fim, cobarde,
No verão em que apagaste teu sonho
E teu viver, subindo para um astro medonho

Onde se vê ao longe o teu corpo magro,
Os ossos nus da face e cavos na pele.
Vejo também a tua altura que estreita
Os prédios da cidade, a génese de teu mel
Onde a loucura enterra o Deus
E abraça os que não dizem adeus.

Londres afagou-se num misto
De um Brasil de identidade duvidosa,
Ou “Paranás” com rosto de vitrina
Onde reina a quarta divida briosa.
A última, transformaste em dúvida
E as outras três, numa página húmida.

E rompe lençóis e armadilhas,
Vem fantasma, sem misticismo
Mas vem ensinar o lume do teu fim,
Recuperando desse eterno cismo.
E eu que estava ignorante da morte
Bebendo desse vinho, testando a sorte!

Rodrigo Camelo

1 comentário:

Anónimo disse...

my friend