sexta-feira, 6 de julho de 2007

Maria Bethânia - Reconvexo

Reconvexo
(Caetano Veloso)

Int.:
Eu sou a chuva que lança a areia no Saara
Sobre os automóveis de Roma
Eu sou a sereia que dança, a destemida Iara
Água e folha da Amazônia
Eu sou a sombra da voz da matriarca da Roma Negra
Você não me pega, você nem chega a me ver
Meu som te cega, careta, quem é você?
Que não sentiu o suingue de Henri Salvador
Que não seguiu o Olodum balançando o Pelô
E que não riu com a risada de Andy Warhol
Que não, que não, e nem disse que não
Eu sou o preto norte-americano forte com um brinco de ouro na orelha
Eu sou a flor da primeira música,
A mais velha e mas nova espada e seu corte
Eu sou o cheiro dos livros desesperados, sou Gitá gogoya
Seu olho me olha, mas não me pode alcançar
Não tenho escolha, careta, vou descartar
Quem não rezou a novena de Dona Canô
Quem não seguiu o mendigo Joãozinho Beija-Flor
Quem não amou a elegância sutil de Bobô
Quem não é recôncavo e nem pode ser reconvexo


Mais uma vertiginosa viagem pelo interior do Brasil, navegando pelo mundo inteiro.. Caetano, nesta "bizarra" torrente de imagens, justapostas e contraditórias. Uma das grandes letras do mano Cetano, que assenta como uma luva na voz e imagem da irmã. Se não foi escrito para ela, anda lá próximo...
Tiago Pereira da Silva

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