segunda-feira, 29 de outubro de 2007

A Despercebida Origem do Outro

Eu sou outro
Artigo definido –
O outro.
Não, esse outro,
Noutro qualquer.
Aquele que se vê cego
Em si próprio.
O que tem, o gigantesco carisma.
O que sente e mente à saudade.
Um outro, sim,
Como esse outro sim,
Que é contrário de não,
Bem assente num prisma
Da insígnia de verão.

Sou neto,
Num outro livro descalço,
Que sem roupa
Mente ao Inverno.
A madrugada verte,
O vidente da vontade,
De ser gente diferente,
Para deixar descrito,
O acto da formação.
O outro lado do medo
De um anão entre as gentes,
Que vê e ouve por baixo,
Num ser eco, sem dentes
Por esse rio abaixo.

As ruas acordam,
Com o grito-silêncio,
Desse outro…
Que nasce em mim.
Que cabe e cresce de lado.
Esse sem voz no mundo,
Desse mundo sem nós,
Que não te auxilia no trato
E que culmina num - vós.
Todos, produtos
Dessa intrigante multiplicação,
De uma terra não escolhida,
Na promessa de uma equação.
Reina a origem, despercebida.

Tiago Pereira da Silva

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