sábado, 3 de fevereiro de 2007



Rio Ódio

O ódio carrega a arma suja
Como a bota de um soldado
Que chafurda na lama

Quero querer não ter
A imagem da guerra
Mas o disfarce de um gesto límpido
Que na memória seca e dura
Cria pontes sobre o rio ódio

Quem sabe o que é ver ?
Todos somos cegos
Perante a morte comum,
Que já não nos choca,
Que desceu ás ruas como
As gotas que caem do telhado
Que avisto com os meus olhos loucos

Lá fora o vento estremece a minha janela
E o frio inimaginável de um soldado em guerra
É agora meu
É aquele que cheira e sente só medo
Nem dor mais,
Sente apenas o coração que chora
Eu sou mais eu,
Porque o acompanho

O sangue das Mães que sós
Alimentam um sonho de paz
Famintam, gracejam, esquecem e pensam
Riem e não sabem mais porquê
Tudo perdeu sentido

No rio as lágrimas correm
E esperam a seca, porque
Não há mais lugar para a dor.


Por: Tiago Pereira da Silva

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