quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

IGUAÇU - GRANDE ÁGUA


As Cataratas do Iguaçu, consideradas uma das maravilhas do mundo natural, encontram-se na enorme falha geológica nas fronteiras do Brasil e Argentina. Descobertas em 1542 pelo espanhol Alvar Nuñez que partiu em missão da ilha de Santa Catarina no Brasil e que deparou-se com um gigantesco espetáculo natural, até então só ao alcance dos olhos dos índios Guaranis.


“Poucas coisas no nosso mundo acontecem como estavam previstas” Esta frase do narrador do filme “A missão” parece ter uma dimensão alusiva ao tema do mesmo, pelo menos e no imediato, fica a noção de que a chegada dos portugueses e espanhóis ao novo mundo alterou para sempre a vida das civilizações indígenas que até então dominavam aquele continente (…).
Não é de todo, fácil explicar, pelo menos para mim, a sensação de se estar num lugar daqueles que estou em crer único no mundo. Ainda para mais quando o que vamos escrever é apenas e só, a recordação de um sentimento presente, mas por preencher. Como explicar? - Talvez se imaginarem um recipiente vazio possam ter uma ideia do que aqui, de forma tão pouco cuidada tento transmitir. Os contornos do recipiente foram marcados pela presença no local e pela sensação única de nascer algo novo em nós, (já dizia Damásio que a emoção nos conduz ao sentimento e não o contrário). Assim, olho para esse sentimento como o recipiente que perdeu toda a carga emotiva, que carece urgentemente de ser revisitada de quando em vez, para encher um pouquinho só. Mas a verdade é que só no exacto momento do deslumbramento físico, metafísico e emocional é que encontrei o tal recipiente do sentimento, tão bem guardado dentro mim, cheio. Sobre isso, o tal lugar único para mim, falar-vos-ei mais tarde.


Mas vamos ao filme de Roland Joffé, rodado no lado argentino na famosa ilha de San Martin, que conta com excelentes interpretações de grandes nomes como: Robert de Niro, Jeremy Irons (para mim o grande protagonista) e Liam Neeson. O filme tem o mérito de ajudar a compreender a história deste lugar fascinante, nos séculos XVII e VIII. Mas é talvez aqui que começa também o problema do mesmo. Com a pretensão de o converter numa história de Bons e Maus, o realizador com ajuda do seu argumentista peca, quanto a mim, por interpretar em vez de revelar, de formar vários juízos de valor em vez de situar no contexto extremamente complexo da época. A Missão retrata o período em que a ordem dos jesuítas caiu em desgraça em Espanha e Portugal, depois do vasto período de envagilização dos índios, em que eram contruídas missões, ou seja, entrepostos religiosos para onde eram levados os índios Guarani com o objectivo de converte-los em "seres humanos" enculturando-os com uma nova língua e religião. Com a intolerável e sanguinária determinação de fronteiras entre a Coroa Portuguesa e Espanhola, decidiu-se acabar com o projecto dos jesuítas onde os Índios estavam a "salvo", na medida em que a coroa espanhola cedeu à portuguesa aquele território. Luta e resistência foi a resposta dada pelos padres jesuítas e índios que se recusaram a abandonar as suas missões e enfrentaram a armada portuguesa - aliás convertidos neste filme nos maus da fita. O filme tem um final melo-dramatico em que se vê a determinação rudimentar dos Guarani frente á translocada força da pólvora dos portugueses. O filme é celebrizado pela espantosa banda sonora de Ennio Morricone, já diversas vezes considerada, uma das mais belas de sempre (Palavras para quê?). Embora possa ser considerado bem estruturado do principio ao fim, tenho para mim que é o cenário que faz com que este filme seja imperdível.

Iguaçu - Significa: Grande Água em linguagem Guarani

1 comentário:

flávia disse...

O filme é bom, a trilha sonora melhor ainda. Mas perfeito mesmo é conhecer essa maravilha de catarata, coisa inexplicável, onde as palavras faltam , é puro sentimento. Você sabe do que estou falando...
bjo tiga