Nesse rio,
Lanço-me, alerta!
Vejo o pavor de meu tio
Tenho a cabeça deserta
Lanço só meu corpo,
Lanço-me mais vezes,
Lanço me quase morto,
Lanço-me todas as vezes…
As piranhas que com gozo olham,
Jubilam, pelo ser gente-inoperância;
Do meu destino fatal, molham
E afogam, a nossa militância.
O Milton, contou–nos do Milagre
Dos peixes, um dia…
Eu quero fazer, do milagre
Da multiplicação, este dia.
As piranhas estão, para ficar!
Para baixo não olham, se der,
Não é assim, sua visão a vibrar,
Contra a agonia dos povos, sequer.
Erro já, de formação
Somos nós os culpados até,
Desta, tamanha, programação,
Que alimentámos com fé.
Eu encontro mais peixes,
Com eles ajudo, a reunir.
Fugimos todos à espreita
De um lugar seguro, dormir.
Quero ver meus pés,
Muito além, desse rio fundo.
Preciso mais de uns dez,
Desses peixes tigres do mundo…
As piranhas são zelosas,
Têm tudo preparado,
Suas propagandas maldosas,
Deixa-me seco e apertado.
Mas…
Faz do nosso ser seco, molhado.
Desse rio húmido, preciso,
Da urgência, Prestes, o mirrado
E dessa força, o que for preciso.
Junta-te a nós, voz de outros, mil
Vezes, duzentos desses, Camarada
Que Desse rio terrível senil,
Trago-te à tona, essa escumalha.
Rodrigo Camelo
sábado, 20 de outubro de 2007
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1 comentário:
bem...esse Rodrigo vai de bem a MELHOR...este está mesmo, mesmo bom! Tem uma sonoridade fabulosa!
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