segunda-feira, 9 de julho de 2007

O Bolero da minha infância


Por: Tiago Pereira da Silva

Arranca, de Bolero em Bolero,
Tudo o que para trás ficou.
Desprende-te da continuidade de Ravel e,
Percebe que a confusão é, também ela, clara.
Como a água que destila deste corpo suado,
Que afoga cada poro e a cada pólo.
Alavanca em alavanca, começas a desbravar caminho,
Para o universo ao teu redor.
Com a impetuosidade de uma vida,
Tentas abranger em ti,
A cada braço, a cada gesto,
O que está noutro plano,
O que está above you,
O que ainda não consegues enxergar.

Vês-te num labirinto de espelhos
Em que te encontras cerrado,
E neste espelho de imagens
Vasas de uma dor dilatante.
A orquestra é inteiramente tua,
Replicas-te em mil e uma vozes
Em cem mil corpos e questões,
Apêndices, tornam o teu imaginário razão,
A razão, do teu inteiro ser.
Fechas, por fim, a cópula.
De pétala em pétala e,
Não permites mais que do teu mundo,
Ouçamos esta voz transcendental.

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